23/10/2018

FELIZ 7 ANOS, PARADISE!



          Boa noite meninas, tudo bem com vocês?

Sei que é um pouco tarde e provavelmente vocês só vão ler isso amanhã, mas vim aqui para comemorar mais um ano com vocês. Hoje completa sete anos de um prejeto que nasceu de uma fuga da realidade e se tornou algo muito maior do que um simples blog de fanfics! Aqui compartilhei minha vida, minhas histórias e ganhei amigos que vou levar pra vida inteira. 

          É com o coração repleto de gratidão que digo... Muito obrigada! Agradeço vocês que me acompanharam e que não estão mais aqui. Agradeço também quem me conheceu desde 2012 e continua aqui até hoje! Todos marcaram muito minha vida e nunca vou me esquecer. Eu fico impressionada que algo na minha vida esteja durando tanto tempo e espero que continue sendo assim por mais um ano, ainda tenho muitas histórias para compartilhar. 

          Amo muito vocês!

20/10/2018

You are my destiny: Capítulo 5 - Never say never



❝Assim como as nuvens, meus olhos farão o mesmo e se você for embora, todo dia vai chover. ❞
— Bruno Mars


ALGUNS DIAS DEPOIS
FAZENDA THOMPSON, 05:20 

          Joseph estava sem fôlego, ele sorria tanto que suas bochechas estavam doendo e naquele momento ele se permitiu um pouco de felicidade. Os dias que passava ao lado da filha lhe proporcionava essa sensação gostosa no peito e ele não abria mão disso, nem mesmo com o caos acontecendo ao redor dele! Joy era de fato sua grande alegria e por isso carregava um nome que até podia ser pequeno, mas que possuía um significado enorme para ele e Sophie. Ter uma filha não foi planejado, mas ele aceitou esse presente e era grato todos os dias ela! A gargalhada da menina ecoava enquanto eles cavalgavam pelo vasto território verde da fazenda, ela amava cavalgar e Joe também, então não tinha motivos para os dois não fazerem isso juntos.

— Uou! — Joy puxou as rédeas do cavalo para que ele parasse e fez um carinho no animal.
— Já está cansada? — Joe perguntou ofegante ao parar ao lado dela e ela riu.
— Papai, nós paramos por sua causa. — Ele fez uma careta quando ouviu as palavras da filha e bebeu um pouco d' água no cantil que carregava pendurado no cinto. — Se não te conhecesse e eu conheço bem, diria que está cansado.
— Eu nunca estou cansado para o nosso final de semana.

— Esse lugar está impecável, mas não vi ninguém por aqui esses dias. Fez tudo sozinho?
— Talvez. — Joe não queria preocupa-la, mas ele nunca mentia para ela e por isso suspirou pesadamente. — Sim, eu fiz sozinho.
— Papai! — Joy o repreendeu e ele precisou conter a vontade de rir, pois lembrou-se do jeito "mandão" de Sophie. — Por isso você estava cheio de dores por esses dias?
— Meu amor, eu e seu avô cuidávamos desse lugar sozinhos antes mesmo que ele pudesse ter condição de pagar pessoas para trabalharem aqui. — Ele explicou. — Eu estou acostumado com esse ritmo de trabalho. Nunca é demais fazer algo por esse lugar! Tenho certeza de que papai ficaria orgulhoso. — Joy o observou por alguns instantes em silêncio e Joseph sabia que ela estava pensando em algo para falar, quanto mais demorava mais sério costumava ser o assunto em si.

— Papai, eu sei sobre Demetria e sei que ela estar de volta te deixou assim. — Demi sempre foi uma questão muito complicada em sua vida e por isso ele manteve ela "escondidinha" de Joy para evitar possíveis perguntas. As fotos que tinha dela, todas as recordações... tudo estava muito em enterrado! Com o passar dos anos ele nunca pensou que fosse precisar de nada aquilo, mas o destino claramente queria tudo de volta. — Qual é o seu problema com ela?
— Quem te falou sobre ela? — Joe perguntou.
— Mamãe.
— E o que sua mãe te contou?
— Que vocês conviveram como irmãos até ela ir embora sem dar explicações por causa de uma tentativa de suicídio. — Joy deu de ombros.
— Não tenho problema com ela, eu só... — Joseph apertou as rédeas do cavalo e suspirou. — Não acho justo que ela volte assim! Eu passei anos preocupado com ela, sofrendo de incertezas e nem um telefonema se quer recebi.

— O senhor já leu aquela carta?
— Ainda não.
— Não acha que deve ler?
— E a senhorita não faz muitas perguntas? — Joy revirou os olhos. — Eu vou ler quando estiver pronto para ler.

— Acho que está com medo de ler. — A garota disse sem medo de expor sua opinião.
— Joy.
— Eu não suporto vê-lo assim, papai. — Ela desabafou. — Você está estranho, triste, deprimido e tenho medo do que possa acontecer. O vovô foi uma grande perda para nós, mas precisamos enfrentar isso juntos... como uma família! Por favor, me prometa que vai se resolver com essa moça e que vamos voltar ao normal. — Joe ficou alguns instantes em silêncio, ele estava absorvendo o apelo da filha e pensando.
— Tudo bem. Eu prometo que vou me resolver com ela! — Joseph estendeu uma das mãos e Joy segurou forte, ela sorriu aliviada para ele. — Tudo por você, anjo.
— Obrigada, papai. — A garota tomou as rédeas do cavalo.

— Que tal uma corrida? — Joseph propôs para quebrar toda aquela tensão da conversa anterior. — Quem chegar por último vai ordenhar a vaca! O que acha?
— Eu adoro um desafio. — Joy deu de ombros.
— Um, dois e... Três! — Eles largaram juntos com seus cavalos e novamente Joe pode sentir seu coração aquecer.

          A corrida foi bastante acirrada, mas Joy conseguiu ganhar e Joseph precisou ir pegar leite. Ele já tinha costume, então foi uma tarefa rápida e logo Joe estava caminhando de volta para casa. Ao aproximar-se da casa, reconheceu o carro de Mike estacionado e sorriu quando avistou o amigo na varanda. Fazia um tempo desde sua última visita!

— Ei. — Joe sorriu.
— Precisa de ajuda?
— Não precisa, eu consigo carregar. — Ele deu um aceno de cabeça para o amigo e subiu os degraus. — Veio pelo leite? — Brincou.
— Melanie me fez trazê-la aqui alegando uma "emergência feminina". — Mike deu de ombros e ficou alguns instantes pensativo. — Se for algum garoto, eu juro por Deus que mato ele! — Joseph riu.
— Elas estão novas para garotos. — Ele deu uns tapinhas no ombro do amigo. — Venha, vamos entrar e conversar um pouco. Está com fome? Eu vou passar um cafézinho. — Mike assentiu e eles adentraram juntos na casa.

— Como estão as coisas por aqui?
— Estão boas, eu dei uma geral em tudo! Pequenos concertos e reparos, mas valeram cada esforço.
— Sim, mas não foi apenas "aqui" na casa que eu quis dizer. Como está lidando com as coisas por dentro? Faz um tempo que você não diz nada no grupo.
— As meninas estão agindo como se nada tivesse acontecido e pareço ser o único que não consegue, Mike. — Joe colocou o leite de lado e pegou um caneco para fazer o café. — Isso é cansativo demais! — Suspirou. — Eu não queria me importar e realmente não queria ligar para o fato de que minhas amigas me odeiam, mas me importo muito com elas.

— Já pensou em pedir desculpas?
— Eu estou oficialmente bloqueado nas redes sociais. — Ele deu de ombros.
— Isso não é desculpa. Você deve passar por cima do seu orgulho ou vai acabar perdendo elas! Eu sei que você não quer isso.
— Eu sei, só... estou tentando pensar numa maneira de fazer isso direito.
— A carta já é um começo. — O envelope continuava na mesa onde eles faziam as refeições e todo santo dia Joe olhava ela, mas não havia tido um pingo de coragem para abri-la.
— Você não é o primeiro que fala sobre ela hoje.
— Talvez seja coisa do destino. — Mike disse de forma dramática e Joe riu do amigo, ele conseguia alegra-lo mesmo em seus piores dias.
— Para de dizer besteira! — Joseph colocou o café na garrafa e pegou duas xícaras.

— Duas colheres de açúcar, por favor.
— Como quiser. — Ele serviu o café e pegou o potinho de açúcar. — Mike, posso te fazer uma pergunta?
— Claro.
— Durante esses dias, vocês já falaram com ela? — Mike o observou por alguns instantes e por ela, ele sabia que Joe falava de Demetria.
— Não, ainda estou dando um tempo para Camila. Zara esteve na nossa casa dois dias atrás e não gostei de como ela chegou soltando veneno por todos os lados! Nós discutimos, mas Camila não deixou que ela fosse embora sem um pedido de desculpas e nos resolvemos. — Ele revirou os olhos. — Minha filha ouviu ela dizendo que Demetria não passava de uma desesperada por atenção que cortou os pulsos! Não aceito que façam pouco caso de algo tão sério como suicídio.

— Acho que tenho uma parcela de culpa nisso. — Joe lhe entregou uma das xícaras e bebericou o café. — Ela tomou minhas dores pelo que aconteceu na leitura do testamento.
— Pode ser, mas ela tem questões pessoais com Demetria assim como todos aqui temos! Não se martirize por isso, está tudo bem agora. — Ele assentiu em silêncio e Mike lhe deu um tapinha camarada no ombro.


CASA DA DEMI, 06:00

          Em poucos dias muito havia mudado e Demetria estava acostumando-se ao novo rumo que sua vida estava tomando. Tanto que agora ela pensava no quartinho da pensão e como seu coração apertou ao estar lá pela última vez já que estava de "mudança" para sua mais nova casa! Talvez não tão nova assim. Ir para lá não foi uma decisão fácil de se tomar, ainda mais depois de dizer que não queria, mas Julie abriu-lhe os olhos. "É um direito seu." Ela disse. "Não pode abrir mão disso por causa do Joe." Demi havia concordado que não deveria abrir mão, mas não queria uma guerra com Joe e só acabou aceitando por não ter mesmo para onde ir. Ela não queria dar mais trabalho para Edna, sem contar as pessoas mais "necessitadas" que apareciam procurando um quarto e ela se sentia uma pessoa horrível por estar tomando o lugar de alguém. Estava na hora de abrir os braços e aceitar o destino! E foi isso que ela fez.

          Havia boas lembranças em cada canto da casa e naqueles dois dias que estava ali, era como se ela não estivesse sozinha. A bondade de Paul foi tanta que ele deixou aquela casa reformada e mobiliada, então não se preocuparia em arrumar dinheiro para isso. Mas ainda assim precisaria comprar comida e pagar as contas! O jornal estava jogado ao lado dela, nele havia anúncios de vagas e algumas estavam circuladas em vermelho por um marcador.

          "Acho que vou verificar esse salão de beleza que precisa de uma maquiadora." Demi pensou e levantou-se do chão, ela estava com calor. Ela caminhou descalça pelo chão gelado, subiu os degraus da escada rapidamente e foi até seu quarto. O quarto onde havia se instalado costumava ser de Joseph, eles dividiram por anos, então era dela também. Algo incrível nele era o armário embutido na parede! Demetria abriu as portas, analisou as roupas e depois de algum tempinho escolheu um vestido de alças. Enquanto vestia-se o telefone tocou e logo ela estava correndo pelo corredor para chegar ao final das escadas e atender.

— Alô. — Disse ofegante.
— Demi? — Era Niall.
— Oi Niall, tudo bem?
— Estou bem e você? Liguei para saber como esta indo na casa nova.
— Eu estou bem. — Demi encostou-se na parede e olhou através da janela, ela tinha uma vista e tanto do lago! Aquele lugar era maravilhoso. — Essa casa é maravilhosa! Estou me adaptando melhor do que pensei que adaptaria, então isso é bom.

— Fico feliz por você! — Ela sorriu. — Outro motivo pelo qual liguei e para saber se você vai fazer algo, estava pensando em fazermos algo juntos. Que tal?
— Eu estou indo procurar emprego, Ni.
— Se quiser posso te fazer companhia.
— Sério? Eu adoraria! — Demi sorriu, ela tinha muita sorte de ter seus amigos de volta.

— Estou perto, então fique pronta. O.k? Chego em alguns minutos.
— Tudo bem. Estou quase pronta! Até já. — Ela despediu-se e desligou.

          Quando Niall chegou, Demi já estava sentada nos degraus de madeira da escada. Foi impossível não sorrir ao vê-la colocando uma flor atrás da orelha! Ela novamente parecia uma típica garota da cidade pequena. Ele buzinou e a ruiva pareceu despertar, logo ela estava de pé caminhando na direção dele. O carro de Niall era um fusca antigo, ele amava carros antigos e Demetria teve um vislumbre dele adolescente falando sobre como teria um daqueles um dia!

— Boa tarde. — Demi o cumprimentou ao adentrar no carro e deu um beijo na bochecha dele.
— Boa tarde, flor. — Ela sorriu. — Você está muito bonita!
— Eu quero causar uma boa impressão. — Ela brincou.
— Ah, eu não tenho dúvidas de que você vai conseguir!
— Obrigada. — Demetria agradeceu colocando o cinto de segurança.

— Então, onde vamos? — Niall perguntou enquanto dirigia.
— Fica no centro, acho que você deve conhecer. — Ela disse o endereço e ele assentiu sorrindo. — É fácil conseguir emprego por aqui? Confesso que estou um pouco nervosa com isso.
— Relaxa, sempre tem um trampo para fazer por aqui. Você procura algo na sua área?
— Sim, mas caso precise mudar... eu mudo! — Ela riu baixo. — Eu realmente preciso arrumar algo.
— Você vai conseguir. Não vamos parar de rodar essa cidade até te contratarem! — Demi sorriu para ele e Niall retribuiu o sorriso com os olhos fixos na estrada.

— Você se importa de... — Ela apontou para o rádio.
— Claro que não! Pode ligar e... — Ele verificou o relógio. — Eles vão tocar minha música em breve. — O loiro sorriu animado.
— Sério? Que legal! Me avisa quando for sua. — Demi aumentou o volume da rádio local da cidade e curtiram as músicas que tocaram.

          A música de Niall embalou o caminho até eles chegarem no salão de beleza, Demi estava sem palavras e por algum motivo se identificou com aquela canção mais do que qualquer outra! Ela tirou o cinto de segurança, voltou-se para o amigo e sorriu.

— Eu amei sua música! Nunca pensou em tentar uma oportunidade na cidade grande?
— Já estive com alguns, poucos na verdade, caça talentos e todos me disseram que sou apenas mais do mesmo. — Ele deu de ombros. — É desanimador ouvir algo assim! Confesso que parte de mim também tem medo, sabe? Eu tenho algumas economias e meu canal no Youtube tem um bom retorno, então prefiro ficar por lá e não ser enganado por charlatões por ai. — Demi assentiu sentindo seu peito apertar, ela sabia bem como era ser enganada e não desejava aquilo para ninguém!
— Vou te esperar aqui, o.k.?
— O.k, eu já volto. — Ela lhe deu um beijo na bochecha que o fez corar e desceu do carro.

          Demetria olhou para os dois lados antes de atravessar e riu consigo mesma, era um hábito nova-iorquino difícil de largar! Ela chegou ao outro lado da rua, atravessou as portas de vidro do salão e para sua surpresa Ariana estava debruçada no balcão da recepção falando ao telefone. "Eu sou cabeleireira." Lembrou-se dela comentando sobre isso no almoço e sentiu-se envergonhada por não se lembrar disso antes! Demi sentia muita gratidão pelos amigos e por todos estarem ajudando-a bastante nesse período de transição, mas queria conquistar algo sem sentir que estava se aproveitando da bondade de alguém. "Céus, será que estou errada em pensar assim? Eu devo ser mesmo louca." Pensou consigo mesma e aproximou-se do balcão um pouco sem jeito.

— Oi amor. — Ela sorriu para Demi assim que desligou o telefone e fez questão de sair do pequeno espaço onde estava para abraça-la. — O que faz aqui? Confesso que estou surpresa.
— Niall me trouxe até aqui. Eu meio que... estou... procurando um emprego e vi o anúncio no jornal, mas não sabia que era seu salão.
— Você teria algum motivo para não querer trabalhar comigo? — A loira arqueou uma das sobrancelhas e depois sorriu. — Eu estou precisando de alguém em quem possa confiar e para ser bem sincera, estava mesmo pensando em te oferecer essa vaga. — Ariana deu de ombros. — Só estava esperando que você se instalasse na casa nova.
— Está falando sério?
— É claro que sim! — Ela tocou um dos ombros da amiga. — Você não está abusando da boa vontade de ninguém, o.k.? Nós já falamos sobre isso, então relaxa e aceita essa oportunidade.

— Ah, Ariana... eu... — Demi novamente foi abraçada pela amiga e uma lágrima escorreu por uma de suas bochechas, ela realmente esperava retribuir tudo aquilo que estavam fazendo por ela!
— Não me agradeça. Você merece! — Ariana partiu o abraço. — Você quer começar hoje? Posso te mostrar como tudo funciona por aqui e te apresentar para algumas pessoas.
— Sério? Ah... eu estou vestida adequadamente? — A pergunta fez Ariana rir e ela acabou rindo também.
— Você esta ótima, Demi.
— O.k, então acho que vou avisar o Niall.
— Acho que não vai precisar. — Ariana direcionou o olhar dela para um ponto específico e Demi virou-se de costas para encará-lo com uma das sobrancelhas arqueadas.

— Você sabia e não me falou nada?! — Ela disse num falso tom de irritação.
— O que posso dizer em minha defesa? — Brincou ele. — Eu sabia que você ia dizer que não precisava, então apenas fiz aquilo que era certo. — Os três ficaram em silêncio por alguns instantes, as pessoas olhavam curiosas para saber o que se passava e Demetria deu alguns passos na direção dele.
— Você é um anjo. — Ela o abraçou e Niall sorriu retribuindo o abraço. — Obrigada!
— Não me agradeça ainda, está me devendo uma. — Ele lhe deu um beijo na testa e partiu o abraço. — Preciso ir agora. Acho que ainda hoje gravo um novo cover! Bom trabalho pra vocês, meninas. — Niall sorriu e acenou antes de sair, elas acenaram de volta para ele.

— Acho que meu dia não tem como ficar melhor. — Demi comentou sorrindo e Ariana sorriu também.
— Nunca diga nunca, Demi.

****

          O dia de Demetria foi repleto de muito trabalho e ela sentiu-se tão satisfeita em fazer algo que tanto amava que nem percebeu o passar das horas. A noite chegou e com ela uma tempestade das bravas! Ariana estava levando Demi para casa, ela dirigia devagar e com atenção enquanto ouvia o entusiasmo da amiga na voz ao falar sobre o emprego. O percurso que levaria em média vinte minutos, levou quarenta e o relógio marcava dez horas!

— Obrigada pela carona. — Demi virou-se para Ariana e sorriu.
— Eu já não aguento mais ouvir seus agradecimentos. — Ariana disse em tom brincalhão e elas riram.
— Tudo bem, eu só... estou feliz e é bom estar assim. — Ela deu de ombros. — As coisas foram muito difíceis em diferentes situações e sentir como se tudo estivesse dando certo é muito reconfortante, então sou muito grata por tudo e todos.
— Eu sei que sim. Te amo muito! — Ariana lhe deu um abraço e Demi retribuiu sorrindo
— Também te amo. — Elas ficaram abraçadas por algum tempinho até Demi partir o abraço.

— Vejo você amanhã cedo?
— Sim, amanhã cedo.
— Boa noite. — Demetria preparou-se para abrir e porta do carro e tomar chuva! — Ah e dirija com cuidado.
— Não se preocupe, eu vou sim. — Ariana sorriu. — Tenha uma boa noite.
— Obrigada. — Ela riu e desceu do carro o mais rápido que pode.

          A chave já estava na mão e ela só precisava chegar até os degraus antes que se molhasse ainda mais, mas ela tomou um susto tão grande que ficou paralisada na metade do caminho! Havia um homem cabisbaixo sentado nos degraus, ela não conseguia ver o rosto e por isso ficou parada. O que deveria fazer? Esperar que ele atacasse ou atacar primeiro? Céus, ela deveria ter proteção para esse tipo de situação!

— Quem diabos é você? O que faz minha casa? — Quando ele ergueu o olhar para ela, Demi sentiu-se relaxar por ser um rosto conhecido mas ainda sim era intrigante vê-lo ali.
— Nós precisamos conversar. — Joseph disse e não havia o ódio que ele havia declarado por ela em sua voz, era apenas ele. Apenas a voz de Joe, mas ainda sim vulnerável.
— Tudo bem, vamos conversar. — Demi aproximou-se dele sentindo suas pernas tremerem por causa da chuva e o frio, mas também sentia-se nervosa pela presença dele.

CONTINUA...

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boa noite meninas, vocês acreditam em milagres?
esse capítulo veio de três tentativas diferentes de começo/meio/fim, então estou feliz por ter juntado os pedaços e feito ele. o que acharam? a continuação dele vai ser bastante detalhada e sim, vai ter o joseph lendo a carta do pai dele! #OTOMBOVEM
agradeço pelos comentários e principalmente por quem lembrou do meu aniversário, significou muito de verdade. amo vocês tesourinhos ❤
responderei todo mundo no próximo, o.k? hoje o dia foi longo e cansativo, mas não podia esperar mais para postar e cá estou. 
vejo vocês em breve
beijos


01/10/2018

You are my destiny: Capítulo 4 - Is destiny




❝Contanto que estejamos juntos, importa aonde vamos?❞
— Gabrielle Aplin



PENSÃO DA EDNA, 05:45

          Demetria pouco dormiu e acordou antes mesmo de ver os primeiros raios de sol brilharem no céu, ela havia tido uma noite e tanto! Estar de volta era complicado, muitas lembranças vinham em mente e ela sentia-se perturbada. Demi caminhou até o banheiro, encarrou o próprio reflexo no espelho e lavou o rosto para "despertar" de vez para um novo dia. Enquanto secava o rosto, pensava no que faria até o horário do almoço, ela teria bastante tempo livre! Depois de escovar os dentes e usar o banheiro, Demi arrumou sua cama e abriu um dos lados da janela. O ar puro da cidade era algo novo, mas havia um toque de familiaridade que aquecia seu coração e uma pequena parte dela já sentia-se confortável em estar ali. Ela afastou-se da janela, olhou para o criado mudo para verificar o relógio e avistou ali também o envelope de carta. Foi impossível não suspirar pesadamente! Demi o pegou, sentou-se na beirada da cama e abriu relendo-a por completo, dessa vez sem "pular" nenhum trecho.

[...] Joseph irá precisar de você. Ele irá fingir que não e te ignorar por um tempo, mas peço que seja paciente. Ele tem muito para te mostrar! Joe tem sido muito infeliz nos últimos três anos e só precisa se permitir um pouco, você é a única capaz de ajuda-lo com isso. Não desista, sei que ele não desistiu de você.

          Demi dobrou o papel de volta, secou algumas lágrimas e levantou-se pegando o casaco, estava na hora de fazer uma visita para Paul. Enquanto descia os degraus, ela pensava no motivo de ter omitido aquela parte e algo lhe dizia que havia feito o certo, Joe ficaria duas vezes mais irritado com ela caso ouvisse algo do tipo! Ele estava em negação, não podia julga-lo por isso, parte dela também estava e em duas situações completamente diferentes. Demetria conseguiu sair sem fazer alarde e sorriu fraco ao avistar um senhor abrindo sua banca de jornal, era possível ver mais algumas pessoas por ali abrindo seus comércios. "Talvez um lugar assim realmente me faça bem depois do que aconteceu em Nova York." Pensou enquanto caminhava. 

          Morar em cidade grande é o sonho de muitos que nascem em cidades pequenas por conta das infinitas possibilidades e oportunidades que ela pode te oferecer! Foi justamente nisso que Demi pensou ao sair da casa de sua mãe e ir para Nova York. Inicialmente ela não tinha como se manter, mas logo arrumou um emprego de recepcionista em um salão de beleza e foi lá que descobriu sua paixão pela maquiagem! O salário serviu para pagar bons cursos e depois de alguns anos ela já era muito conhecida por maquiar grandes artistas. Foi numa dessas viagens para maquiar uma atriz que Demi conheceu Guilherme. Na época ela acreditou ser algo do destino, mas agora sabia que ele provavelmente já havia premeditado tudo! Suas vítimas anteriores eram igualmente: Mulheres independentes que ganham consideravelmente bem e que confiam no parceiro para cuidar de seus bens. Ele era o tipo de homem prestativo que fazia tudo para ela e não é fácil encontrar alguém assim, então para Demi foi impossível não se apaixonar. A "sorte" de Demetria de acordo com os policiais foi que Guilherme conseguiu apenas levar o dinheiro de Demi sem deixar dívidas! As outras vítimas tiveram prejuízos duas vezes maiores. Podia ser um pensamento egoísta, mas ela não considerava ter um coração e uma vida sendo quebrados daquele jeito! Ela foi roubada e exposta como uma "mulher vulnerável". Sem contar o total de duas pessoas conhecidas que oferecem alguma ajuda, mas que foram claras em "não me procure mais" depois disso. Foi um dos piores dias da vida dela, mas a morte de Paul arrebatou todos os seus pensamentos e coração! Lidaria com um uma dor de cada vez.

CEMITERIO, 06:15

          Os primeiros raios de sol bateram contra o rosto de Demi quando ela chegou ao cemitério, foram cerca de quinze minutos de caminhada. Havia um senhor abrindo os portões e uma senhora abrindo sua banca de flores, ela sorriu para Demetria que retribuiu igualmente. As flores eram tão lindas! "Paul certamente gostaria de algumas." Pensou ela, mas não tinha dinheiro para comprá-las. Quando os portões foram abertos e o senhor lhe deu permissão para adentar, Demi deu um passo e logo sentiu uma mãozinha em seu cotovelo.

— Minha jovem, tome aqui algumas flores.
— Ah... eu... — Ela disse um pouco envergonhada. — Não posso pagar por elas, sinto muito.
— Quero que fique com elas. — Demi sentiu o nó se formar em sua garganta. — Agora vá, imagino que precise visitar alguém.
— Muito obrigada. — Ela sorriu em agradecimento e aceitou as flores, coincidentemente as favoritas de Paul. Girassóis!

          A atmosfera ali era tranquila e era possível sentir paz, diferente de outros cemitérios onde Demi esteve. O lugar era bem cuidado, o verde da grama e das arvores que o cercavam reforçava fortemente a ideia de um paraíso para aqueles que se foram e principalmente para quem vinha visita-los! Demi caminhou sendo acompanhada pelo vento e o barulho dos pássaros nas árvores, ela passava por uma enorme fileira de lápides na cor cinza. Não foi muito difícil encontrar Paul naquela imensidão toda, quase não havia lugar onde colocar as flores! Ele era um homem muito querido. Durante todo o caminho ela não havia pensado no que dizer e ao ajoelhar-se depositando as flores em um cantinho apertado, Demi se permitiu chorar um pouco.

— Eu sinto muito. — Disse baixinho. — Deveria ter vindo antes, eu... eu achei que um dia conseguiria voltar e te agradecer pessoalmente por tudo. Você foi o mais próximo de uma família que tive e não acredito que deixei meu medo me impedir de... — Ela soluçou e levou uma das mãos ao rosto. — Viver! — Demi encarrou aquela lápide de perto pela primeira vez e nunca algo pareceu tão cruel de aceitar, ele estava mesmo morto. — Eu sonhei com o dia em que você seria parte da minha vida de novo, mas isso não vai acontecer e dói muito ter que aceitar isso. Tinha muitas histórias para te contar, coisas das quais você certamente riria e me diria: "Ah criança, você ainda tem tanto para aprender. " Diria daquele jeitinho que só você sabia dizer e que... — Ela sorriu entre lágrimas. — Me fazia ter certeza de que tudo ficaria bem! — Ela fez uma pausa e suspirou. — Eu precisava tanto de você agora, pai. Você me trouxe de volta e tenho alguns amigos, mas o Joe me odeia. Ele me odeia e isso dói como pequenos cortes no meu coração! Você disse que ele precisa de mim, mas talvez seja eu que precise dele. — Demi lamentou-se e secou as lágrimas. — Você se foi e ele foi a única pessoa mais próxima que me restou para chamar de família. Eu não quero desistir, mas não sei se tenho força... — Ela encarrou os próprios pulsos e as tatuagens que fez para deixar um passado repleto de cicatrizes para trás. — Espero que um dia ele possa me perdoar pelo que aconteceu.

CASA DA ARIANA, 01:00

          Encontrar o endereço de Ariana não foi uma tarefa muito difícil, Demetria lembrava-se perfeitamente daquela rua e de como caminhava com ela por ali vendo as casas perfeitamente projetadas. Elas costumavam fazer planos de morarem juntas caso nenhuma delas se casasse e lembrar-se disso fez com que ela risse alto! Assim que avistou uma caixa de correio escrito "Ariana Grande" ela parou e abriu o portãozinho que dava acesso ao caminho pelo pequeno jardim. Demi caminhou observando cada detalhe, ela subiu os degraus da varanda e tocou a campainha. Era possível sentir o cheiro delicioso da comida e logo seu estômago roncou, ela não havia tomado café da manhã! Depois de sair do cemitério Demetria andou pela cidade para passar o tempo e colocar os pensamentos em ordem, ela estava um pouco nervosa com aquele jantar.

— Ei, você! — A porta foi aberta por um Niall alto e sorridente, Demi ficou paralisada olhando para ele.
— Niall. — Ela disse o nome dele com um pesar de muitos anos de saudade.
— Demi. — Aquele jeitinho dele de acolher e proteger fez com que ela chorasse antes mesmo de perceber que estava envolvida nos braços fortes dele. — Estou feliz que tenha voltado! O.k.?
—Sinto muito.
— Shh... tudo bem, nada mais importa agora. — Ele depositou um beijo na testa dela e partiu o abraço, mas manteve seu braço em volta dos ombros dela. — Vamos entrando. As meninas já chegaram e estão tagarelando sobre você na mesa! — Ela assentiu e adentrou com ele.

          A sala de refeições estava arrumada e enfeitada como se fosse uma festa, tanto que Demi arregalou os olhos ao adentrar lá. Havia até uma faixa de boas vindas! Ela limpou as lágrimas antes de erguer os olhos para as meninas e forçou um sorriso para que não reparassem tanto em seu rosto avermelhado.

— Ai está você! — Ariana levantou-se animada e correu para abraça-la, Niall recuou um passo para dar espaço para elas. — Tudo bem?
— Sim, eu... estava ansiosa por esse momento. E você? — Ariana sorriu.
— Apreensiva. — Ela deu de ombros. — Confesso que estava um pouco nervosa, tinha medo que você não viesse.
— Eu aceitei o convite, não aceitei? — Demi arqueou uma das sobrancelhas.

— Eu disse pra ela! —Kehlani aproximou-se e sorriu. — Mas quando essa baixinha põe algo na cabeça, ninguém consegue tirar.
— Acho que precisamos de mais vinho! —Hayley entregou uma taça nas mãos de Demi e sorriu. — Seja bem vinda.
— Obrigada. — Ela sorriu.

— Venha, sente-se. — Niall puxou uma cadeira para ela. — Eu não sei vocês, mas estou com fome e muito ansioso para batermos um papo! As madames poderiam se sentar? — Elas riram e Demi concordou sentam-se no lugar que haviam escolhido para ela.

          O cheiro da comida fez o estômago de Demetria roncar novamente enquanto Kehlani retirava as tampas e o alumínio da forma, Niall riu baixo ao lado dela. Ariana apareceu novamente na sala balançando alegremente uma garrafa de vinho e entregou para que Hayley abrisse com o saca-rolhas.

— Vocês beberam uma garrafa antes mesmo que eu chegasse? — Demi perguntou.
— A outra já estava pela metade. — Hayley deu de ombros.
— Faça as honras, Demi. — Ariana lhe entregou uma colher. — Fiz seu prato favorito. Bem, espero que ainda seja seu favorito... — Ela riu. — Faz tanto tempo!
— Continua sendo meu favorito. — Demi serviu-se de um pedaço generoso de lasanha e pegou um pouco de cada comidinha que ali tinha, ela estava faminta.

— Uau, alguém parece estar com muita fome. — Kehlani riu.
— Eu não tomei café da manhã e isso foi um erro. — Demi resmungou.
— Esteve tão ocupada assim? — Niall perguntou enquanto enchia uma taça de vinho.
— Fui visitar o Paul. — Eles ficaram em silêncio por alguns instantes. — Não tinha feito isso quando depois do enterro e senti que deveria ir lá, então eu fui.

— Sinto muito, Demi. — Niall tocou o ombro dela. Demi colocou sua mão por cima da dele, virou-se para olha-lo por alguns instantes e sorriu em resposta.
— Tudo bem, eu estou vivendo um dia de cada vez. — Ela recolheu sua mão delicadamente e deu a primeira garfada no prato. — Hm... delicioso!

— Ufa, aquele tutorial valeu de alguma coisa. — Ariana sentou-se e parecia realmente aliviada.
— Jura que foi o tutorial? — Kehlani perguntou em tom brincalhão.
— Sabe que não foi apenas isso. — Ariana lhe deu um tapinha no braço. — Você me ajudou muito! — Ambas sorriram.

— Então... — Niall pigarreou e deu um gole do vinho. — Acho que deveríamos colocar nossa amiga por dentro dos assuntos, certo?
— Vocês não precisam me contar nada que não queiram. O.k.? Eu voltei e não pretendo ir embora. — Lewisville era o lugar mais próximo que ela tinha de um lar agora.

— Eu começo! — Ariana disse animada após dar uma garfada em seu prato repleto de legumes e verduras.  — Acho que você vai ficar orgulhosa de saber que fui oradora da nossa turma na formatura. — Demi sorriu. — Eu fiz cursos na cidade vizinha e só não fui estudar fora por causa dos meus pais. Mamãe ficou doente e papai já não tinha um coração tão bom para aguentar tantas preocupações, então cuidei deles por um tempo. Acabou que abri o salão e fiquei por aqui mesmo, realmente sou muito boa no que faço! — Ariana sorria enquanto falava e isso aqueceu o coração de Demi, saber que eles eram felizes trazia paz ao seu coração.
— E seus pais?
— Eles moram no fim da rua. — Ari comentou. — Meu pai faltou me expulsar de casa! — Eles riram. — Depois que mamãe melhorou, ele me disse: "Vá e viva sua vida." Então decidi morar perto para ficar de olho neles, sou muito protetora e sim, isso é algo que não mudou em todos esses anos.
— Hm... e você tem namorado? — A loira riu de Demi, pois ela ficou corada ao fazer aquela pergunta.
— Terminei com um cara faz... — Ela fez uma careta.

— Um mês e cinco dias. — Kehlani respondeu. — O cara vai todo santo dia no pub choramingar o termino.

— Sinto muito, Ari. Não sabia...
— Não sinta, Demi. Eu estou ótima! Ele que se afogue nas lágrimas, machista de merda.
— Retiro as minhas palavras. — Eles riram.

— Somos nós? — Kehlani perguntou e sorriu. — Não tem como falarmos individualmente já que nossos caminhos só se encontraram por sua causa. — Demi assentiu sorrindo e deu um gole no vinho, ela havia apresentado Hayley para Kehlani.
— Claro que fomos teimosas e demoramos um tempo para ficarmos juntas, mas aconteceu. — Hayley deu de ombros e deu uma garfada no prato.
— Eu sou dona do melhor e único pub da cidade. Digamos que no inicio houve uma certa represaria, as pessoas aqui são bem tradicionais e não queriam uma lésbica comandando um negócio divertido, mas com o tempo acabaram se cansando de jogar pedras na minha porta. — Kehlani bebeu o vinho. Ela contava aquilo tranquilamente mas Demi imaginou que em algum momento aquilo doeu bastante! — O lugar é sempre cheio e me orgulho bastante de ter pessoas boas sempre por lá. Acontece de um encosto e outro aparecer? Acontece, mas tudo bem desde que não me dê trabalho.
— Fico feliz que tenha conseguido, Kehlani. — Demi sorriu.

— Você deveria ir lá qualquer dia desses, Demi. — Hayley disse animada. — Eu toco lá três vezes por semana. Sou Dj!
— Ah, pode apostar que eu vou sim. Amo música eletrônica!
— E só nos avisar, vou montar uma playlist especialmente pra você.
— Vocês não deveriam me mimar tanto. — Demetria riu baixo.

— Tudo bem, madames. Minha vez! — Niall pigarreou.
— Niall nem sempre é chato assim, mas parece que hoje ele está carente de atenção. — Ariana brincou e ele mostrou-lhe a língua.
— Eu sou cantor e youtuber também, posto covers na internet. Pode parecer pouco, mas já me abriu muitas portas e inclusive já lancei um single oficial! Tocam na rádio da cidade todos os dias.
— Sério? Isso é incrível, Niall! — Demi sorriu e ele retribuiu o sorriso.

— Nem acredito que temos um amigo famoso. — Hayley brincou.

— Você deve fazer sucesso por aqui.
— Só por aqui mesmo. — Ele resmungou baixo. — Ontem eu fui me apresentar na cidade vizinha e foi horrível! As pessoas mais faziam barulho e mexiam no celular do que apreciavam o show.
— Não fica assim. — Demi afagou-lhe as costas. — Tenho certeza de que será reconhecido um dia!
— Obrigado. — Ele sorriu e eles ficaram em silêncio por alguns instantes, pois havia chegado o momento de Demi falar sobre ela. O momento mais esperado por todos eles ali!

— Parece que chegou minha vez. — Demi disse com certo pesar e abandonou os talheres de lado, ela já havia "limpado" o prato de tamanha que era sua fome. — Acho justo começar pedindo desculpas, eu não fazia ideia de que meus atos poderiam afetar tanto assim todos vocês. — Todos assentiram, mas nada disseram e assim ela sentiu-se mais confortável para continuar. — O que fiz naquele dia não foi por causa de vocês, nenhum de vocês. O.k.? Foi uma situação familiar que me atingiu de forma muito bruta e eu não soube lidar. Minha mãe me criou sozinha, mas sempre tive curiosidade de saber sobre meu pai biológico e isso era um problema para ela. Por inúmeras vezes brigamos por isso e quando me tornei adolescente foi muito pior! Eu não me dava bem com os namorados que ela arrumava e não era por implicância, mas ela achava que sim e me culpava por sermos infelizes. Nessa época não tinha metade da maturidade que tenho hoje e por isso me culpava também, tanto que me sentia constantemente sozinha no mundo. Isso até virmos para cá, ela conheceu o Paul e... acho que essa parte todos vocês sabem, certo? Mesmo estando feliz aqui com todos vocês, nunca deixei de procurar o meu pai e acabou que descobri onde ele morava. — Demi fez uma pausa, bebeu um pouco de vinho e entrelaçou os dedos. — Eu fui atrás dele e descobri que ele tinha uma família, mas não foi só isso. Ainda assim bati na porta, ele me atendeu e disse que era filha dele. — Novamente ela parou e dessa vez encarrou o prato na mesa, contar aquilo ainda era muito difícil. — Ele me arrastou para fora da casa, me jogou na calçada e disse: "Fica longe de mim e da minha casa, vadiazinha. Acha que eu não sei o motivo de você estar aqui? Aposto que não é tão diferente assim da puta da sua mãe. Não vou te dar dinheiro algum! Vai embora. Eu não quero te ver nunca mais, nem te queria para começo de conversa e se sua mãe resolveu te ter, você é problema dela e não meu. Se eu sonhar que você esteve aqui de novo, juro que te mato!"

— Filho da puta! — Kehlani exclamou completamente indignada pela situação.
— Kehlani, fica calma. — Hayley segurou uma das mãos delas. — Deixe-a terminar. O.k.?

— Eu voltei arrasada para casa e não tive coragem de contar nada. — Demi sentiu os olhos arderem e permitiu que as lagrimas viessem, ela não guardava mais nenhum tipo de sentimento ruim dentro dela. — Aquilo me destruiu aos poucos por dentro e justamente naquela semana minha mãe teve uma briga boba com o Paul, ela me culpou. Disse que não estava sendo boa o suficiente para aquela família e que perderíamos tudo por minha causa! Por última ela disse: "Não sei onde estava com a minha cabeça quando resolvi ter você." Depois disso não vi mais motivos para viver. Meus pais deveriam me amar e não amavam, então quem mais me amaria? Eu pensava assim e por isso fiz aquilo. — Demi sentiu Niall passar o braço em volta de seus ombros e encostar sua cadeira na dela para abraça-la melhor. — Não me lembro de muito coisa, apenas da escuridão e do chão frio do banheiro. Quando acordei e me dei conta de que estava viva, foi uma sensação horrível! Minha mãe entrou no quarto gritando comigo e só não gritou mais por causa do Paul, ele me ouviu e em momento algum me julgou. Nós deveríamos ter voltado para casa e achei que voltaríamos, mas mamãe me levou embora. Ainda estava tentando processar tudo e por isso não protestei, ela me disse que não tinha o direito de estragar a vida das pessoas dessa forma e eu concordei. Em partes isso era verdade, imagino que tenha sido difícil para todos vocês e peço perdão por isso. — Ela secou as lágrimas e suspirou. — Fomos apenas eu e minha mãe durante alguns anos, mas nossa relação era muito tóxica. Percebi que enquanto estivesse ao lado dela não conseguiria viver em paz!  Por isso me esforcei, consegui um emprego e poucos meses depois fui morar em Nova York. — Demetria tomou um pouco de vinho. — Tenho mais, muito mais para contar, mas hoje atingi meu limite! Aconteceram coisas muito boas na minha vida, mas foram justamente as coisas ruins que me fizeram voltar.

— Eu sinto muito por tudo. — Ariana disse com a voz carregada de emoção. — Nós deveríamos ter feito alguma coisa!
— Está tudo bem, Ari. — Demi esticou seu braço e segurou uma das mãos dela. — Não havia muito para se fazer. Eu não contei nada e vocês não tinham como saber, então não se culpe por nada. O.k.?
— Não consigo acreditar que puderam ser tão cruéis com você. — Kehlani comentou tentando conter o ódio na voz. — Hoje em dia você lida bem com essa situação?
— Eu procurei ajuda psicológica e aos poucos pude aprender formas de lidar com essa rejeição. Tudo girou em torno de "Isso não é culpa minha". Demorou muito tempo até que isso entrasse na minha cabeça, mas entrou e depois tudo ficou mais simples.
— Você é durona, Demi. — Hayley sorriu entre lágrimas e ela retribuiu o sorriso, entendeu que ela quis dizer aquilo sobre sua força.

— Acho que você voltou, pois deveria voltar.
Isso é destino! — Demi riu baixo das palavras de Niall. — Nós somos sua família e quero que saiba que nunca vamos te abandonar. O.k.?
— Não faça isso. — Ela disse baixinho sentindo mais lágrimas escorrerem por suas bochechas. Niall estendeu um dos braços e logo as meninas vieram ao encontro deles num grande abraço grupal! Demi sentiu seu coração aquecido novamente e pela primeira vez desde que havia chegado na cidade, ela sentia-se verdadeiramente em casa.

FAZENDO THOMPSON, 20:30

          Joseph encarrou o próprio reflexo no espelho e sentiu-se um pouco desconfortável com sua aparência, ele aparentava estar doente. Sua pele estava mais pálida, havia alguns machucados espalhados pelo corpo e ele sentia que estava pelo menos uns cinco quilos mais magro! "Acho que não estou me cuidando direito." Pensou. Ele caminhou até o guarda-roupas, escolheu um pijama qualquer e cobriu seu corpo sentindo-se um pouco mais aliviado. Havia sido um dia cheio! Joe ainda não havia chamado de volta as pessoas que costumavam trabalhar por ali e cuidar da plantação de hortaliças, então ele passou o dia trabalhando. As marcas em seu corpo, os machucados... tudo isso era excesso de atividade física e por mais que sentisse dor ou cansaço, ele não conseguia parar. Ele não queria parar! Parar significava ter tempo para pensar e ele não queria pensar em nada, muito menos em alguém. Suspirou pesadamente ouvindo o celular apitar, havia milhares de mensagens e coisas que ele deveria ver! Joe encarrou o aparelho por alguns instantes e acabou por pega-lo para dar uma olhadinha em tantas notificações acumuladas que poluíam sua tela de bloqueio.

          Havia mensagens de todos os tipos, muitos ainda lamentavam pela morte de Paul e isso fazia seu coração doer! Ele respondeu todas de forma objetiva e gentil. Depois de tanto responder, sobraram algumas notificações do Instagram e Joe resolveu dar uma olhada no que seus amigos haviam postado ao longo do dia. E lá estava o motivo dele tanto se ocupar... Demetria! Joe sentiu algo arder dentro dele, talvez fosse raiva ou até mesmo ciúmes já que ela estava arrastando seus amigos para o lado dela.

— "O primeiro de muitos agora que você voltou." — Ele leu baixinho a legenda que Ariana escreveu e riu sem vontade. Todos sorriam abertamente na foto, menos ela. Demi parecia estar sem jeito, então deu apenas um meio sorriso tendo Niall abraçado de lado com ela. "Isso não vai durar muito tempo, vocês vão ver." Pensou ele e guardou o celular no criado mudo. Joe deitou-se na cama, encarrou o teto por alguns instantes e fechou os olhos desejando não ter visto aquela foto. Bem lá no fundo, ele só não queria perder mais ninguém!

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mil desculpas pela demora. 
as vezes os problemas são tantos que acaba afetando minha escrita, mas antes tarde do que nunca! o que vocês acharam? ele ficou menor do que eu imaginava, mas espero que tenham gostando.
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bjs e até o próximo