25/10/2019

Uma nota de despedida.

Olá meninas, tudo bem com vocês? Eu peço desculpa por estar sumida todo esse tempo, mas algumas coisas mudaram na minha vida e para ser bem sincera, acho que estou passando por uma fase de aceitação. Se algum dia alguém me dissesse que as minhas histórias deixariam de existir mesmo que por um certo período de tempo, eu provavelmente entraria em pânico e surtaria! Sempre tive o blog como um universo particular, um lugar seguro... e ficar sem ele, sem escrever, me assustava completamente. Acho que a escrita em si sempre me trouxe conforto e satisfação, coisas que em outros aspectos na minha vida eu não tinha. Então aconteceu isso, esse bloqueio e no começo estava convencida de que era apenas uma fase, algo que dentro de poucos dias passaria e seguiria escrevendo, mas não passou. Por mais que eu pensasse na história e quisesse transmitir algo, simplesmente não conseguia! Isso me deixou bastante frustrada e triste por incontáveis dias. Até que eu acabei percebendo uma coisa e vocês podem até achar bobagem, mas acho que esse foi o jeito da vida de dizer que era hora de crescer. Foram muitos anos de amor, dedicação e muitas histórias... boas e ruins, principalmente ruins! Tem muitos desabafos meus aqui e vocês me ajudaram tanto, tantas pessoas que mesmo tendo seus problemas deixaram comentários de apoio e força... não tenho palavras para agradecer e dizer o quanto isso me salvou nos dias mais sombrios. Muito obrigada por tudo, por todos os momentos de riso e choro, vocês foram as melhores leitoras que alguém poderia ter! No meu coração tem um lugarzinho que é só de vocês. Eu me despeço desse paraíso com muita gratidão e deixo claro que não desisti da escrita, apenas acredito que agora não seja meu momento. Acho que tenho uma longa jornada de autoconhecimento para percorrer e descobrir qual é o meu lugar nesse mundo. Enfim, desejo tudo de bom para cada uma e muito sucesso na vida! Amo vocês para todo sempre.


P.S: Eu não pretendo fechar o blog ou coisa parecida, então as histórias estarão aqui pra vocês. Ok? E se algum dia alguém quiser falar comigo estou no twitter @shumflower. Posso demorar um pouco para responder, mas sempre respondo! hehe Futuramente (algo que pode demorar ou não, nunca se sabe....) tenho planos de readaptar minhas fanfics para histórias com personagens originais no wattpad, então vou deixar meu user também que é @sweetliberty98 caso vocês tenham interesse. 


Com amor, Jéssica. ❤

28/06/2019

AVISO

Boa noite meninas, tudo bem? Eu não tenho certeza se ainda tem alguém por aqui, faz tanto tempo que não apareço que é estranho até pra mim, mas não podia mais adiar escrever algo para vocês. É chato e eu não gosto de postar mil e um avisos cada vez que acontece algo comigo, mas seria negligente da minha parte não dar pelo menos alguma explicação, né? Faz um mês que não consigo escrever algo que realmente faça algum sentido e isso me deixa muito triste. Acho que cheguei em um ponto onde minha vida está mudando e eu esperava por isso, mas sabe quando você espera algo por muito tempo e quando acontece parece que você não sente nada? Eu entrei em questionamento comigo mesma e senti um vazio tão grande... sem contar algo que aconteceu entre mim e uma "amiga" e nós nos afastamos, então está realmente muito difícil. Me pego pensando que eu tenho um sério problema de não conseguir manter as pessoas na minha vida e por mais que diga "não me importo com isso" eu me importo e tem dias que isso dói mais do que realmente deveria doer. Altos e baixos que já lidei tantas vezes e parece que não aprendi nada, sabe? Era agora o momento que eu precisava estar ocupando minha cabeça, tirando tudo isso de dentro de mim e escrevendo. Isso aqui é tudo que eu tenho, minha base segura está todinha aqui e não tá rolando, sabe? Eu sinto muito se vocês esperavam mais de mim ou da história, estou tentando fazer o meu melhor e vou postar algo assim que conseguir. O.k? Quero muito acreditar que em algum momento vou ter alguma luz e simplesmente voltar correndo para cá, então peço que vocês continuem torcendo por mim. Já deixo aqui meu agradecimento por serem tão pacientes comigo! Por enquanto é só, volto assim que puder. Beijos.

29/05/2019

You are my destiny: Capítulo 14 - Your secrets are mine



Luta por mim, desiste não e lembra do que eu disse, então "Amar é muito melhor que ter razão." Joga tua verdade toda na minha cara, mas antes de ir embora eu te impeço, para e me beija com raiva, me beija com raiva!
— Jão


DIA SEGUINTE
CASA DA DEMI, 10:00

      Demetria acordou graças aos raios solares que bateram contra seu rosto, ela chegou tão cansada na noite passada que acabou dormindo no sofá e para sua infelicidade as janelas não estavam cobertas pelas cortinas! Ela levantou-se meio dolorida, sentou-se no sofá e bocejou antes de finalmente se colocar em pé. Demi deixou seus olhos vagarem pela sala e só então percebeu a bagunça de folhas lá dentro! Ela assustou-se vendo as janelas abertas e pensou no pior, mas então lembrou-se da forte tempestade e imaginou que a força do vento havia causado todo aquele transtorno. Calçando os chinelos, ela andou pela casa para ver se mais alguma coisa havia entrado ali além das folhas e ao subir percebeu que seu quarto não havia sido uma exceção! Janelas abertas, folhas e objetos no chão. Demi colocou algumas coisas de volta no lugar e por último recolheu do chão um belo quadro decorativo que já estava no quarto quando ela se mudou. Ao tentar coloca-lo de volta no lugar, ela percebeu que o tijolinho que segurava o prego estava solto tanto que ao puxá-lo o tirou inteiro da parede! "O.k, isso é no mínimo estranho." Riu baixo consigo mesma e pegou a lanterna do celular para dar uma boa olhada naquele buraco. Para sua surpresa havia algo ali, ela esticou uma das mãos e conseguiu tirar de lá um pequeno caderno empoeirado. A curiosidade de Demetria fez com que qualquer resquício de sono fosse embora, ela piscou algumas vezes e focalizou o nome que estava na capa "Joseph Thompson" ela reconheceria o nome e a caligrafia em qualquer lugar. Deixando o celular de lado, Demi sentou-se na cama e folheou o caderno para ver do que se tratava. As folhas amareladas não impediram que seu conteúdo fosse lido e pela primeira vez em tantos anos, Demetria descobriu o segredo que Joe lutou para manter escondido.

"Hoje completa mais um ano que Demetria nos deixou e não gostaria de me sentir tão mal, mas é algo inevitável. Eu reli meus antigos diários na esperança de notar que estou me saindo melhor esse ano, mas não, parece que sinto ainda mais saudade e isso dói pra caramba! Eu fico imaginando uma vida em que Demetria Torres não tivesse cruzado meu caminho e quem sabe assim não teria me apaixonado por ela, mas ao contrário do alivio que imaginei que sentiria, me peguei sentindo um enorme vazio no peito. O espaço que ela ocupou e ainda ocupa no meu coração é dela e será assim para sempre! Eu só queria não me sentir sozinho; como se sem ela... eu não fosse eu, como se sem ela... eu não fosse ninguém e eu não quero ser ninguém. Nunca pensei que o amor fosse isso, necessidade. Sinto que preciso dela como o ar que eu respiro e desde que ela se foi sinto como se fosse sufocar, talvez isso seja tudo aquilo que deveria ter dito e não disse. Céus, como eu queria olha-la mais uma vez e dizer tudo que está gritando aqui dentro! Ah Demi, minha doce e amada Demi, eu daria tudo para ter mais uma chance de dizer o quanto eu te amo pra valer. Eu queria conseguir te odiar e talvez assim fosse mais fácil te esquecer, mas não sinto nada além de amor por ti. Nada além de amor! Acho que nunca chegará o dia em que sua falta se tornara mais fácil de superar e isso me mata por dentro dia após dia. Eu queria não estar vivo para sentir isso."

          Havia mais páginas e Demi leu todas elas apesar das lágrimas que dificultaram um pouco sua tarefa. A confirmação daquela especulação foi pior do que ela havia imaginado! Aquilo não era mais uma loucura aparentemente inventada por alguém, era real e envolvia a pessoa que ela mais amava e julgava conhecer nesse mundo. Como alguém podia esconder algo assim? Ele não podia ter feito isso. Podia? Demetria ainda chorava abraçada ao caderno quando teve uma verdadeira epifania e todos os seus pensamentos clarearam. Ela repassou inúmeros momentos desde sua chegava e uma coisa ou outra dita por cada um de seus amigos deixou claro de que eles sabiam disso. Todos eles sabiam dos sentimentos de Joseph por ela e não disseram nada! Como nenhum deles disse nada? Demi estremeceu pela frustração e raiva que sentiu por aquela situação toda estar acontecendo. Raiva de si mesma por não ter sido capaz de perceber que Joseph estava apaixonado, raiva por ele nunca ter lhe contado e raiva por nenhum de seus amigos terem dito uma única palavra sobre o assunto! Os sentimentos e toda aquela bagunça na cabeça não permitiu que Demi pensasse com clareza antes de sair de quarto com o diário em mãos e pegasse as chaves do carro. Ela saiu de casa rapidamente, entrou no veículo e lutou contra as próprias mãos tremulas na tentativa de ligar o carro! Quando conseguiu, pisou fundo no acelerador e partiu em busca de respostas.

CASA DA ARIANA, 10:45

          Ariana estava na cozinha cortando algumas frutas quando ouviu batidas desesperadas em sua porta! A loira assustou-se já que a casa estava cheia e mesmo assim o barulho sobressaiu as vozes. Ter os amigos juntos na noite anterior foi bastante agradável e ela resolveu convidá-los para tomar café da manhã, algo que faziam frequentemente, mas que com toda a confusão acabou por cair no esquecimento. Ela ainda aguardava o retorno de Demetria e Joseph, mas não poderia ser um deles agindo com tamanha violência... Podia? A porta foi aberta e uma Demetria completamente agitada entrou por ela falando sem pausa! Ariana fechou a porta atrás de si e fez um gesto para Demi na tentativa de fazê-la se acalmar.

— Ei, se continuar falando assim não vou conseguir entender nada! O que aconteceu?
— Todos estão aqui? Joseph, está aqui? — Ela perguntou apressada e logo saiu andando pela casa em busca dos amigos.
— Demi, espera! Onde você vai com essa pressa toda? — Ariana foi atrás dela. — Todos estão lá fora e...

          Havia uma mesa redonda disposta no quintal, todos estavam sentados ao redor dela comendo e bebendo enquanto conversavam e riam de algo que alguém dizia. Não demorou muito para Demetria encontra-los lá fora e a principio todos achavam que ela havia chegado para tomar café, isso até conseguirem vê-la de perto! Ariana veio logo atrás e parou pondo uma das mãos na barriga, ela havia praticamente corrido atrás de Demi pela casa e estava sem fôlego.

— Pelo amor de Deus! Você está bem? — Camila perguntou olhando de Demi para Ariana que deu de ombros confusa. — Aconteceu alguma coisa?
— Aconteceu sim e eu queria saber, quando alguém aqui ia me contar que Joseph é apaixonado por mim? — O choque inicial foi maior do que alguns ali acharam que ia ser e o silêncio deles deixou Demetria ainda mais nervosa. — Vocês sabiam! TODOS VOCÊS SABIAM E NÃO ME DISSERAM NADA?!
— Demi, nós não... — Hayley tentou argumentar e Demi fez um gesto para que ela parasse.
— Não podiam? — Ela riu amargamente. — Eu preferia ter descoberto por vocês do que ter isso praticamente revelado na minha cara por um estranho!

— Quem te contou? — Mike perguntou sem conseguir se conter.
— Jesse!
— E desde quando o Jesse sabe? — Kehlani perguntou confusa e Demi olhou para ela sentindo as lágrimas escorrerem de raiva.
— Desde quando ele passou tempo demais ao lado de Joseph para interpretar os sinais que eu nunca vi! — Novamente o silêncio. — MEU DEUS, EU SOU MESMO UMA IDIOTA! — Demi andou de um lado para o outro levando uma das mãos até a cabeça.

— Ainda bem que você sabe disso. — Zara respondeu e levantou-se de seu lugar.
— Zara! — Ariana repreendeu a amiga, mas ela pouco se importou.
— Contar ou não sobre isso, era uma escolha do Joseph e não nossa. Ele gosta de você desde que éramos crianças! Nós só descobrimos isso depois que você sumiu, comigo foi assim, não me lembro bem quanto aos outros, mas não é essa a questão. A questão aqui é que você parece ter se esquecido de que passou anos longe daqui e longe de cada um de nós, Demi. Sabemos que isso não foi escolha sua, mas somos amigos do Joe tanto quanto somos seus amigos e acompanhamos como foi difícil para ele seguir em frente sem você. Um amor desses não morre assim tão fácil e só quando você voltou que ficou claro que ele nunca deixou de gostar de você! A raiva que ele aparentemente sentia nem existia, acho que no fundo ele sentiu mais raiva de si mesmo por não te odiar do que por outra coisa. Vontade de contar foi o que não faltou, basta olhar para Kehlani e você vai perceber isso. Eu só quero que entenda uma coisa, não era escolha nossa! Nós queríamos que você estivesse ciente dos sentimentos dele, até eu te contaria, mas lealdade é algo sagrado e nunca faria isso sabendo que perderia o Joseph. Se a situação fosse o inverso... também faria o mesmo por você! Então, por favor, pare de agir desse jeito e vá falar com ele.
— Eu sei, eu sei disso e sinto muito por ter aparecido aqui assim, mas a verdade é que estou me odiando agora por não ter percebido. — Demi confessou após alguns instantes em silêncio. — Poderia ter evitado tanta dor. Eu o machuquei tanto, como ele ainda consegue gostar de mim?

— Sua reação é compreensível. — Niall aproximou-se e tocou o ombro de Demi sorrindo de forma doce. — Mas você não vai saber se continuar aqui parada. Vai? Vá falar com ele! Sabemos que você consegue, o.k?
— E pega leve com ele ou eu vou dar na sua cara! — Zara lhe deu um chacoalhão mais para "desperta-la" do que para ameaça-la e lhe deu um abraço.
— Você consegue. — Ariana disse ao pé do ouvido dela após juntar-se ao abraço. Cada um deles veio em silêncio e juntou-se também demostrando naquele gesto o que já não cabia em palavras! Apoio, amor e compreensão.

FAZENDA THOMPSON, 11:20

          Joseph estava trabalhando na plantação quando recebeu uma mensagem de Mike que fez seu coração apertar no peito e doer de uma forma como nunca havia doido antes. "Ela sabe." Aquelas duas palavras tiraram completamente sua paz! Quando Joe acordou naquela manhã após uma longa e tranquila noite de sono, ele não imaginou que enfrentaria uma situação que até dias atrás não estava em seus planos. Ele havia imaginado isso inúmeras vezes em um passado não muito distante, mas imaginar algo e estar prestes a viver isso são duas coisas completamente diferentes! O amigo não havia lhe dado detalhes e ele pouco teve coragem para perguntar, estava tão apreensivo que só pensou em voltar para casa o mais rápido possível e se preparar de alguma forma. Joseph atravessou o campo e chegou em casa em menos de dez minutos, ele retirou os sapatos antes de entrar e pendurou o chapéu suspirando pesadamente.

— Estava esperando por você. — A voz veio das escadas, mas mesmo assim Joe sobressaltou de susto e levou uma das mãos ao peito.
— Santo Deus! Você quase me matou de susto. — Ele não conseguia olha-la fixamente, então encarrou um ponto qualquer na mesma direção para não parecer indelicado. — Faz muito tempo que chegou?
— Você sabia que eu viria, não sabia? — Joe suspirou ao ouvir a voz dela embargada. A última coisa que ele queria era fazê-la chorar! — E ainda sim não consegue olhar para mim.

— Eu achei que teria tempo. — Joseph finalmente olhou para ela e viu Demi sentada nas escadas segurando algo que ele não conseguiu identificar. — Não queria que fosse assim, eu queria ter tido tempo para...
— Você quer me explicar isso? — Ela levantou-se e mostrou o caderno.
— Onde você o encontrou? — Ele perguntou espantado ao encarrar uma parte de seu passado bem ali diante dele.
— Ah, isso também era algo sobre o qual eu não deveria saber?
— Você fala como se eu tivesse tido escolha!
— E não teve? Todos sabiam, menos eu! Porque você nunca me contou?

— EU TINHA VERGONHA! — Joe admitiu aquilo pela primeira vez em voz alta e sentiu um nó se formar em sua garganta. — Você acha que foi fácil descobrir isso e aceitar? Nós éramos "IRMÃOS" todos achavam isso, nossos pais nos apresentaram assim e eu senti nojo de mim mesmo por ver você como algo além disso!
— Nós crescemos e em algum momento já tínhamos maturidade o suficiente para lidar com essa questão! Porque? Porque você não me contou?
— E o que isso teria mudado, Demi? Sinceramente, isso teria mudado alguma coisa?
— Eu não sei, talvez... eu... pudesse...

— Não, isso não teria mudado em nada e vou te dizer o motivo. Você sempre gostou de caras que não ligavam pra você! — Joe fez uma pausa e pôde ver raiva no modo como Demi olhava para ele. — Quantas vezes você deu bola para algum idiota e ele partiu seu coração? Não estou dizendo que isso é culpa sua, mas durante todo esse período estive ao seu lado e tentei demonstrar meus sentimentos. Eu posso não ter verbalizado, mas nunca faltou amor em minhas atitudes para com você! Sempre demonstrei que te amava e você não viu nada em mim, nada além de um irmão.
— E como você pode ter tanta certeza disso? VOCÊ NEM AO MENOS TENTOU ME DIZER! — Ela gritou de forma frustrada e jogou o caderno com força no chão.
— EU SÓ QUERIA QUE VOCÊ FOSSE FELIZ! — Ele gritou rompendo em lágrimas logo depois e mesmo assim não conseguia tirar os olhos dela.
— SEU IDIOTA! E COMO EU PODERIA SER FELIZ SEM VOCÊ?! — Demi aproximou-se o suficiente para bater contra o peito dele com as mãos descontando toda sua raiva.
— EU NÃO SEI! — Ele segurou as mãos dela e respirou fundo tentando pensar com clareza em uma forma de amenizar aquela situação. — Porque estamos gritando? Droga, eu não quero brigar com você.
— Tarde demais, nós já estamos brigando. — Demi puxou suas mãos de volta e virou-se de costas para ele.

— Demi, eu não queria perder você e se isso significava te ver com alguém que não fosse eu, estava tudo bem desde que pudesse ter você na minha vida!
— Você não me conta nada e ainda reclama dos idiotas com quem sai? Você é mesmo um estupido, Joe! — Ela virou-se para ele. — Você deveria ter me contado!
— Você não entende, né? Não importa quantas vezes eu tente explicar, você não me entende!
— Não... é você que não me entende! Nós éramos amigos, não tínhamos segredos e você escondeu um de mim achando que eu não teria maturidade o suficiente para lidar com ele.
— Não é uma questão de maturidade, Demetria.

— Eu beijei você uma vez na festa de natal da Kehlani. — Joseph arregalou os olhos surpreso. — O mais engraçado disso tudo é que eu nunca me esqueci desse dia, enquanto você apagou e até esse momento não sabia de nada! Quer saber de algo mais engraçado ainda? Eu gostei do maldito beijo, mas você ficou tão paranoico sobre ter feito algo comigo que acabei não dizendo nada.
— Demetria, eu não...
— Eu ouvi você dizendo que me amava enquanto estava morrendo naquele maldito chão! Como ainda pensou se contaria ou não que me ama quando voltei para cá? Você ia mesmo me deixar ficar com o Jesse?
— Você gosta dele e não de mim!
— Como você pode ter tanta certeza?
— É com ele que você está!
— Ele terminou comigo e foi por sua causa! Eu precisei ouvir da boca de outro homem que você me ama, Joseph. E eu não quis acreditar, achei que ele estava inventando uma maneira de se livrar de mim, mas acabei pensando mais do que deveria no assunto e comecei a ligar os pontos. Eu senti medo, tanto medo dos meus próprias pensamentos e de como comecei a pensar em você!
— Você pensa em mim da mesma maneira que penso em você?
— Isso não faz diferença! — Demi caminhou em direção a porta, mas Joe lhe segurou pelo braço.
— Como não? Você acabou de dizer que...

— Eu não disse nada demais e se quer saber de uma coisa, acho que não merecemos isso. — Ela disse olhando para ele, seus olhos repletos de lágrimas que escorriam silenciosamente pelas bochechas.
— Isso?
— Um ao outro!
— E como pode ter tanta certeza sendo que nunca teve um relacionamento de verdade? — Ela soltou o braço do aperto dele e sorriu triste.
— Não é preciso ter um relacionamento de verdade para saber que duas pessoas que se amam verdadeiramente lutam uma pela outra. Olhe só para nós, fugimos um do outro e por medo não confessamos o que sentíamos! Não merecemos e você sabe disso só está com medo de admitir. — Demetria não precisou pedir para ele soltar seu braço, Joe fez isso e não impediu que ela fosse embora.

          Joseph permaneceu ali parado encarrando o vazio que ela deixou ao sair e não deixou de pensar na conversa que tiveram, talvez ela estivesse certa. "Se eu tivesse contado antes, tudo poderia ter sido diferente." Pensou consigo mesmo e sentiu as lágrimas escorrerem livremente por suas bochechas. Ele refletiu consigo mesmo e concluiu que foi um erro não lutar por ela no passado, mas não cometeria o mesmo erro deixando-a ir embora mais uma vez! Joe abriu a porta pronto para correr atrás dela, mas para sua surpresa Demetria estava ali do outro lado como se estivesse encarrando o vazio assim como ele.

— Você não foi embora. — Demi não disse nada, ela apenas o empurrou para dentro e tendo as mãos agarradas na camisa dele o puxou para si. A proximidade entre eles foi o suficiente para que seus lábios se reencontrassem depois de tantos anos e ao contrário de como foi da primeira vez... esse beijo foi voraz! Ela estava com raiva, mas não pareceu certo ir embora e quando ele abriu aquela porta, Demetria não conteve o impulso que tomou conta de si. Joseph levou alguns segundos para processar o que estava acontecendo, ele achou que ela lhe daria um tapa na cara ou diria mais alguma coisa que o quebrasse por inteiro, mas agora ela estava ali e parecia querer juntar todos os pedaços. Eles cambalearam juntos em busca de um ponto de apoio, esbarraram em alguns móveis até Joseph esbarrar na mesa da sala de refeições e foi ali mesmo que ele a colocou sentada. As mãos de Demi exploravam seu corpo por debaixo da camisa e ele sentiu deliciosos arrepios que o fizeram sorrir brevemente durante o beijo. Quando o ar faltou aos dois, eles se separaram brevemente e ofegaram enquanto se encarravam; suas mãos ainda estavam no corpo um do outro.

— O que estamos fazendo? — Ela perguntou após recuperar o folego.
— Shhh.... — Joe colocou o dedo indicador sobre os lábios dela e no silêncio que se seguiu aproveitou para beija-la mais calmamente dessa vez, Demi não apresentou resistência. Enquanto sentia o coração bater acelerado no peito só conseguia pensar em como podia ter recebido um beijo dela e se esquecido! Maldito seja o álcool.
— Joseph. — Ela disse baixo e soltou um suspiro quando ele beijou o canto de sua boca, bochecha e seguiu descendo até o pescoço.
— Fica comigo. — Ele disse ao pé de seu ouvido. — Eu sei que cometi muitos erros com você e peço perdão por isso, prometo que não vai se repetir. — Joseph afastou-se o suficiente para olha-la nos olhos e acariciar uma de suas bochechas com o polegar, ela parecia estar "flutuando" enquanto ouvia suas palavras.

— Papai, chegamos! — A voz de Joy ecoou pela casa e Joe ajudou Demetria a descer da mesa antes que ela os flagrasse. — Papai está em casa? — Joe olhou para Demi e ela sorriu fraco limpando um pouco de batom que havia nos cantos de sua boca.
— É melhor responder.
— Eu quero uma resposta sua. — Ele segurou uma das mãos dela e aqueles olhos esperançosos deixaram Demi ainda mais balançada! "Fica comigo..." essa frase ecoava em sua mente.
— Joseph, eu...

— Ai está o senhor e... ah, oi Demi! — A garota sorriu e ficou alguns instantes observando os dois meio amassados, ela ficou boquiaberta ao deduzir o que havia acontecido.
— Oi filha. — Joe disse um pouco envergonhado.
— Oi Joy. — Demi sorriu fraco sentindo as bochechas queimarem.
— Eu vou colocar as compras na cozinha, o.k? Finjam que não estou aqui. — Ela deu uma piscadinha para eles e saiu.

— Me desculpe por isso, eu deveria ter avisado que elas estavam para chegar.
— Tudo bem, eu preciso mesmo ir embora. — Ela tocou o rosto dele. — Joseph, eu preciso processar o que aconteceu aqui. O.k? Mas não pense que vou fugir de você, eu não tenho intenção de fazer isso.
— Tudo bem, eu vou estar esperando até você esteja pronta. — Ele respondeu após alguns instantes em silêncio e ela sorriu para ele.
— Obrigada. — Demi lhe deu um beijo na bochecha e o olhou fixamente por alguns instantes antes de sair.

          Demetria sentiu o coração apertar no peito enquanto afastava-se da fazenda, mas aquela era sua parte racional lhe dizendo que ela precisava respirar um pouco antes de mergulhar fundo! O mais confuso disso é que Demi queria. O gosto dos lábios dele ainda estavam nos seus, ela passou uma das mãos pelos cabelos e lembrou-se de como uma das mãos dele apertou ali quando ele finalmente reagiu ao beijo! A pele macia dele, o modo como os músculos se contrairão ao seu toque... mais um pouco e ela conseguia imaginar onde eles iriam parar. "O.k, você precisa de acalmar." Pensou consigo mesma enquanto dirigia para longe do lugar. O silêncio em algum momento lhe causou incomodo e ela já estava ficando angustiada por deixá-lo sozinho, então acabou por ligar o rádio e deixou que a música lhe confortasse pelo restante do caminho. Demetria não sabia exatamente para onde estava indo, mas em algum momento ela parou o carro e encarrou a casa de Jesse do outro lado da rua. Demi desceu do veículo, atravessou a rua e no exato momento que passou pelo portão, Jesse abriu a porta de casa segurando uma das alças da grande mala que havia feito.

— Oi. — Ele disse ao ser encarrado.
— Eu não sei o que estou fazendo aqui. — Demi confessou tentando entender as próprias razões de estar ali e falar com ele.
— Tudo bem, eu queria mesmo te ver e não sabia se isso seria possível. — Ele confessou surpreso.
— Você estava certo sobre o Joe. — Ela sorriu fraco. — Acho que te devo desculpas por todo transtorno daquela noite.
— Não, você não me deve desculpas. Eu fui levado pela emoção e foi errado da minha parte jogar tudo aquilo sobre você e ainda por cima insinuar que você sabia! Sinto muito se te magoei de alguma forma, eu realmente queria ter colocado tudo aquilo numa situação que não fosse gerar tanto transtorno, mas é que... você tinha que saber.

— O que me deixou nervosa foi o fato de já estar tendo algumas suspeitas e acho que fiquei com raiva de não ter percebido antes.
— Você falou com ele? — Demi o encarrou com uma expressão difícil de ser lida e Jesse repreendeu mentalmente a si mesmo por ser tão intrometido! — Não que seja da minha conta, mas você está de um jeito... acho que nunca te vi assim antes.
— Eu o confrontei depois de descobrir tudo por mim mesma e foi... intenso! Pedi um tempo para processar, mas tem uma parte de mim que não queria ter ido embora. Entende? Queria simplesmente ter ficado ali com ele. — Jesse sorriu para ela de forma gentil. — O que eu devo fazer?
— Vá para casa, descanse e se dê uma chance. O.k? Eu sei que as coisas vão estar em seu devido lugar em algum momento.
— Obrigada. — Ela agradeceu após alguns instantes. — Você foi sempre tão bom comigo, eu realmente te desejo o melhor!
— Eu sou grato pelo tempo que passamos juntos e também te desejo o melhor. — Demi lhe deu um abraço breve, ela sabia que ele provavelmente estava indo embora e por odiar despedidas, não prolongou-se tanto. Após aquela despedida silenciosa, Demetria fez seu caminho de volta ao carro e foi para casa. Durante o caminho ela refletiu sua ida até lá e sentiu o coração mais leve por não ter deixado as coisas terminarem de forma conturbada entre eles, Demi era o tipo de pessoa que não gostava de colecionar dentro de si magoa dos outros e por esse motivo aquele momento havia sido importante.

****

          O dia agitado e repleto de emoções passou rápido e antes mesmo que Joseph desse conta já era noite. Depois que Demi foi embora, Joe recolheu o caderno para si e o queimou sem ler uma única página; lembrar-se de como sentia-se naquela época era a última coisa que ele queria! Ele passou boa parte do tempo quieto, trabalhando ou se ocupando para não acabar pensando muito no que tinha acontecido, mas claro que foi em vão. Demi esteve em seus pensamentos e quem dera que fosse só ali... havia um pouco dela por toda parte! O cheiro do perfume dela estava impregnado em sua camisa, tanto que ele não resistiu e a cheirou após o banho. "Será que finalmente terei minha chance?" Pensou consigo mesmo.

— Papai. — Joy o chamou, mas não aguardou pela resposta e adentrou no quarto. Joe já vestia seu pijama, ele estava sentado na cama e virou-se sorrindo fraco para a filha, ela estava apertando os próprios dedos de forma apreensiva e pensava em como puxar conversa sem ser intrometida. — Posso me sentar com o senhor?
— Claro! Venha aqui. — Ele bateu no lugar vago ao seu lado e logo Joy estava ali sentada ao seu lado.
— Tudo bem?
— Eu estou legal, filha.
— Nós sabemos que isso não é verdade. Fala comigo, eu estou preocupada e sei que é por causa da Demi, o.k?

— Você se lembra de quando te contei sobre meus diários? — Joy assentiu, ela sabia que em algum momento o pai havia enfrentado um período difícil e precisou de acompanhamento psicológico. — Eu não sei como, mas Demi encontrou um deles na casa em que moramos durante nossa adolescência e por isso ela estava aqui, nele estava escrito explicitamente sobre meus sentimentos por ela.
— Achei que havia queimado todos.
— Eu também, mas estava enganado e para ser bem sincero com você, não era assim que imaginava que um dia ela descobriria. Queria ter contado, entende? Acho que assim ela não teria ficado com tanta raiva.
— Ela ficou com raiva?
— Irada!
— Pelo jeito que vi vocês dois, ela não me parecia estar com raiva. — A garota lhe deu uma cotovelada de leve e riu ao referir o beijo.

— Foi um ato impulsivo. Pelo amor de Deus, não pense que estou reclamando do beijo, mas a parte insegura que tenho me diz que as coisas não estão 100% resolvidas tá bom? Eu tenho medo de perdê-la outra vez e dessa vez vai ser por minha culpa.
— Você assim todo apaixonadinho é tão fofo. — Joy apertou-lhe uma das bochechas e Joe sorriu fraco pelo gesto, falar com ela era algo tão fácil. — Mas entendo sua insegurança, o senhor esperou muito por isso e quando finalmente tomou coragem para falar, ela acabou descobrindo. Eu não posso falar muito, ainda não me apaixonei por ninguém, mas pelo que aprendi sobre o amor... se for para ser seu, vai ser e ninguém vai te tirar isso, nem mesmo um erro do passado.

— Isso se parece muito com algo que seu avô diria. — Joe segurou uma das mãos da filhas e sorriu triste, Paul fazia ainda mais falta em momentos assim. Ele sempre tinha uma palavra de conforto e concelhos que na maioria das vezes ajudava bastante, mas agora Joseph precisava se virar sem tê-lo ali.
— Eu imagino que vocês juntos o deixariam muito feliz.
— Papai costumava me dizer coisas que quando paro para pensar, parece até que ele sabia que em algum momento tudo isso aconteceria ou pelo menos, ele esperava que acontecesse.
— Acho que ele era mais sábio que todos nós.
— Sim, não tenho dúvida disso. — Joy assentiu e acabou bocejando, ela estava cansada.

— Acho melhor eu ir dormir.
— Tia Julie já foi?
— Acho que sim, pai. Ela comentou comigo que provavelmente vai embora amanhã, mas que não faria isso antes de vocês conversarem e tudo mais.
— O.k, obrigado por me avisar e também por ter essa conversa comigo.
— Não precisa me agradecer.
— Você é minha melhor amiga, sabia? — Ele brincou e abraçou a filha dando vários beijos em sua bochecha.
— Papai! Papai que isso? — Ela riu. — Seu bobo!
— Eu te amo e espero que você nunca cresça. — Disse dramaticamente fazendo-a rir novamente.
— Eu também te amo, mas não posso prometer nada quanto ao meu crescimento. — Joy deu de ombros e lhe deu um beijo na bochecha antes de levantar. — Boa noite. Tente dormir um pouco, o.k?
— Eu vou dormir bastante, estou completamente esgotado! — Joe suspirou. — Boa noite. — A garota sorriu e olhando uma última vez para ele, saiu do quarto apagando as luzes.

BOSTON, 23:45

          Sophie estava sentada em um dos bancos da rodoviária esperando pelo ônibus, ela sentia-se cansada e ao mesmo tempo agraciada já que quem lhe acompanhou até lá foi um novo amigo de seu pai. Richard lhe foi apresentado logo que chegou na casa dos pais, ele era o novo vizinho e ao que tudo indicava, o novo "favorito" de seu pai já que ele fizera questão de que eles conversassem e se entendessem melhor. Seus pais sempre tentavam lhe apresentar alguém e esse era um dos motivos pelos quais ela não os visitava com tanta frequência, mas dessa vez ela não se chateou tanto. Diferente dos outros partidos, Richard possuía uma beleza digna de ser admirada, conversava bem e não parecia ter intenção alguma de estar ali apenas para paquera-la; algo que fez com que Sophie gostasse bastante dele. Em dois dias de conversa e flertes, eles jantaram juntos e acabou por rolar um clima! Clima esse que foi interrompido por um telefonema perturbador de Joy implorando para que ela voltasse. Sophie sentiu um enorme peso na consciência quando falou com a filha, ela estava seminua na cama de Richard quando atendeu aquele telefonema e aquela situação a fez repensar em como precisava ser cuidadosa com os homens com quem se envolvia. Ela era mulher, mas acima de tudo uma mãe e se ela se envolvesse com alguém "perigoso" estaria colocando sua filha em perigo também! Ela foi embora logo depois da ligação e até pensou que Richard não fosse querer vê-la tão cedo pelo ocorrido, mas ele pareceu não ligar muito e até preocupou-se com ela. Claro que graças aos seus pais, ele soube de sua partida e não hesitou ao oferecer-se para leva-la na rodoviária já que Sr. e Sra. Turner tinham um evento para ir.

— Eu queria ter mais tempo com você. — Ele comentou quebrando o silêncio em que estavam fazia cerca de alguns minutos.
— Eu também, mas minha filha precisa de mim.
— Ela se parece muito com você. — Richard sorriu e Sophie arqueou uma das sobrancelhas. — Seu pai fez questão de mostrar fotos da família, mas eu não o julgo. Se tivesse uma família tão bonita quanto a de vocês, não hesitaria em exibi-la para todos!
— Você não tem família?
— Acho que sou um homem com problemas de abandono. — Brincou.

— Talvez o seu problema seja se entregar rápido demais.
— Você acha que estávamos indo rápido demais?
— Não. — Sophie suspirou e olhou para ele. — O que quase aconteceu foi algo que eu queria também, mas acho que no momento estava pensando em me divertir e não em um relacionamento sério. As coisas devem ser diferentes quando se tem essa intenção, entende? Pelo menos é assim que eu penso.
— Você está certa, talvez eu deva repensar o modo como costumo agir.

— Você é um cara legal, o.k? Eu só não quero te dar falsas esperanças de ter algo comigo.
— Não acho que seria "falsa esperança". Você se esqueceu que trabalho viajando? Eu posso estar aqui agora e de repente... oh, posso estar na sua cidade! Não é impossível de acontecer, mas isso só depende de você.
— Depende de mim? — Sophie riu.
— Estou falando sério, basta um telefonema e eu vou. Não estava brincando quando disse que nunca conheci ninguém como você! Pense nisso, o.k? Eu quero te conhecer melhor.
— Eu vou pensar no seu caso. — A loira sorriu.
— Pensa com carinho. — Richard acariciou seu rosto e lhe deu um beijo na bochecha pegando de leve o canto de sua boca numa provocação excitante. O homem sorriu satisfeito ao ver aqueles olhos verdes se iluminarem graças ao seu charme, ele era tão bom nisso que ainda não sabia como sentia-se apreensivo por saber se estava ou não dando certo! Talvez fosse a situação que estivesse ficando cada vez mais difícil com as buscas ou o fato dele não ter dinheiro suficiente para sair do país no momento, mas ele daria um jeito; com sua nova identidade seria quase impossível que as autoridades conseguissem pega-lo e algo lhe dizia que seria apenas uma questão de tempo até ele conseguir dinheiro daquela família ou até mesmo da mulher.

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84 anos depois o capítulo saiu!
boa tarde meninas, tudo bem? eu estou legal, meu curso terminou e felizmente fui até o fim, então agora tenho mais tempo livre para escrever. eu tinha esse capítulo em mente faz tempo e esperar não foi fácil rsrs não tenho certeza se ficou do jeito que inicialmente eu imaginei, mas acredito que tenha ficado bom. então, espero que tenham gostado!
o proximo ainda não está escrito, mas acredito que a inspiração vai coloborar comigo e logo volto. o.k? eu sempre volto. ❤
respostas aqui |
obrigada pelo apoio. 
beijos


04/05/2019

You are my destiny: Capítulo 13 - Back to you



"O tempo todo a única verdade é que tudo me lembra você."
— Niall Horan

NOITE SEGUINTE
PUB DA KEHLANI, 19:30

          Joseph estava sentado em um dos bancos que rodeava o balcão do bar principal, ele segurava o copo de cerveja intocado enquanto encarrava o relógio que ficava pendurado na parede. O tempo estava passando devagar e seu coração não aguentava mais esperar! Ao longo do dia ele se pegou ansiando pelo momento que veria Demetria e o mais estranho de tudo era que ela parecia partilhar desse mesmo sentimento; ele sentiu isso através das mensagens que havia trocado com ela de manhã. "Não alimente suas paranoias." Pensou consigo mesmo e desviou os olhos do relógio para o copo, ele precisava se controlar um pouco mais e suspirou sabendo que toda tentativa seria em vão. Demetria estava tão animada por estar com Zara, ela convocou as amigas e elas passaram o dia juntas! Joe sorriu antes de dar um gole na cerveja, ele lembrou-se da voz dela no áudio dizendo "Eu preciso te contar os detalhes, você não vai acreditar... Meu Deus, eu estou tão feliz!" A risada dela logo depois o fez sorrir como um bobo e ele podia jurar que se fechasse os olhos, ainda podia ouvi-la.

— Demorei? — Mike perguntou sentando-se novamente ao lado dele, ele havia ido até o banheiro e deixado Joe sozinho por alguns instantes. — Você estava aqui todo pensativo. Algum problema?
— Não, você voltou rápido. — Joe esvaziou o copo e sorriu. — Sem problema, apenas pensando em algumas coisas bem aleatórias.
— Aleatório ao fato de várias mulheres estarem te encarrando? — Ele recebeu uma cotovelada de leve do amigo e só então olhou discretamente em volta, realmente havia alguns olhares, mas não era nada do que Mike estava pensando.

— Talvez estejam pensando nas várias maneiras de matar o cara que "não ligou de volta." — Joseph riu um pouco envergonhado pela situação.
— Você não ligou?
— Você sabe que não e ainda me pergunta.
— Joseph Thompson é o mais novo vadio dessa cidade! — Brincou e eles riram. — Você deveria ter vergonha de sair por ai partindo corações.
— Eu disse que não queria algo sério e você sabe, nunca alimento falsas esperanças.
— Eu só estava brincando!
— Sei disso, mas me chateia que guardem rancor de mim por algo que não fiz.
— Fica tranquilo, cara... hoje é dia de curtir! — Mike fez um gesto para o rapaz que servia bebidas e pediu algo para ele. — Camila me mandou mensagem dizendo que elas estavam estacionando lá fora e logo iam entrar, então acho bom se preparar.
— "Me preparar?" — Joseph perguntou franzindo o cenho e Mike virou-se para trás.
— Lá vem elas. — Disse sorrindo e Joe virou-se para trás imediatamente.

          Algumas coisas na vida são inevitáveis e por mais que você tente se preparar, não tem como de fato estar preparado! Você pode imaginar a situação, visualizar a pessoa na sua frente e criar possibilidades de qual será sua reação diante dela; mas só quando acontece que você sabe de verdade como vai ser. Joseph gostaria de ter se preparado, ele foi atingido em cheio por uma Demetria repaginada e ainda mais linda do que antes! Ela caminhava graciosamente na direção deles de braço dado com as amiga, elas formavam um quarteto enquanto lá atrás Kehlani e Hayley tomavam um rumo diferente para os bastidores atrás do palco. Joe levantou-se assim que elas pararam perto deles, ele cumprimentou cada uma delas com um abraço e um beijo no rosto. Todas elas estavam lindas! Demetria veio na ponta e por isso ficou por último para ser cumprimentada, ele tocou-lhe os ombros e sorriu para ela.

— Você mudou o cabelo. — Observou. Os fios antes ruivos, agora estavam pretos! "O.k, parece que estamos viajando de volta para o passado." Pensou.
— Mudei! Foi um ato impulsivo devo admitir, mas gostei bastante. — Demi comentou sorrindo. — O que achou?
— Essa é definitivamente a sua cor. Você está linda! — Ele lhe deu um beijo na bochecha e aproveitou para abraça-la. Demetria o apertou forte e eles ficaram abraçados por alguns instantes, os amigos pararam de conversar entre si para observa-los.

— Ei, ai estão vocês! Eu consegui acrescentar lugares na nossa mesa. — Hayley apareceu e sorriu para os amigos. — É melhor vocês se sentarem logo, o.k? Vou resolver um probleminha no som e encontro vocês lá.
— E a Kehlani? — Zara perguntou.
— Está com o Niall! — Respondeu enquanto se afastava.
— Pois bem, vamos lá! Eu não quero saber de ninguém na nossa frente, nós somos os VIP's aqui. — Zara resmungou fazendo-os rir e eles caminharam juntos até a mesa que costumavam dividir para assistir o show do amigo.

          As mesas eram arrumadas em formato de "U" deixando assim o meio livre para quem quisesse dançar e Demetria observou bem isso enquanto sentava em torno da mesa com os amigos. O lugar permitia uma ótima visão do palco! Joseph sentou-se ao lado dela e ela o viu sorrir para os amigos enquanto um deles falava alguma coisa.

— Eu pedi algumas bebidas, precisamos comemorar! — Ariana disse animada.
— Não acredito que vão beber sem mim. — Niall disse atraindo os olhares para si e riu. — Qual é, estou brincando, mas é tem uma pontinha de verdade! — Eles riram. — Passei para ver como estão as coisas. Vocês estão bem? Faz um tempo que não nos falamos e fiquei surpreso de saber que todos estariam aqui; no sentido literal da palavra! — Ele sorriu.
— Estamos muito bem e juntos, agora é pra valer mesmo! — Zara sorriu para ele e lhe deu uma piscadinha.
— Eu fico muito feliz em saber! — Niall olhou para cada um deles e sorriu. — Preciso ir agora, mas agradeço por terem vindo. Divirtam-se! — Ele acenou e caminhou de volta para os bastidores.

— Eu estou ansiosa para vê-lo cantar. — Demetria comentou sorrindo, ela tinha lembranças de Niall na época da escola carregando o violão e um caderninho de composições para todo canto! Ele sempre soube desde muito cedo o que queria ser e vê-lo lutando por esse sonho fazia com que ela se sentisse orgulhosa dele.
— Você vai amar! — Ariana comentou.
— Tente não se debulhar em lágrimas como algumas aqui fazem. — Mike brincou e recebeu uma cotovelada da esposa.
— Eu não me debulho em lágrimas! — Camila disse brava e cruzou os braços.
— Não, não mesmo, você só precisa de algumas caixas de lenço. — Kehlani riu e puxou uma das cadeiras para se sentar.

— Vocês são muito chatos!

— Eu tinha me esquecido de como ela de irrita fácil. — Demi comentou rindo e olhou para Joseph, ela acabou por pegá-lo no flagra já que ele já estava olhando para ela.
— Você ainda não viu nada. — Ele riu baixo e desviou o olhar dela. — É pior nas viagens, mas depende do lugar.
— Alguém está animado para viajar. — Ariana riu e Zara concordou.
— O que foi? — Joe deu de ombros. — De repente vocês não querem passar um final de semana fora? — Arqueou uma das sobrancelhas. — Vocês se lembram do que prometemos na formatura do colégio?
— Essa não me contaram. — Demi riu, mas havia uma pontinha de tristeza por não ter feito parte daquele momento.
— Nós prometemos nunca envelhecer. — Joe disse e segurou uma das mãos de Demi que estava livre sobre seu colo. Ela foi pega de surpresa pela gesto, mas sorriu agradecida pelo conforto. — Significa que nunca estaremos velhos demais ou cansados demais para estarmos juntos. O que acha? — Ele perguntou olhando novamente para Demetria. — É o tipo de promessa que você pode cumprir?
— Sim, não tenha dúvidas. — Ambos sorriram um para o outro.

— Ei, só eu que estou sentindo que está pintando um clima? — Kehlani comentou baixinho com a namorada que em algum momento da conversa voltou e sentou-se com eles.
— Sentindo é um palavra muito fraca, amor. — A loira respondeu no mesmo tom e riu. — Tá rolando algo real ali!
— O que vocês estão sussurrando? — Ariana a perguntou sem conter a curiosidade e Kehlani percebeu o olhar de Zara e Camila sobre elas.
— Olha em volta e você vai saber. — Ariana arregalou os olhos e olhou em todas as direção possíveis menos na que ela deveria olhar! Kehlani não se conteve e teve um verdadeiro ataque de risos que acabou assustando os amigos.

— Caralho, você me assustou! — Zara passou uma das mãos pelos cabelos.
— O que deu em você? — Camila perguntou e arqueou uma das sobrancelhas vendo-a morder o lábio, Kehlani estava pensando em uma justificativa plausível.
— Nada é que... Hayley disse algumas coisas impróprias no meu ouvido e tenho certeza de que não querem saber disso. — Hayley ficou boquiaberta e deu um tapa forte na coxa da namorada.
— Eu não me importaria em ouvir. — Mike disse em tom brincalhão e deu uma piscadinha para elas.
— Pelo amor de Deus, ela está mentindo! — A loira disse sentindo as bochechas queimarem e eles riram.
— Nós definitivamente não queremos saber! — Ariana deu de ombros.

— Voltando ao assunto da viagem, eu acho que nós precisamos de um final de semana na praia e eu tenho alguns contatos, então posso arrumar uma casa para ficarmos lá. — Zara sorriu animada. — Seria uma ótima oportunidade para fazer um ensaio e dar um "up" no meu blog.
— Você sempre pensa em trabalho? — Mike questionou.
— Sim, eu ainda não posso me dar ao trabalho de não me preocupar em pagar as contas. — Zara disse pensativa. — Mas amo muito esse lugar para abrir minhas asas e voar.
— Acredite em mim, você não está perdendo nada. — Demetria riu baixo. — Na cidade grande você vai encontrar todo tipo de gente, principalmente concorrência e apesar de você ser muito boa, vai precisar provar isso todos os dias! É exaustivo ter que correr atrás de "validação" dos outros por cada trabalho que você faz, como se aquilo que os outros pensassem tivesse mais peso sobre você do que seus próprios pensamentos ou opiniões. Não é justo e o pior é que muitos se aproveitam disso para tentar obter algo de você, então é melhor se manter em casa e buscar meios de fazer a diferença.
— Uau, isso foi profundo! — Zara sorriu. — Foi assim com você?
— Na maior parte do tempo sim e me afetava bastante. Isso até eu perceber que era o meu trabalho e que precisava filtrar as opiniões que recebia sobre ele.

— Você era feliz? — Joseph perguntou e todos ficaram em silêncio aguardando a resposta.
— Eu era feliz, mas sou muito mais feliz agora.

          Eles conversaram por mais alguns minutos e riram juntos até que o show de Niall começou. Ele começou com músicas mais dançantes para atrair as pessoas ali presentes para a pista de dança e alguns não resistiram, inclusive Demetria. Ela fez questão de ficar na frente com as amigas e elas dançaram juntas durantes três músicas! Mike e Joseph ficaram sentados, conversando, bebendo e curtindo o show. Em determinado momento Demi caminhou até a mesa para pegar uma bebida, ela estava com sede e encontrou Joseph sozinho.

— Ei, vai ficar ai sozinho? — Perguntou após beber um pouco de cerveja. Mesmo ali bebendo, Demi continuava dançando e Joe acabou por dar uma boa olhada nela. "Como depois de tanto tempo ela ainda consegue fazer isso comigo?" Pensou consigo mesmo e suspirou. — Vem comigo. — Ela estendeu uma das mãos e ele arqueou uma das sobrancelhas.
— Você quer dançar comigo?
— Devo fazer um convite formal? — Brincou. Ele riu, levantou-se e segurou na mão dela deixando que ela o guiasse até onde queria. A música acabou antes que eles começassem a dançar e Demi riu dizendo: — Vamos aguardar a próxima. — Joe assentiu e sentiu sua mão suar! Ele desejou que Demetria não percebesse seu nervosismo.
— Obrigado. Muito obrigado! — Niall sorriu agradecendo as palmas e sentou-se no banco posicionando o violão, ele estava se preparando para tocar uma de suas músicas favoritas e resolveu falar sobre ela. — A música que vou tocar agora é antiga e acredito que muitos conhecem já que toca na rádio da cidade. — Alguns riram e ele fez o mesmo. — É uma das minhas músicas favoritas e tive o prazer de escreve-la junto com um dos meus amigos, inclusive ele está aqui. — Apontou para Joseph e ele sorriu um pouco envergonhado pelos olhares curiosos que recebeu. — É uma história de amor em forma de música e dedico para todas as pessoas que tem um grande amor na vida. Nem todos são capazes de reconhecer o que tem diante dos próprios olhos, mas eu acredito que tudo acontece quando deve acontecer e isso se chama destino. — Niall sorriu e começou a tocar.

essa parte do capítulo tem música e seria legal se vocês ouvissem para ler! >>> play aqui <<<

Acordo para te dar um beijo, mas você não está lá
O cheiro do seu perfume ainda está preso no ar
É difícil
Ontem pensei que tinha visto sua sombra passando
Engraçado como as coisas nunca mudam nessa cidade
Tão longe das estrelas

— Acho melhor esperarmos pela próxima música. — Joseph sugeriu ao sentir-se sufocado pelas próprias palavras que gritavam naquela música! Ele deveria ter imaginado que isso aconteceria, Niall sempre cantava aquela música, mas situações assim o perseguiam e tiravam completamente seu alto-controle.
— Porque? — Demi olhou para ele, aquele olhar capaz de arrancar tudo dele!
— Eu não sei dançar música lenta. — Ela o observou por alguns instantes e riu segurando-lhe as mãos.

Se o mundo inteiro estivesse assistindo, eu ainda dançaria com você
Dirigiria por rodovias e cruzaria atalhos para estar com você
O tempo todo, a única verdade
É que tudo me lembra você

— Não é um bicho de sete cabeças. — Demetria voltou-se para ele e o fez fazer o mesmo. Joe observou atentamente enquanto ela posicionava as mãos dele em seus quadris e logo depois Demi encostou sua cabeça no peito dele. — Você só precisa se mover devagar, o.k? Pode conduzir, eu confio em você. — Riu baixo.

E eu quero te dizer tudo
As palavras que eu nunca disse da primeira vez
E eu me lembro de tudo
Desde quando éramos crianças brincando nesse parque de diversões
Queria estar com você lá agora

          Demetria fechou os olhos sentindo-se tocada pela música e por todas as palavras contidas nela, mas não pode evitar o medo que fez seu coração apertar por alguns instantes. Sem perceber, ela acabou por apertar o tecido da camisa de Joseph como se pedisse "Quero você mais perto de mim" e só se deu conta de seu pedido silencioso quando o aperto em volta dela ficou mais forte e assim ela pôde sentir o calor do corpo dele. Ela buscava ou pelo menos tentava, vestígios... situações em que talvez ele tivesse deixado claro que sentia algo deferente por ela, mas Demi não conseguia encontrar nada! A ideia de pensar nisso lhe causava arrepios e não era por ser ruim, muito pelo contrario, ela se viu tentada a pensar nele desse jeito durante todo o dia.

E eu sei que isso é um exagero
Que eu não consigo seguir em frente
Mas ninguém é como você

— Joseph? — Demi ergueu o olhar e enquanto se moviam no ritmo da música, percebeu que ele estava perdido em seus próprios pensamentos.

          Joe estava travando uma batalha interna entre sucumbir ou não aos seus desejos já que o pensamento o toma-la nos braços e beija-la não saia de sua cabeça! Ele tentou simplesmente afastar aquela ideia ou até mesmo não pensar em nada, apenas deixar a mente limpa; mas acabou por ser arrastado para algumas lembranças do passado.

Você ainda me deixa nervoso quando você aparece
O frio na barriga volta quando estou perto de você
O tempo todo a única verdade
É que tudo me lembra você

          Joseph estava de costas para Demetria e encarrava as paredes do quarto de modo que pudesse dar um pouco de privacidade para ela. Demi estava vestindo o vestido que usaria no baile da escola, seria um evento de passagem do primeiro ano para o segundo do ensino médio e ela estava animada para curtir essa noite com os amigos! Algo que a garota não imaginava era que Joe estava duas vezes mais animado e ansioso já que estava pensando em convida-la para ser seu par.

— Joe, você poderia subir o zíper?
— Sim, claro. — Ele virou-se um pouco envergonhado e ajudou-lhe prontamente com o zíper. — Uau! — Joe exclamou ao olha-la no espelho, Demi estava linda naquele vestido branco com detalhes em renda. Ele arriscaria dizer que ela seria a garota mais bonita daquele baile, isso se ela não fosse eleita rainha!
— O que você achou? — Ela virou-se para ele ansiosa por um feedback. — Muito simples, não acha? Acho que vou pedir que mamãe me compre um novo.

— Ei, não faça isso. — Ele tocou-lhe o ombro. — Você está linda! — Sorriu para ela.
— Mesmo?
— Sim, está parecendo uma princesa. — Joe colocou uma mecha do cabelo escuro atrás da orelha dela e Demi sorriu agradecida.
— Sério? Obrigada! Eu estou esperando por esse baile faz tanto tempo e criei tantas expectativas que não consigo nem pensar em ver algo dando errado.
— Isso não vai acontecer. — Joseph tentou tranquiliza-la ao ver que algo estava perturbando os pensamentos dela.

— E como pode ter tanta certeza?
— Eu não tenho certeza, mas posso te garantir que... — Ele segurou-lhe uma das mãos. — Se for comigo, não deixarei que nada estrague sua noite.
— Joseph. — Ela suspirou e ele não soube distinguir, mas acreditou se tratar de surpresa ou espanto.
— Você quer ir comigo ao baile? — Os instantes de silêncio o deixaram um pouquinho nervoso. — Eu sei que pode ser estranho, mas realmente acho que...
— Sim. — Joe parou de falar ao ouvir a resposta que tanto esperava e foi a vez dele olhar para ela surpreso! — Não tem nada de estranho em ir com você, bobo. — Ela sorriu. — Não consigo imaginar alguém melhor para me acompanhar.
— Eu fico muito feliz que tenha aceitado! — Ele sorriu animadamente e puxou Demetria para si arriscando alguns passos de dança com ela de forma bem desajeitada e eles acabaram por cair juntos no chão. Eles se entreolharam por alguns instantes e riram um do outro, Joseph olhava para ela carregando consigo a plena certeza de que não existiria no mundo alguém capaz de entende-lo como Demetria entendia. Ele se perguntava se Demi pensava o mesmo dele e ainda que não soubesse, esperava descobrir algum dia! Por hora pensaria apenas em juntar algum dinheiro para comprar uma roupa que combinasse com o vestido dela, ele faria tudo que estivesse ao seu alcance para que ela tivesse uma noite perfeita.


          A música terminou, mas ainda sim eles permaneceram juntos e abraçadinhos enquanto os aplausos ecoavam pelo local. Joseph despertou das lembranças tendo uma Demetria sorridente olhando para ele e imediatamente seu sorriso veio para retribuir o dela! O jeito como ela o olhava já estava lhe fazendo corar, mas felizmente ele tinha um jogo de luzes coloridas ao seu favor e isso passaria despercebido.

— Para quem não sabia dançar, você se saiu muito bem. — Ela o elogiou.
— Arrisque mais uma e provavelmente pisarei no seu pé. — Brincou.
— Bobagem! — Ela levou uma das mãos fazendo carinho na bochecha dele com o dedão. — Você precisa reconhecer suas qualidades.
— Hum... — Joe assentiu fechando os olhos por alguns segundos. Aquele toque macio e quente contra sua pele... — Fica difícil de pensar desse jeito. — Ele murmurou e ela riu partindo o abraço.

— Ei, pombinhos! Querem beber? — Demetria virou-se para olhar Kehlani e viu que ela sorria para eles. "Será que estou imaginando coisas ou ela... apoia a ideia de nós dois juntos?"
— Eu estou tranquilo, preciso voltar inteiro para casa ou Sophie me mata! — Riu.
— Demi? — A morena perguntou e ela assentiu positivamente.
— Fiquem na mesa, eu já volto. — Ela saiu.

— Sophie está te esperando em casa? — Demetria perguntou e Joseph franziu o cenho enquanto caminhavam até o lugar onde eles haviam se sentado.
— Não, ela está viajando e estou com a Joy pelos próximos três dias. — Eles sentaram-se um de frente para o outro e Joe continuou: — Ela foi ver os pais que moram em Boston.
— Eu não sabia que os pais dela não moravam aqui.
— Eles são donos de uma rede de restaurantes muito famosa! Tanto que quando Sophie engravidou, eles queriam que ela fosse morar em Boston e até disseram que criavam nossa filha, mas ela escolheu ficar comigo. Digamos que eles não são os meus maiores fãs, mas felizmente convivemos junto em pouquíssimas ocasiões o que torna tudo muito suportável.
— Aconteceu alguma coisa entre vocês?
— Demi, eu fui o cara que engravidou a filha de 17 anos deles em plena Lewisville. O povo falou até pelos cotovelos! — Eles riram. — Pelo menos eu não fui o único já que Camila engravidou do Mike na mesma época, então dividimos um pouco da fama mesmo que ela não fosse das melhores.
— Me desculpe por rir, mas você conta tudo de um jeito tão engraçado. — Demi levou uma das mãos na barriga e riu mais um pouco.
— Já passei cada uma com esses velhos! — Brincou. — Só papai que tinha paciência para recebê-los em casa, ele fazia questão de agradar, mas acredito que era pela Joy. Ele sempre prezou por uma boa convivência familiar, um bom ambiente para que Joy crescesse e hoje vejo que isso foi muito importante.

— Você e Sophie são o casal divorciado mais unido que conheço.
— Nós somos bons amigos. — Joseph sorriu. — Não fazemos tantas coisas juntos, mas quando fazemos é divertido e Joy aproveita bastante.
— Eu me lembro de ter te ligado e acho que você tinha ido lá ver filmes, algo assim.
— Sim, isso mesmo! Assistimos clássicos de terror, eu nem consegui passar do segundo filme. — Riu.

— Cheguei! — Kehlani serviu as bebidas.
— Obrigada. — Demi agradeceu pelo drink e sorriu antes de levar o canudinho até os lábios.
— Qual é o assunto da vez?
— Joseph e desafeto dos ex-sogros dele.
— Felizmente não moram mais aqui.
— Caramba, se ninguém gosta deles ai tem!
— Mana, eu não escondo meu ranço por homofóbicos. — Kehlani deu um gole na própria bebida. — Se a Joy for do vale, eu pago para ver a cara deles! — Eles riram.
— Se acontecer pode ter certeza de que você estará lá. — Joseph riu e sentiu o celular vibrar no bolso. — Falando dela... — Ele mostrou o nome da garota brilhar na tela de seu celular. — Com licença, eu vou atender e já volto. — Levantou-se e caminhou para longe do barulho da música.

— Eu vi, hein! — Kehlani sorriu e deu uma piscadinha para Demi.
— Não entendi.
— Vocês dois assim juntinhos... não queria admitir, mas achei fofo. — A morena riu.
— Acho que você está vendo coisas onde não tem.
— Se você diz. — Ela deu de ombros e sorriu para Hayley que dançava junto com Ariana não muito longe da mesa.
— Qual é o problema comigo e com ele? — Demetria perguntou em um tom mais alterado.
— Eu estou brincando, Torres! Você precisa relaxar.
— Não preciso relaxar, Kehlani. Eu só preciso que as pessoas parem de insinuar coisas sem fundamento! É disso que eu preciso. — Ela disse e saiu pisando forte.

— Ei, o que aconteceu? — Zara trombou com Demi na metade do caminho e percebeu que ela estava irritada.
— Kehlani passou da conta.
— O que ela te disse de tão grave assim?
— Nada, eu só... será que você pode me dar um tempinho sozinha?
— Tudo bem, mas não fica brava. O.k? Talvez ela já tenha bebido demais e não tenha noção das palavras.
— Sim, eu acho que deve ter sido isso.
— Qualquer coisa você me chama, o.k? — Demi assentiu e Zara deixou que ela passasse.

          Havia algumas pessoas lá fora conversando, curtindo ou dando uns amassos, mas Demetria preferiu ficar lá do que sentir que surtaria com alguma piadinha sobre ela e Joseph lá dentro. "Você vai precisar ir atrás dessa história ou vai acabar pirando." Pensou consigo mesma e suspirou. Demi ouviu passos e já estava pronta para despachar quem é que fosse quando Niall sentou-se ao lado dela e tocou-lhe o ombro.

— O que faz aqui fora sozinha?
— Tomando um ar. — Ela sorriu para Niall.
— Você gostou do show?
— Eu amei, Niall! Você foi incrível. — Demi o elogiou e o rapaz sorriu.
— Fico feliz que tenha gostado.
— As músicas são lindas.
— Qual foi sua favorita?
— This Town. — Niall olhou para ela por alguns instantes sem dizer nada e sorriu novamente. — Eu não fazia ideia de que Joseph escrevia músicas.
— A primeira e única em que ele me ajudou, mas devo admitir que ele tem talento. — Brincou.
— Para quem foi? — Ela perguntou olhando o amigo nos olhos, aquele tipo de olhar que cobra uma resposta verdadeira e Niall permaneceu em silêncio durante os instantes que se seguiram.

— Finalmente encontrei você. — A voz de Joseph quebrou o silêncio e ambos os olhares se voltaram para ele. — Belo show, Niall! — Ele trocou um aperto de mãos com o amigo e sorriu.
— Obrigado, Joe. — Agradeceu. — Fico feliz que você e o pessoal tenham marcado presença, principalmente com essa moça bonita aqui. — Niall abraçou Demi de lado e sorriu.
— Deixa de besteira. — Ela riu para o amigo e voltou sua atenção para Joseph. — Estava me procurando?
— Sim, Joy ligou e me disse que Tia Julie está lá em casa com uma mulher chama Hailee.
— Hailee? — Demetria arregalou os olhos e levantou-se sentindo o coração disparar no peito, aquilo significava alguma coisa. — Ela é minha advogada.
— Ela quer falar com você e parece ser importante... — Demi assentiu, mas parou de ouvir o restante das coisas que Joe estava dizendo por conta dos pensamentos em total desordem! Todas as possibilidades possíveis e impossíveis passavam por sua cabeça e ela só queria acreditar que dessa vez algo bom viria de toda essa situação. — Demetria, você está me ouvindo? — Ela despertou sentindo o toque de Joseph em seu rosto. Ele estava consideravelmente mais perto, olhava para ela de forma preocupada e parecia apreensivo por uma resposta.
— Sim, eu estou ouvindo. — Assentiu novamente e ele deu um passo para trás. — Pode me levar até lá?
— Sabe que não precisa pedir. — Joe sorriu fraco e ela retribuiu igualmente.

— Niall, você avisa os outros que precisei ir embora? — Demi perguntou voltando sua atenção pro rapaz que estava ao lado dela.
— Claro, pode deixar comigo. — Ele despediu-se dela. — Qualquer coisa é só mandar mensagem, o.k?
— O.k, obrigada. — Ela beijou-lhe a bochecha e afastou-se dando espaço para Joseph despedir-se dele antes deles saírem.

FAZENDA THOMPSON, 21:15

          Joseph estacionou o carro e antes mesmo que pudesse virar-se para falar com Demetria, ela desceu apressadamente e saiu caminhando. Ele apressou-se em descer e acompanha-la, mas a pressa dela era tanta que quando Joe se deu conta Julie já estava saindo para recebê-la na porta. A senhora cumprimentou Demi com um abraço e logo cedeu espaço para que ela entrasse na casa, Joy estava lá dentro com a advogada que por sinal era paciente o suficiente para responder todas as perguntas de uma adolescente curiosa. Julie esperou pelo sobrinho e sorriu ao vê-lo diante de si, ele parecia dez vezes melhor desde o último encontro que tiveram! Era reconfortante saber que ele havia enfrentado o período de luto, ela tinha receio de que Joe pudesse ter problemas dado seu histórico de perdas, mas ele se mostrou incrivelmente forte.

— Não acredito que uma estranha precisou aparecer para que a senhora viesse me ver. — Dramatizou o mais novo.
— Deixe de besteira, menino. — Julie lhe deu um tapinha no ombro e o puxou para um abraço.
— É muito bom te ver. — Joe disse baixinho e se permitiu aproveitar um pouco mais daquele abraço. Julie era o mais próximo de uma mãe que ele teve!
— Eu digo o mesmo, querido. — Ela o beijou uma das bochechas e partiu o abraço. — Como você está? Veja só você... está tão bonito! Se continuar assim, vai me apresentar uma namorada muito em breve. — Brincou.
— Eu estou bem, tia. — Ele sorriu e sentiu as bochechas queimarem pelo comentário. — Se eu fosse a senhora não apostaria todas as suas fichas nisso, tá bom? — Brincou. — E a senhora, como está? — Perguntou enquanto caminhavam juntos para dentro de casa.
— Estou bem, querido, apenas trabalhando bastante. — Riu baixo.
— Deveria considerar voltar para cá e ter um pouco de sossego, não acha? — Joe pendurou o casaco e tirou os sapatos.
— É uma possibilidade. — Julie piscou para ele e sorriu. — Se divertiu bastante? Eu lamento ter interrompido qualquer coisa.
— Um pouco e não tem problema, tenho certeza de que nossos amigos vão entender.

— Você não imagina o susto que eu levei quando essa jovem apareceu na minha casa. — Julie comentou baixinho, aquela era uma casa de "paredes finas" e não seria educado que Hailee ouvisse que falavam dela.
— Essa moça disse o que queria com Demetria? — Ele perguntou no mesmo tom de voz usado pela tia.
— Parece que os investigadores conseguiram uma pista de onde o tal Guilherme estaria. — Joseph ficou surpreso. — Ele ainda está no país e a falta de denuncias levanta suspeitas de que ele tenha mudado sua aparência.
— Desgraçado. — Joe xingou.
— Isso me deixou tão preocupada.
— Nem me fale, eu não gosto nem de pensar nesse sujeito solto por ai. — Ele passou uma das mãos de forma nervosa pelo cabelo e suspirou.

— Papai. — Joy apareceu e caminhou até Joseph o abraçando pelo cintura.
— Filha, você está bem? — Joe perguntou depois de sentir que a garota estava tensa.

— Eu vou até lá ver se elas querem alguma coisa, o.k? — Joseph assentiu para Julie e ela afastou-se deixando-o sozinho com a filha.

— Joy? — Joe partiu o abraço e olhou para ela.
— Papai, eu quero que a mamãe volte para casa.
— Assim tão de repente?
— Pai, eu estou muito preocupada com ela. O.k? Hailee estava me falando sobre o que aconteceu com a Demetria e eu percebi que mamãe está dentro do perfil de uma vitima em potencial. — A garota falou de forma nervosa e bastante preocupada.
— Filha, você precisa se acalmar. O.k? Essas coisas não acontecem assim. — Ele disse numa tentativa de tranquiliza-la.
— Ela está saindo com caras de aplicativo, pai. Sabe como isso pode ser perigoso?
— Eu conversei com ela e ela me garantiu que sabe se cuidar.
— Papai, infelizmente nenhuma mulher pode se dar ao luxo de dizer isso e o senhor sabe muito bem. Basta ligar no noticiário para ver quantas de nós morrem diariamente vitima de algum crime! Eu não quero que minha mãe seja uma delas, pai. — As palavras dela o tocaram profundamente e acabou por despertar nele preocupação, não que já não existisse ali em seu coração, mas agora havia crescido o suficiente para que ele atendesse ao pedido da filha.
— Tudo bem, Joy. — Ele afagou as costas da garota. — Vamos ligar e pedir que ela volte. O.k? — Joy assentiu, ela estava se esforçando para conter as lágrimas e o coração que batia inquieto no peito.

****

          Reencontrar Hailee depois de tudo o que havia acontecido, principalmente depois da reprise da reportagem na televisão, não estava nos planos de Demetria. Ela estava tão convencida de que Guilherme estava longe do alcance de qualquer autoridade que ouvi-la dizer sobre pistas e a provável presença dele no país lhe deixou perturbada! Demetria sentiu um grande misto de sensações entre raiva, revolta e medo que simplesmente paralisou, não conseguiu colocar nada para fora. Seja com palavras ou lágrimas, ela não esboçou nenhuma reação! Apenas levantou-se e aproximou-se da janela para sentir um pouco do ar puro do campo, ela precisava dizer alguma coisa.

— Demi, você não precisa se preocupar. O.k? Você está segura assim como todas as outras. — Hailee levantou-se e tocou-lhe o ombro. — Um agente será designado para garantir que em hipótese alguma ele chegue perto de você durante esse período de buscas.
— Isso serve tanto para mim quanto para as outras mulheres?
— Sim, claro! Vale lembrar que é apenas uma medida de segurança.
— Eu sei, mas não passa segurança. O.k? Ele ficou tempo demais por ai tirando mais do que dinheiro de nós e nunca foi preso. Estou tentando ser otimista, juro por Deus, mas como posso acreditar que ele será preso? Como posso acreditar que um dia vou deitar a cabeça no travesseiro tranquila sabendo que esse filho da puta não vai mais violar ninguém?!
— Faz anos que eu trabalho defendendo e lutando pela causa de mulheres como você, não vai ser agora que vou deixar um caso de lado pela negligência de certas autoridades. — Ela sorriu para Demi e segurou-lhe uma das mãos. — Acredite em mim, eles estão sendo pressionados de todos os lados para prenderem esse homem! Depois da exibição da matéria relembrando o caso, aconteceram protestos e isso gerou ainda mais material para a impressa que agiu corretamente cobrando um posicionamento sobre o caso. Só estou pedindo um pouco de fé, o.k? Eu ficarei aqui por alguns dias, então não vai estar sozinha para enfrentar isso.

— Eu agradeço por tudo que tem feito, Hailee. — Demi apertou-lhe a mão e sorriu fraco. — Você foi a única com quem pude contar e acredito que está fazendo seu melhor no caso. Vou tentar manter minha cabeça no lugar e viver minha vida, acho que é o melhor que posso fazer!
— Sim, faça isso. Eu prometo que você nem vai perceber que estou aqui para te encher o saco! — Brincou ela e Demi riu baixinho.
— Não seja boba, eu faço questão que aproveite e conheça o melhor da cidade.
— Se não for incomoda-la, eu aceito o convite. — Hailee sabia muito bem como deveria funcionar a relação cliente x advogada, mas com Demetria nunca foi apenas profissional. Ela foi encaminhada para ela sem ter nada ou ninguém com quem contar! Isso fez com que ela acompanhasse Demi diariamente pelo tempo que ela conseguiu ficar em Nova York, então elas acabaram se conhecendo melhor e se tornaram amigas. Hailee sabia que esse tipo de relação era perigosa, ela sentia um peso muito maior sobre os ombros e se cobrava um pouco mais para não correr o risco de decepcionar! Demetria merece um desfecho justo e ela irá lutar por isso. — Eu acho que já tomei muito do seu tempo. Preciso voltar pro hotel e descansar um pouco, confesso que ainda estou cansada da viagem.
— Você está de carro? Qualquer coisa levo você com Joseph.
— Não precisa se preocupar, eu vim de carro.
— O.k, então nos vemos qualquer dia desses?
— Pode ter certeza que sim! Qualquer coisa eu ligo. — Hailee despediu-se dela, pegou a bolsa que estava jogada no sofá e olhou uma última vez para Demi. — Tenha uma boa noite.
— Você também. — Demi acenou e Hailee saiu.

— Ela já foi? — Julie apareceu na sala com uma bandeja de chá e pareceu surpresa ao ver que Hailee já não estava mais ali.
— Sim, ela está cansada. — Demetria aproximou-se e pegou uma das xícaras, estava mesmo precisando de algo quente para acalmar-se. — Confesso que também estou, hoje foi um longo dia e ele não está terminando exatamente da maneira que planejei.
— Minha criança, quanto mais rápido aprender que raramente as coisas são como nós queremos, menos você irá sofrer. — Julie sorriu para ela e colocou a bandeja que segurava na mesinha de centro. — É frustrante, eu sei que sim, mas já parou para pensar que tudo acontece por algum motivo?
— O dia que eu descobrir o motivo de tantas coisas sem sentido acontecerem na minha vida, pode ter certeza de que ficarei muito feliz. — Julie tinha uma resposta na ponta da língua para dar quando um Joseph completamente exausto apareceu na sala.

— Como estão as coisas por aqui?
— Bem, está tudo bem. E a Joy?
— Está mais calma, Sophie ainda está no telefone tendo uma conversa com ela e eu... bem, acho que vim saber se sua advogada ainda está aqui. O que está acontecendo?
— Não é nada grave, eles estão fazendo buscas e ela achou melhor me deixar avisada. — Joe assentiu e eles se olharam por alguns instantes, Julie não deixou de notar que havia uma tensão entre eles.

— Você quer ficar? Podemos arrumar o quarto de hospedes pra você dormir.
— Não precisa ter esse trabalho, Joseph.
— Ou então posso te levar em casa. O que acha?
— Pode deixar que eu levo. — Julie tocou o ombro do sobrinho. — Você está quase dormindo em pé! — Riu.

— Caramba, estou tão horrível assim? — Brincou.
— Só um pouquinho, mas nada que uma boa noite de sono não resolva. — Demi brincou e aproximou-se para despedir-se dele.
— Me desculpe por não estar em condições de te levar.
— Tudo bem, eu também estou exausta.

— Precisamos parar de planejar o que vamos fazer juntos e quem sabe assim nós dois consigamos, não é mesmo? — Demi riu e assentiu.
— Sem planos, eu prometo. — Ela deu mais um passo ficando mais próxima, eles ainda se olhavam e Demi o abraçou sentindo os braços dele ao seu redor poucos segundos depois. — Obrigada por hoje, eu me diverti bastante.
— Eu também. — Joe depositou um beijo na testa dela e Demi afastou-se partindo o abraço.
— Durma bem.
— Você também. — Ela sorriu e juntou-se a Julie que esperava por ela.
— Não me espere acordado, Joseph. — Ela apontou o dedo para ele. — Isso é uma ordem! — Ele riu baixo e assentiu para sua tia. — Volto logo. — Disse olhando-o uma última vez e logo depois saiu sendo seguida por Demetria.

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boa tarde meninas, tudo bem?
tirando os altos e baixos da vida, eu tô legal e feliz por estar de volta! escrever esse capítulo foi uma luta, mas acho que no final das contas deu certo ❤ vocês gostaram? espero muito que sim!
respostas aqui /
sobre o próximo capítulo: pode ser que eu não demore tanto já que tenho boa parte escrita, mas com a sorte que eu tenho, prefiro não prometer nada dhhdydhdy de qualquer forma, ele está ficando muito bom! ~ fogo no parquinho ~ me aguardem, rs.
bjs e até o próximo post


01/04/2019

You are my destiny: Capítulo 12 - Thinking About You



Tentei passar a noite sozinha, mas não consigo controlar minha mente. Eu só estou pensando em você.
— Ariana Grande

          A tarde acalorada em Lewisville foi embora tão rápido quanto chegou e assim que as nuvens escuras tomaram conta do céu, começou a chover. Demetria estava na casa dos Williams e ainda tentava entender o que havia acontecido com a mãe de Jesse, ele não havia conseguido falar direito e chorou na maior parte do tempo. Mesmo preocupada, ela ficou ao lado dele lhe dando apoio e esperando pacientemente que ele se acalmasse. O pai dele ainda estava na oficina, mas garantiu por telefone que logo chegava e eles permaneceram na sala esperando por ele.

— AVC. — Jesse disse de repente e Demi olhou para ele confusa.
— O que disse?
— Minha mãe teve um AVC.
— Seu padrasto disse como ela está? — Ela perguntou preocupada.
— Ele também está muito abalado e não conseguiu me dizer direito, mas pelo que ouvi a situação não é boa. As chances dela ter sequelas são grandes e eu não consigo entender como isso pôde acontecer! Demi, minha mãe é uma mulher ativa e se alimenta de forma saudável, ela não deveria estar passando por isso.
— Fica calma, querido. — Ela disse suavemente e afagou-lhe as costas. — Sei que é difícil, mas você precisa pensar positivo e acreditar que ela irá ficar bem. O.k? Você se desesperar só vai te deixar ainda mais abalado. — Ele assentiu e suspirou.

— Eu sei que sim e agradeço por estar aqui me apoiando, mas não deixo de pensar que se estivesse lá isso não teria acontecido.
— É algo que acontece de repente e sem explicação, nenhum de nós poderia ter evitado.
— Eu quero muito ir vê-la e se possível passar um tempo com ela, mas preciso falar com o meu pai antes.
— Tenho certeza de que ele vai te dar o maior apoio.
— Obrigado. — Ele sorriu fraco para ela e Demi o abraçou de lado lhe dando um selinho.
— Vai dar tudo certo, o.k? Eu tenho certeza disso. — Jesse assentiu e eles permaneceram em silêncio por alguns instantes.

— Eu te liguei e nem sabia o que você estava fazendo.
— Estava tomando café com Joseph. — Jesse assentiu pensativo por alguns instantes, ele havia notado algo nesse mês que passou e resolveu analisar consigo mesmo. Joseph era uma presença constante na vida de Demi e ele nunca se importou, ela o considerava como irmão e até ai estava tudo bem. Mas ele não era bobo e pelas poucas vezes que se encontraram juntos, pegou alguns olhares e sorrisos, coisas que não passam despercebidas diante de alguém que olha a situação por fora! Ele tinha quase certeza que Joe era apaixonado por Demi e a questão para ele, era se ela tinha consciência disso ou se aquilo tudo era delírio por parte dele. Toda aquela história o deixava um pouco angustiado, pois se ele fosse ficar com sua mãe não teria uma data certa para voltar e isso podia levar meses, não era justo prender alguém em uma relação que é praticamente incerta! Ele gostava muito dela, muito mais do que já tinha gostado de qualquer outra mulher e por isso queria o melhor para ela.
— Ele gosta muito de você.
— Acho que sim. — Sorriu. — Somos família. — O modo como os olhos dela brilharam ao dizer aquilo... Será que ela ao menos sabia disso?
— Me desculpe se interrompi algo importante.
— Está tudo bem, eu vou remarcar com ele. — Jesse segurou-lhe uma das mãos, olhou para ela e sorriu fraco.

— O que foi? — Ela perguntou sorrindo também e ele suspirou.
— Eu quero guardar seu rosto assim na minha memória.
— Sei bem como conversas assim começam e terminam, Jesse. O que está pensando?
— O que vai acontecer com nós dois se eu ficar mais do que dias com minha mãe?
— Está falando de morar um tempo com ela? — Ele assentiu. — Eu vou sentir sua falta, mas podemos manter contato e nos encontrarmos algumas vezes.
— Você quer mesmo fazer isso? — Jesse beijou-lhe as costas da mão e Demi sentiu o coração apertar no peito. Ele queria terminar com ela?

— Jesse, você está terminando comigo?
— Não é isso, não entenda do jeito errado.
— E de que jeito eu deveria entender? — Ela perguntou sem deixar que o tom de voz se alterasse.
— Demi, eu não sei como dizer isso e acho que talvez você não vá acreditar em mim, mas acho que Joseph é apaixonado por você. — Demetria afastou-se dele perturbada demais com suas palavras e virou-se para encara-lo sentindo os olhos arderem por causa das lágrimas que de repente romperam por seus olhos sem aviso prévio.
— Você quer terminar comigo? Tudo bem, nós terminamos. Mas você não ter coragem para isso e envolver meu amigo nessa história toda é golpe baixo! Eu não esperava isso de você. — Ela pegou a bolsa e virou-se de costas caminhando rapidamente até a porta.

— Demi! Espera, eu não estou inventando nada disso. — Jesse foi atrás dela, mas Demi não parou e continuou andando. — Você precisa me escutar! — A porta foi aberta e logo ela atravessou o portão indo em direção a rua. — Demetria, por favor. — Ela parou e olhou para trás para encara-lo. A essa altura ele também tinha lágrimas nos olhos, mas tudo aquilo soava absurdo demais até mesmo para ele dizer! Mas o que incomodava não eram as palavras e sim o que estava acontecendo dentro dela depois de ouvir aquilo. — Não era minha intenção, de verdade, eu gosto muito de você e não brincaria com isso! Eu só quero que você veja o que está diante dos seus olhos.
— E como isso mudaria o que nós temos?
— Quando você fala dele sua pupila dilata, seus olhos brilham e eu vejo isso nele. As poucas vezes em que estivemos juntos, eu vi... eu vi que Joe te olha desse mesmo jeito! Eu não quero te prender em uma relação incerta, quando tem alguém que talvez seja a pessoa certa pra você.

— Eu não entendo o motivo de você continuar insistindo nessa história toda.
— Demi, eu juro pela minha mãe que não estou mentido e você sabe... bem no fundo do seu coração, eu tenho certeza de que você sabe!
— Vá embora dessa cidade e nunca mais me procure novamente! — Ela olhou uma última vez para ele e foi embora caminhando sem se importar com o temporal. Jesse permaneceu na varanda de casa arrasado e se perguntando se falar sobre aquilo foi ou não uma boa decisão! Mas não tinha como voltar atrás e agora ele teria que conviver com aquilo. Jesse apenas torcia para que ela descobrisse e fosse capaz de perdoa-lo um dia por ter tentado lhe dizer o que ele acreditava ser verdade.

          Quando Demetria foi embora, ela queria se afastar de Jesse e de todas as coisas que ele insinuou, mas foi tudo em vão! Ela estava tão irritada, magoada e com raiva que durante um tempo o fato de estar molhada não lhe afetou em nada. Mas a tempestade se tornou mais forte e consequentemente as rajadas de vento também! Logo Demi estava tremendo de frio e procurando por qualquer lugar onde pudesse se abrigar, não tinha como ir mais longe estando naquele estado. Para sua sorte havia um ponto de ônibus por ali, não era grande coisa, mas pelo menos tinha um lugar onde ela poderia sentar e tentar ligar para alguma amiga vir em seu socorro! O celular felizmente estava seco dentro da bolsa, mas não havia sinal naquele local e novamente ela se viu em uma situação difícil. A frustração foi tanta que Demetria gritou e chutou uma das colunas de sustentação do ponto, logo as lágrimas voltaram e ela sentou-se esgotada demais para fazer qualquer coisa. Um carro parou em frente ao ponto e Demi ergueu a cabeça sentindo seus sentidos entrarem em alerta máximo! Ela era uma mulher sozinha em uma região deserta e cercada de mato por todos os lados, não tinha como não pensar no pior. O vidro foi abaixado e naquele momento uma onda de alivio veio ao ver um rosto feminino e conhecido, mas logo depois ela sentiu uma pontada de insegurança. Zara olhava para ela tendo um misto de espanto e surpresa nos olhos, Demi era uma das últimas pessoas que ela esperava encontrar naquela noite! Mas que tipo de ser humano negaria ajuda para alguém no estado dela? Engolindo um pouquinho de seu orgulho, Zara umedeceu os lábios e disse:

— Entra, eu te dou uma carona. — Dessa vez foi Demi que ficou surpresa, tanto que ela demorou alguns instantes para se levantar e entrar no veículo.
— Obrigada. — Ela agradeceu e sua voz saiu tremida assim como ela tremia! Zara deu partida no veículo e deu olha olhada rápida para Demi que estava encolhida no banco do passageiro ao seu lado.

— Você é louca? Sabia que podia ter uma hipotermia ou coisa do tipo? Está muito frio! Tá querendo morrer?! — Zara disparou a falar e Demi não sabia distinguir se era preocupação ou raiva, talvez fosse um pouco dos dois.
— Eu só queria ir para casa.

— Pega meu casaco. — Zara esticou um dos braços e segurou o volante com o outro. — Não é um pedido. Eu não vou te deixar morrer no meu carro!
— Eu não vou morrer.
— Me desculpe, mas não foi bem assim que aconteceu anos atrás. — Demi suspirou e pegou o casaco quentinho da "amiga".
— Você quer mesmo ter essa conversa aqui?
— Eu nem sabia que queria essa conversa. — Zara apertou o volante um pouco nervosa e tentou focar na estrada. — Você vai embora comigo, o.k? — Ela disse após alguns instantes em silêncio. — Podemos conversar melhor no meu apartamento. — Demi pensou em recusar, mas talvez aquela fosse sua única oportunidade de ter a amiga de volta e ela apenas assentiu em resposta.

          O caminho até o apartamento foi silencioso, tanto que Demetria cochilou tendo a cabeça encostada no vidro e só acordou quando o carro parou de repente! Elas estavam no estacionamento e Zara já estava ao seu lado abrindo a porta para que ela descesse. As duas caminharam juntas até o elevador, a loira carregava algumas sacolas do supermercado com uma mão e balançava as chaves na outra. Demi não estava sentindo mais tanto frio, mas suas roupas ainda estavam molhadas e ela torcia pelo menos para que Zara pudesse coloca-las na secadora. Elas pegaram o elevador, subiram em silêncio e desceram no vigésimo andar. A porta foi destrancada rapidamente e Zara cedeu espaço que ela adentrasse primeiro, era um lugar pequeno e ao mesmo tempo aconchegante! Demi retirou os sapatos, pendurou o casaco e deu alguns passos meio perdida pelo corredor. Zara indicou o cômodo da frente e ela a seguiu rapidamente, as sacolas de compra foram abandonadas no balcão da cozinha e mais alguns passos levaram as duas até o banheiro.

— Tire suas roupas molhadas e tome um banho quente, o.k? Você precisa de algo para comer ou vai acabar pegando um resfriado.
— Zara, eu...
— Primeiro você toma banho e depois nós conversamos. — Ela disse séria. — Não precisa se preocupar com suas roupas, acho que vestimos o mesmo tamanho e posso te emprestar alguma coisa. — Disse analisando-a por alguns instantes. — Meu quarto fica bem ali. Está vendo? — Apontou. — Quando terminar é só ir até lá e se vestir.
— Obrigada. — Zara assentiu e saiu fechando a porta.

          Demetria ficou na água quente tempo suficiente para seu corpo ficar aquecido e relaxado por finalmente estar em um lugar seguro. Demi lavou os cabelos por último e torceu para que Zara não achasse que estava abusando de sua boa vontade! Ela finalizou o banho, enrolou uma toalha no corpo e outra no cabelo; por último secou os pés descalços no tapetinho antes de sair do banheiro e adentrar no quarto. A julgar pela rápida olhada no apartamento, aquele era definitivamente o cômodo mais bem decorado de todos! As cores vibrantes, a decoração e a organização dos móveis... tudo tinha a cara de Zara. Demi aproximou-se de um painel e observou com certa curiosidade as fotos que estavam penduradas ali. Havia fotos da família, viagens e principalmente dos amigos! Uma em especial prendeu a atenção dela, todos estavam reunidos ao redor de uma fogueira e sorriam alegremente, provavelmente estavam acampando. Eles tinham fotos juntos em várias ocasiões especiais e Demetria afastou-se sentindo o coração apertar por ter perdido momentos assim com eles. Ela sabia que podia ter novas lembranças ao lado deles, mas não seria a mesma coisa! Balançando a cabeça, Demi pegou o conjunto de moletom que Zara havia separado para ela e vestiu sem perder mais nenhum minuto. O conjunto estava sobrando em alguns lugares e provavelmente se dava ao fato da loira ser mais alta que ela! Isso a fez rir baixo consigo mesma. Após pentear os cabelos e calçar um par de chinelos que estava no cantinho do quarto, Demetria voltou ao banheiro para pendurar as toalhas e de lá foi ao encontro de Zara que estava na sala.

— Obrigada por ter me ajudado. — Disse após sentar-se no sofá.
— Não pense você que foi fácil. — Zara olhou para ela, os olhos claros estavam avermelhados por causa das lágrimas e Demi sentiu-se culpada por causar aquilo. — Afinal de contas, o que aconteceu com você? E não pergunto só de hoje, o.k?! — A loira se levantou um pouco inquieta e respirou fundo tentando conter sua vontade de disparar um monte de perguntas.
— Eu já contei essa história tantas vezes que nem sei por onde começar. — Demetria fechou os olhos, respirou fundo e escolheu cuidadosamente as palavras que usaria com ela. — O que aconteceu naquele dia e o motivo de ter ido embora nunca teve nada haver com vocês, o.k? Nenhum de vocês tem culpa. Na época eu tinha muitos problemas familiares e você sabe bem disso, nós conversamos e te falei que sonhava conhecer meu pai. Você se lembra? — Zara assentiu enquanto prestava atenção nela. — Eu consegui encontra-lo e não foi nada daquilo que imaginei. Ele tinha outra família e não aceitou bem minha presença lá, então ele me disse coisas horríveis e por último disse que me mataria se voltasse a procurá-lo. Eu não quero entrar em detalhes e tornar isso mais difícil do que é, mas me senti tão rejeitada naquele momento e para completar minha mãe brigou feio comigo nesse dia e nem me lembro o motivo! Durante toda minha vida ela foi assim, nunca precisou de motivos para me humilhar e nunca deveria ter sido assim, sabe? Eu não aceitava e não aceitei bem o fato deles não me amarem. Pensei: "Nem meus próprios pais me amam, quem dirá outra pessoa." — Demi fez uma pausa. — Eu me lembro daquele dia e me lembro de ouvir Joseph gritando por ajuda. Naquele momento entre estar ou não morrendo, percebi que ele me amava e que tinha tantas outras pessoas que me amavam! Infelizmente não tive chance de dizer que sentia muito, mamãe simplesmente me levou embora e perdi vocês. — Ela sentiu os olhos arderem por causa das lágrimas e suspirou, precisava de força para ir até o fim. — Sei que anos se passaram e que em algum momento conquistei minha independência. Também sei que poderia ter entrado em contado ou simplesmente voltado antes, mas tinha vergonha demais e ainda me sentia culpada por causar tanta dor. Paul sempre dizia que devia voltar e que minha família estava aqui esperando por mim, mas fui medrosa demais. Ah, Zara... eu faria tudo diferente se pudesse! Quando Julie me ligou e me disse que Paul havia morrido, eu fiquei sem chão. Sem contar que havia acabado de descobrir que meu "noivo" era um golpista e que estava sendo enganada por dois anos, então processar tudo isso não foi fácil. Mas algo na morte de Paul me fez perceber que não podia mais adiar meu retorno ou poderia acabar perdendo mais alguém para sempre e não me perdoaria se isso acontecesse. — Zara sentou-se e passou uma das mãos pelos cabelos enquanto absorvia as palavras de Demetria.

— Eu me sinto péssima por pensar coisas ruins de você. — Ela confessou após alguns instantes de silêncio. — Você foi embora e teve problemas ainda maiores, mas mesmo assim está aqui.
— Desistir nunca deve ser uma opção.

— E hoje, o que aconteceu?
— Jesse terminou comigo.
— Você e Jesse estavam namorando? — Zara arregalou os olhos.
— Você o conhece?
— Eu tenho um blog de moda e ele tira minhas fotos.
— Eu diria que o mundo é pequeno, mas nesse caso é a cidade mesmo. — Demi soltou uma risadinha baixa e suspirou.
— O que aconteceu entre vocês?
— A mãe dele adoeceu e ele vai passar um tempo com ela, então preferiu terminar comigo.

— Era da casa dele que estava indo embora quando te encontrei? — Ela assentiu.
— Ele me disse umas coisas... eu prefiro não entrar em detalhes, mas achei desnecessário. — Demetria suspirou. — Parece até que ele inventou algo para justificar tudo e foi horrível!
— Não sei o que ele te disse, mas você não pode deixar isso te perturbar.
— Eu queria que fosse simples assim. — Zara riu baixo e levantou-se indo sentar-se ao lado dela.
— Não vai ser e você ainda vai sofrer um pouco, mas o importante disso tudo é que você não vai precisar passar por isso sozinha. — Ela segurou uma das mãos de Demi e sorriu. Demetria não aguentou e acabou por abraça-la forte, ainda era difícil de acreditar que elas estavam ali juntas!
— Obrigada, Zara.

— Some de novo que eu vou atrás de você e te dou uns tapas! — Demi riu e quando Zara partiu o abraço percebeu que ela ria também.
— Isso não vai acontecer de novo. — Ela sorriu. — Estou em casa com a minha família e não quero mais nada além disso.

          Depois de conversarem mais um pouco, Zara serviu a sopa que havia preparado e ela jantou com Demi na sala assistindo um filme qualquer na televisão. A loira refletia sobre o que elas conversaram e sentiu que Demi não havia contado tudo que havia acontecido com Jesse, mas estava tudo bem. Estava sendo difícil pra ela e Zara entendia, talvez ela se sentisse mais confortável em outro momento para falar e ela estaria ali para ouvir. Afinal, é isso que amigas fazem! "Amigas" ela sorriu consigo mesma. Quando o filme terminou, as duas foram até a cozinha e Demetria insistiu em lavar a louça que ali estava. Zara ajeitou o quarto de hospedes e assim que Demi apareceu, ele já estava prontinho para ela!

— Eu usei uma escova de dentes nova que estava lá e espero que não se importe.
— Coloquei lá pra você usar. — Zara riu baixo e olhou em volta. — Acho que não esqueci de nada, mas qualquer coisa é só me pedir. O.k?
— O.k, obrigada. — Demi sorriu.
— Boa noite.
— Boa noite, Z. — A loira parou na porta e virou-se sorrindo antes de sair do quarto.

          Demi deitou-se na cama e fechou os olhos para dormir, mas seus pensamentos simplesmente não deixavam! Tudo estava voltando novamente e gritando cada vez mais alto dentro de sua cabeça, ela não conseguia evitar e suspirou pesadamente virando-se de um lado para o outro. Nenhuma posição parecia boa ou confortável o suficiente, ela já estava ficando frustrada! Fechando novamente os olhos, Demetria tentou dormir na esperança de que seus pensamentos entendessem que era hora deles se aquietarem.


          Demetria estava diante da porta do quarto de Joseph, mas ainda não havia criado coragem para bater e pedir permissão para entrar. Não que ela precisasse fazer isso, mas sentia-se tão estranha depois de beijá-lo sob o visco que não sabia mais se as coisas entre eles continuavam iguais! "Será que foi errado?" Pensou consigo mesma. "Mas foi bom e nenhum pouquinho estranho." Outro pensamento. "Droga, ele não disse nada! Será que ele achou esquisito?" Os pensamentos dela foram interrompidos pelo barulho da porta que foi aberta e Joe olhou surpreso para ela. Ele ainda estava um pouco abatido e confuso depois do desmaio, mas estava falando normalmente.

— Achei que não fosse aparecer. — Eles dormiam juntos praticamente todos os dias, tanto que havia se tornado um hábito! Dificilmente um dormia sem o outro e quando isso acontecia, era uma noite de sono incompleta.
— Não sabia se devia. — Demetria encarrou os próprios. Ele estava de pijama, mas ainda sim sem camisa e olhar para ele assim não parecia mais certo! Algo dentro dela parecia simplesmente ter sido desbloqueado.
— Deixa de besteira, eu já disse que não foi sua culpa e você precisa aceitar isso. O.k? — Ela assentiu. — Venha, eu quero que você fique. — Ele segurou-lhe uma das mãos. O toque quente contra sua mão fria lhe causou alguns arrepios, Demi suspirou e caminhou para dentro do quarto junto com ele.

— Você se lembra de alguma coisa? — Ela perguntou enquanto Joseph se deitava.
— Vagamente. — Demetria sentiu alivio seguido por uma pontada de decepção. — Eu fiz alguma besteira?
— Defina "fazer besteira". — Brincou puxando as cobertas e encarrando-o com uma das sobrancelhas arqueadas.
— Sei lá, eu te disse ou fiz algo que provavelmente não faria? — Ele parecia apreensivo pela resposta e isso intrigou Demi.

— O que você não diria ou faria comigo?
— Ei, não pode responder minha pergunta com outra pergunta.
— Eu posso fazer muitas coisas, Joe.
— Não comigo. — Brincou.
— Você é que pensa. — Ela lhe deu um empurrãozinho e ele retribuiu rindo.

— Sério, eu não fiz nada do qual me arrependeria?
— Não entendo o motivo de estar tão preocupado. — Demi sentou-se de repente na cama e ele fez o mesmo não entendendo o motivo dela estar agindo de forma tão estranha! Ela estava se irritando com aquelas perguntas. — Em algum momento você vai cometer erros e magoar alguém, então não deve ficar assim. O.k? E outra, eu não sou frágil desse jeito! Não vou me fazer em pedaços! Não por qualquer coisa e nem por qualquer um, você mais do que ninguém devia saber disso. — Joseph olhou para ela por alguns instantes, os olhos dele brilhavam na escuridão e aquela expressão enigmatica fez Demi suspirar. Ele era diferente de muitos garotos que havia conhecido e o modo protetor como cuidava dela era realmente adorável, mas havia momentos e momentos. Não queria ser tratada como uma criança!
— Somos amigos. Melhores amigos e acredite quando digo, nós temos peso um sobre o outro que ninguém mais entenderia. Nós podemos nos machucar mais do que qualquer outra pessoa! Por isso eu me preocupo, você é a pessoa que eu não quero perder por conta de qualquer bobagem.
— Joseph, você nunca vai me perder. — Demetria riu e o empurrou fazendo-o se deitar. Ela aninhou-se no peito dele sorrindo e relaxou sentindo o afago em seus cabelos, ali era seu lugar seguro! Eles permaneceram em silêncio por alguns instantes e durante todo esse momento, Demi ouviu o coração de Joe bater cada vez mais acelerado.

— Eu te amo. — Ele disse baixinho, como quem conta um grande segredo!
— Eu também te amo. — Ela ergueu a cabeça para olha-lo uma última vez e viu que ele já olhava em sua direção. — O que foi? — Perguntou suavemente.
— Só queria olhar pra você mais uma vez antes de dormir.
— Seu bobo! — Demi riu e fez algumas cocegas arrancando dela altas gargalhadas. — Desse jeito vai acabar tendo algum pesadelo comigo.
— Nunca é um pesadelo com você.
Continue assim e vou acabar me apaixonando por você. — Riu.


          Demi sentou-se na cama e passou uma das mãos pelos cabelos. Seria possível mesmo que aquilo fosse verdade? O pensamento fez seu coração acelerar de uma forma que ela não sabia distinguir se era ou não boa. "Será que todas as coisas boas que Joe me fez foi apenas por causa dos sentimentos que ele nutria por mim?" O pensamento martelou em sua cabeça e ela negou no mesmo instante, ele não era esse tipo de pessoa! Joseph era um homem bom que fazia coisas boas com ou sem retribuições futuras, Demi tinha certeza de que com ela não seria diferente. Ela ficou sentada por alguns instantes e como não conseguiu se aquietar, esticou o braço para alcançar o celular no criado mudo e resolveu fazer uma ligação. O que mais ela poderia perder além do sono? Nada. Deitando-se e encarrando o teto do quarto, Demetria torcia para que Joe atendesse o telefone. Não importava o que acontecesse, verdade ou mentira, ela sempre acabaria voltando para ele.

— Eu estava sentindo que você ia me ligar. — A voz dele lhe causou alguns arrepios.
— Mesmo? E se eu não tivesse ligado? — Perguntou baixo, ela não queria acordar Zara.
— Eu provavelmente estaria te ligando nesse exato momento. — Alguém falou ao fundo e Joe respondeu tapando o telefone, então Demi não reconheceu a voz feminina.
— Está acompanhado?
— É a Joy, ela acabou de passar aqui para me desejar boa noite. — O que aquela sensação de alivio significava? Demi já estava começando a ficar temerosa pelo rumo que seus sentimentos estavam tomando. Por um breve momento ela imaginou, realmente imaginou como seria ela e Joseph... mas havia algo ali, algo que não deixava com que ela fosse longe demais com aquela ideia! — Demi? Ei, você está ai?
— Sim, eu só estava viajando. — Riu baixo.

— Você está bem?
— Cansada, mas minha cabeça está cheia demais para me deixar dormir e acho que precisava ouvir sua voz. — Joe ficou quieto por alguns instantes e Demi não deixou de se perguntar o que se passava na cabeça dele!
— Você quer conversar sobre isso? — Ele havia acabado de se deitar, ela ouviu o barulho do corpo dele contra o colchão e os travesseiros, então era uma visão familiar.
— Não, eu quero apenas ouvir você falar sobre qualquer coisa. — Demi sorriu quando o ouviu rir.

— E sobre o que eu falaria?
— Qual é, Joseph... tenho certeza de que tem muita história para contar.
— Nem todas devem ser, acredite em mim.
— Porque? — Aquele silêncio gritou tanta coisa que Demi sentiu a língua "coçar" para soltar uma pergunta para ele! Mas aquilo não era assunto para telefone e ela também precisava esfriar um pouco a cabeça depois de tudo o que aconteceu com Jesse.
— Nem todas são boas ou faz a gente se orgulhar de coisas que deveria ter feito e não fez.
— Entendo.

— Algo que aconteceu hoje e acho que posso contar é que Zara voltou a falar comigo. — Ele disse com certa animação. — Eu pedi desculpas e nós tivemos um papo bem sincero de um jeito que só ela sabe ser sincera! — Os dois riram e logo depois Joe suspirou. — A sensação de ter nossa "familia" unida novamente é muito boa. Espero que vocês se acertem o quanto antes! Tudo que eu mais quero é uma viagem em grupo, sabe? Fazer algo divertido, como nos velhos tempos e assim você vai ver como é legal estarmos todos juntos por ai vivendo novas aventuras.
— Eu fico muito feliz por vocês. — Ela sorriu. — É tudo que eu mais quero!
— Vai acontecer, eu tenho certeza. — Joe disse e realmente transmitou o quanto ele acreditava que aquilo ia acontecer.

— Sabe onde estou agora?
— Na sua casa, imagino.
— Não.
— Na casa do... — Antes que Joseph pronunciasse o nome, ela respondeu:
— No apartamento da Zara.

— VOCÊ ESTÁ COM A ZARA?
— O que posso dizer? Ela meio que me resgatou no meio da chuva e me trouxe para cá.
— O que você estava fazendo na chuva? — Joe perguntou preocupado.
— É algo sobre o qual eu não quero falar, não agora, mas o que importa é que somos amigas novamente. — Demi suspirou aliviada. — Parece que nossa familia está oficialmente unida de novo.

— Isso merece uma comemoração!
— Vai com calma. — Demi bocejou e sorriu consiga mesma percebendo a animação dele.
— Nós precisamos planejar um final de semana e ir acampar. É quase uma tradição! Todo ano nós vamos e dessa vez você vai.
— Joseph, o que eu acabei de dizer?
— O.k, desculpe. — Ele riu. — É que eu já sonhei tanto com isso que em alguns momentos quase não parece real, sabe?
— Sim, eu partilho do mesmo sentimento. — O silêncio instalou-se entre eles novamente. — Eu preciso ver você. O que acha de sairmos amanhã?

— O que você tem em mente?
— Qualquer coisa, desde que façamos algo juntos.
— Deixe-me pensar... — O celular de Demi vibrou e isso significava que alguém havia lhe mandado uma mensagem. — Demi, eu acho que já temos um programa perfeito.
— E qual seria?
— Niall vai tocar no pub amanhã e acho que seria legal que nós fossemos, não estaremos sozinhos, mas se isso for um problema...
— Não, não é um problema. — Demi apressou-se em responder. — Parece perfeito! Vai ser uma oportunidade perfeita para ouvi-lo tocar.
— Amanhã também é noite do karaoke, então vai ser bem divertido.

— Eu estou mesmo precisando de diversão.
— Você falando assim me faz acreditar que tem algo acontecendo e isso me preocupa, mas se não está pronta para falar... está tudo bem, o.k? Eu só quero que saiba que estou aqui e que juntos podemos lidar com qualquer coisa. — "Juntos" foi tão reconfortante a forma como aquelas palavras soaram ao seu ouvido. Demi fechou os olhos e o sono veio juntamente com a sensação de que ela não estava sozinha, Joseph estava ali e ela podia dormir em segurança. Ele era seu lugar seguro! — Demi? — Joe chamou depois de alguns instantes sem resposta e sentiu o coração acelerar! Será que ela estava bem? Antes de qualquer coisa ele ficou atento ao telefone e riu baixo consigo mesmo ao ouvir o ronco baixo dela, ela estava dormindo. — Boa noite, querida. Tenha bons sonhos! — Ele disse baixinho e bocejou logo depois, talvez estivesse na hora dele dormir também. — Amo você.

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eu sempre vou ser grata por esse capítulo e em como me senti viva nesse exato momento ao editar e reler cada palavra escrita. 

espero que tenham gostado!

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