29/05/2019

You are my destiny: Capítulo 14 - Your secrets are mine



Luta por mim, desiste não e lembra do que eu disse, então "Amar é muito melhor que ter razão." Joga tua verdade toda na minha cara, mas antes de ir embora eu te impeço, para e me beija com raiva, me beija com raiva!
— Jão


DIA SEGUINTE
CASA DA DEMI, 10:00

      Demetria acordou graças aos raios solares que bateram contra seu rosto, ela chegou tão cansada na noite passada que acabou dormindo no sofá e para sua infelicidade as janelas não estavam cobertas pelas cortinas! Ela levantou-se meio dolorida, sentou-se no sofá e bocejou antes de finalmente se colocar em pé. Demi deixou seus olhos vagarem pela sala e só então percebeu a bagunça de folhas lá dentro! Ela assustou-se vendo as janelas abertas e pensou no pior, mas então lembrou-se da forte tempestade e imaginou que a força do vento havia causado todo aquele transtorno. Calçando os chinelos, ela andou pela casa para ver se mais alguma coisa havia entrado ali além das folhas e ao subir percebeu que seu quarto não havia sido uma exceção! Janelas abertas, folhas e objetos no chão. Demi colocou algumas coisas de volta no lugar e por último recolheu do chão um belo quadro decorativo que já estava no quarto quando ela se mudou. Ao tentar coloca-lo de volta no lugar, ela percebeu que o tijolinho que segurava o prego estava solto tanto que ao puxá-lo o tirou inteiro da parede! "O.k, isso é no mínimo estranho." Riu baixo consigo mesma e pegou a lanterna do celular para dar uma boa olhada naquele buraco. Para sua surpresa havia algo ali, ela esticou uma das mãos e conseguiu tirar de lá um pequeno caderno empoeirado. A curiosidade de Demetria fez com que qualquer resquício de sono fosse embora, ela piscou algumas vezes e focalizou o nome que estava na capa "Joseph Thompson" ela reconheceria o nome e a caligrafia em qualquer lugar. Deixando o celular de lado, Demi sentou-se na cama e folheou o caderno para ver do que se tratava. As folhas amareladas não impediram que seu conteúdo fosse lido e pela primeira vez em tantos anos, Demetria descobriu o segredo que Joe lutou para manter escondido.

"Hoje completa mais um ano que Demetria nos deixou e não gostaria de me sentir tão mal, mas é algo inevitável. Eu reli meus antigos diários na esperança de notar que estou me saindo melhor esse ano, mas não, parece que sinto ainda mais saudade e isso dói pra caramba! Eu fico imaginando uma vida em que Demetria Torres não tivesse cruzado meu caminho e quem sabe assim não teria me apaixonado por ela, mas ao contrário do alivio que imaginei que sentiria, me peguei sentindo um enorme vazio no peito. O espaço que ela ocupou e ainda ocupa no meu coração é dela e será assim para sempre! Eu só queria não me sentir sozinho; como se sem ela... eu não fosse eu, como se sem ela... eu não fosse ninguém e eu não quero ser ninguém. Nunca pensei que o amor fosse isso, necessidade. Sinto que preciso dela como o ar que eu respiro e desde que ela se foi sinto como se fosse sufocar, talvez isso seja tudo aquilo que deveria ter dito e não disse. Céus, como eu queria olha-la mais uma vez e dizer tudo que está gritando aqui dentro! Ah Demi, minha doce e amada Demi, eu daria tudo para ter mais uma chance de dizer o quanto eu te amo pra valer. Eu queria conseguir te odiar e talvez assim fosse mais fácil te esquecer, mas não sinto nada além de amor por ti. Nada além de amor! Acho que nunca chegará o dia em que sua falta se tornara mais fácil de superar e isso me mata por dentro dia após dia. Eu queria não estar vivo para sentir isso."

          Havia mais páginas e Demi leu todas elas apesar das lágrimas que dificultaram um pouco sua tarefa. A confirmação daquela especulação foi pior do que ela havia imaginado! Aquilo não era mais uma loucura aparentemente inventada por alguém, era real e envolvia a pessoa que ela mais amava e julgava conhecer nesse mundo. Como alguém podia esconder algo assim? Ele não podia ter feito isso. Podia? Demetria ainda chorava abraçada ao caderno quando teve uma verdadeira epifania e todos os seus pensamentos clarearam. Ela repassou inúmeros momentos desde sua chegava e uma coisa ou outra dita por cada um de seus amigos deixou claro de que eles sabiam disso. Todos eles sabiam dos sentimentos de Joseph por ela e não disseram nada! Como nenhum deles disse nada? Demi estremeceu pela frustração e raiva que sentiu por aquela situação toda estar acontecendo. Raiva de si mesma por não ter sido capaz de perceber que Joseph estava apaixonado, raiva por ele nunca ter lhe contado e raiva por nenhum de seus amigos terem dito uma única palavra sobre o assunto! Os sentimentos e toda aquela bagunça na cabeça não permitiu que Demi pensasse com clareza antes de sair de quarto com o diário em mãos e pegasse as chaves do carro. Ela saiu de casa rapidamente, entrou no veículo e lutou contra as próprias mãos tremulas na tentativa de ligar o carro! Quando conseguiu, pisou fundo no acelerador e partiu em busca de respostas.

CASA DA ARIANA, 10:45

          Ariana estava na cozinha cortando algumas frutas quando ouviu batidas desesperadas em sua porta! A loira assustou-se já que a casa estava cheia e mesmo assim o barulho sobressaiu as vozes. Ter os amigos juntos na noite anterior foi bastante agradável e ela resolveu convidá-los para tomar café da manhã, algo que faziam frequentemente, mas que com toda a confusão acabou por cair no esquecimento. Ela ainda aguardava o retorno de Demetria e Joseph, mas não poderia ser um deles agindo com tamanha violência... Podia? A porta foi aberta e uma Demetria completamente agitada entrou por ela falando sem pausa! Ariana fechou a porta atrás de si e fez um gesto para Demi na tentativa de fazê-la se acalmar.

— Ei, se continuar falando assim não vou conseguir entender nada! O que aconteceu?
— Todos estão aqui? Joseph, está aqui? — Ela perguntou apressada e logo saiu andando pela casa em busca dos amigos.
— Demi, espera! Onde você vai com essa pressa toda? — Ariana foi atrás dela. — Todos estão lá fora e...

          Havia uma mesa redonda disposta no quintal, todos estavam sentados ao redor dela comendo e bebendo enquanto conversavam e riam de algo que alguém dizia. Não demorou muito para Demetria encontra-los lá fora e a principio todos achavam que ela havia chegado para tomar café, isso até conseguirem vê-la de perto! Ariana veio logo atrás e parou pondo uma das mãos na barriga, ela havia praticamente corrido atrás de Demi pela casa e estava sem fôlego.

— Pelo amor de Deus! Você está bem? — Camila perguntou olhando de Demi para Ariana que deu de ombros confusa. — Aconteceu alguma coisa?
— Aconteceu sim e eu queria saber, quando alguém aqui ia me contar que Joseph é apaixonado por mim? — O choque inicial foi maior do que alguns ali acharam que ia ser e o silêncio deles deixou Demetria ainda mais nervosa. — Vocês sabiam! TODOS VOCÊS SABIAM E NÃO ME DISSERAM NADA?!
— Demi, nós não... — Hayley tentou argumentar e Demi fez um gesto para que ela parasse.
— Não podiam? — Ela riu amargamente. — Eu preferia ter descoberto por vocês do que ter isso praticamente revelado na minha cara por um estranho!

— Quem te contou? — Mike perguntou sem conseguir se conter.
— Jesse!
— E desde quando o Jesse sabe? — Kehlani perguntou confusa e Demi olhou para ela sentindo as lágrimas escorrerem de raiva.
— Desde quando ele passou tempo demais ao lado de Joseph para interpretar os sinais que eu nunca vi! — Novamente o silêncio. — MEU DEUS, EU SOU MESMO UMA IDIOTA! — Demi andou de um lado para o outro levando uma das mãos até a cabeça.

— Ainda bem que você sabe disso. — Zara respondeu e levantou-se de seu lugar.
— Zara! — Ariana repreendeu a amiga, mas ela pouco se importou.
— Contar ou não sobre isso, era uma escolha do Joseph e não nossa. Ele gosta de você desde que éramos crianças! Nós só descobrimos isso depois que você sumiu, comigo foi assim, não me lembro bem quanto aos outros, mas não é essa a questão. A questão aqui é que você parece ter se esquecido de que passou anos longe daqui e longe de cada um de nós, Demi. Sabemos que isso não foi escolha sua, mas somos amigos do Joe tanto quanto somos seus amigos e acompanhamos como foi difícil para ele seguir em frente sem você. Um amor desses não morre assim tão fácil e só quando você voltou que ficou claro que ele nunca deixou de gostar de você! A raiva que ele aparentemente sentia nem existia, acho que no fundo ele sentiu mais raiva de si mesmo por não te odiar do que por outra coisa. Vontade de contar foi o que não faltou, basta olhar para Kehlani e você vai perceber isso. Eu só quero que entenda uma coisa, não era escolha nossa! Nós queríamos que você estivesse ciente dos sentimentos dele, até eu te contaria, mas lealdade é algo sagrado e nunca faria isso sabendo que perderia o Joseph. Se a situação fosse o inverso... também faria o mesmo por você! Então, por favor, pare de agir desse jeito e vá falar com ele.
— Eu sei, eu sei disso e sinto muito por ter aparecido aqui assim, mas a verdade é que estou me odiando agora por não ter percebido. — Demi confessou após alguns instantes em silêncio. — Poderia ter evitado tanta dor. Eu o machuquei tanto, como ele ainda consegue gostar de mim?

— Sua reação é compreensível. — Niall aproximou-se e tocou o ombro de Demi sorrindo de forma doce. — Mas você não vai saber se continuar aqui parada. Vai? Vá falar com ele! Sabemos que você consegue, o.k?
— E pega leve com ele ou eu vou dar na sua cara! — Zara lhe deu um chacoalhão mais para "desperta-la" do que para ameaça-la e lhe deu um abraço.
— Você consegue. — Ariana disse ao pé do ouvido dela após juntar-se ao abraço. Cada um deles veio em silêncio e juntou-se também demostrando naquele gesto o que já não cabia em palavras! Apoio, amor e compreensão.

FAZENDA THOMPSON, 11:20

          Joseph estava trabalhando na plantação quando recebeu uma mensagem de Mike que fez seu coração apertar no peito e doer de uma forma como nunca havia doido antes. "Ela sabe." Aquelas duas palavras tiraram completamente sua paz! Quando Joe acordou naquela manhã após uma longa e tranquila noite de sono, ele não imaginou que enfrentaria uma situação que até dias atrás não estava em seus planos. Ele havia imaginado isso inúmeras vezes em um passado não muito distante, mas imaginar algo e estar prestes a viver isso são duas coisas completamente diferentes! O amigo não havia lhe dado detalhes e ele pouco teve coragem para perguntar, estava tão apreensivo que só pensou em voltar para casa o mais rápido possível e se preparar de alguma forma. Joseph atravessou o campo e chegou em casa em menos de dez minutos, ele retirou os sapatos antes de entrar e pendurou o chapéu suspirando pesadamente.

— Estava esperando por você. — A voz veio das escadas, mas mesmo assim Joe sobressaltou de susto e levou uma das mãos ao peito.
— Santo Deus! Você quase me matou de susto. — Ele não conseguia olha-la fixamente, então encarrou um ponto qualquer na mesma direção para não parecer indelicado. — Faz muito tempo que chegou?
— Você sabia que eu viria, não sabia? — Joe suspirou ao ouvir a voz dela embargada. A última coisa que ele queria era fazê-la chorar! — E ainda sim não consegue olhar para mim.

— Eu achei que teria tempo. — Joseph finalmente olhou para ela e viu Demi sentada nas escadas segurando algo que ele não conseguiu identificar. — Não queria que fosse assim, eu queria ter tido tempo para...
— Você quer me explicar isso? — Ela levantou-se e mostrou o caderno.
— Onde você o encontrou? — Ele perguntou espantado ao encarrar uma parte de seu passado bem ali diante dele.
— Ah, isso também era algo sobre o qual eu não deveria saber?
— Você fala como se eu tivesse tido escolha!
— E não teve? Todos sabiam, menos eu! Porque você nunca me contou?

— EU TINHA VERGONHA! — Joe admitiu aquilo pela primeira vez em voz alta e sentiu um nó se formar em sua garganta. — Você acha que foi fácil descobrir isso e aceitar? Nós éramos "IRMÃOS" todos achavam isso, nossos pais nos apresentaram assim e eu senti nojo de mim mesmo por ver você como algo além disso!
— Nós crescemos e em algum momento já tínhamos maturidade o suficiente para lidar com essa questão! Porque? Porque você não me contou?
— E o que isso teria mudado, Demi? Sinceramente, isso teria mudado alguma coisa?
— Eu não sei, talvez... eu... pudesse...

— Não, isso não teria mudado em nada e vou te dizer o motivo. Você sempre gostou de caras que não ligavam pra você! — Joe fez uma pausa e pôde ver raiva no modo como Demi olhava para ele. — Quantas vezes você deu bola para algum idiota e ele partiu seu coração? Não estou dizendo que isso é culpa sua, mas durante todo esse período estive ao seu lado e tentei demonstrar meus sentimentos. Eu posso não ter verbalizado, mas nunca faltou amor em minhas atitudes para com você! Sempre demonstrei que te amava e você não viu nada em mim, nada além de um irmão.
— E como você pode ter tanta certeza disso? VOCÊ NEM AO MENOS TENTOU ME DIZER! — Ela gritou de forma frustrada e jogou o caderno com força no chão.
— EU SÓ QUERIA QUE VOCÊ FOSSE FELIZ! — Ele gritou rompendo em lágrimas logo depois e mesmo assim não conseguia tirar os olhos dela.
— SEU IDIOTA! E COMO EU PODERIA SER FELIZ SEM VOCÊ?! — Demi aproximou-se o suficiente para bater contra o peito dele com as mãos descontando toda sua raiva.
— EU NÃO SEI! — Ele segurou as mãos dela e respirou fundo tentando pensar com clareza em uma forma de amenizar aquela situação. — Porque estamos gritando? Droga, eu não quero brigar com você.
— Tarde demais, nós já estamos brigando. — Demi puxou suas mãos de volta e virou-se de costas para ele.

— Demi, eu não queria perder você e se isso significava te ver com alguém que não fosse eu, estava tudo bem desde que pudesse ter você na minha vida!
— Você não me conta nada e ainda reclama dos idiotas com quem sai? Você é mesmo um estupido, Joe! — Ela virou-se para ele. — Você deveria ter me contado!
— Você não entende, né? Não importa quantas vezes eu tente explicar, você não me entende!
— Não... é você que não me entende! Nós éramos amigos, não tínhamos segredos e você escondeu um de mim achando que eu não teria maturidade o suficiente para lidar com ele.
— Não é uma questão de maturidade, Demetria.

— Eu beijei você uma vez na festa de natal da Kehlani. — Joseph arregalou os olhos surpreso. — O mais engraçado disso tudo é que eu nunca me esqueci desse dia, enquanto você apagou e até esse momento não sabia de nada! Quer saber de algo mais engraçado ainda? Eu gostei do maldito beijo, mas você ficou tão paranoico sobre ter feito algo comigo que acabei não dizendo nada.
— Demetria, eu não...
— Eu ouvi você dizendo que me amava enquanto estava morrendo naquele maldito chão! Como ainda pensou se contaria ou não que me ama quando voltei para cá? Você ia mesmo me deixar ficar com o Jesse?
— Você gosta dele e não de mim!
— Como você pode ter tanta certeza?
— É com ele que você está!
— Ele terminou comigo e foi por sua causa! Eu precisei ouvir da boca de outro homem que você me ama, Joseph. E eu não quis acreditar, achei que ele estava inventando uma maneira de se livrar de mim, mas acabei pensando mais do que deveria no assunto e comecei a ligar os pontos. Eu senti medo, tanto medo dos meus próprias pensamentos e de como comecei a pensar em você!
— Você pensa em mim da mesma maneira que penso em você?
— Isso não faz diferença! — Demi caminhou em direção a porta, mas Joe lhe segurou pelo braço.
— Como não? Você acabou de dizer que...

— Eu não disse nada demais e se quer saber de uma coisa, acho que não merecemos isso. — Ela disse olhando para ele, seus olhos repletos de lágrimas que escorriam silenciosamente pelas bochechas.
— Isso?
— Um ao outro!
— E como pode ter tanta certeza sendo que nunca teve um relacionamento de verdade? — Ela soltou o braço do aperto dele e sorriu triste.
— Não é preciso ter um relacionamento de verdade para saber que duas pessoas que se amam verdadeiramente lutam uma pela outra. Olhe só para nós, fugimos um do outro e por medo não confessamos o que sentíamos! Não merecemos e você sabe disso só está com medo de admitir. — Demetria não precisou pedir para ele soltar seu braço, Joe fez isso e não impediu que ela fosse embora.

          Joseph permaneceu ali parado encarrando o vazio que ela deixou ao sair e não deixou de pensar na conversa que tiveram, talvez ela estivesse certa. "Se eu tivesse contado antes, tudo poderia ter sido diferente." Pensou consigo mesmo e sentiu as lágrimas escorrerem livremente por suas bochechas. Ele refletiu consigo mesmo e concluiu que foi um erro não lutar por ela no passado, mas não cometeria o mesmo erro deixando-a ir embora mais uma vez! Joe abriu a porta pronto para correr atrás dela, mas para sua surpresa Demetria estava ali do outro lado como se estivesse encarrando o vazio assim como ele.

— Você não foi embora. — Demi não disse nada, ela apenas o empurrou para dentro e tendo as mãos agarradas na camisa dele o puxou para si. A proximidade entre eles foi o suficiente para que seus lábios se reencontrassem depois de tantos anos e ao contrário de como foi da primeira vez... esse beijo foi voraz! Ela estava com raiva, mas não pareceu certo ir embora e quando ele abriu aquela porta, Demetria não conteve o impulso que tomou conta de si. Joseph levou alguns segundos para processar o que estava acontecendo, ele achou que ela lhe daria um tapa na cara ou diria mais alguma coisa que o quebrasse por inteiro, mas agora ela estava ali e parecia querer juntar todos os pedaços. Eles cambalearam juntos em busca de um ponto de apoio, esbarraram em alguns móveis até Joseph esbarrar na mesa da sala de refeições e foi ali mesmo que ele a colocou sentada. As mãos de Demi exploravam seu corpo por debaixo da camisa e ele sentiu deliciosos arrepios que o fizeram sorrir brevemente durante o beijo. Quando o ar faltou aos dois, eles se separaram brevemente e ofegaram enquanto se encarravam; suas mãos ainda estavam no corpo um do outro.

— O que estamos fazendo? — Ela perguntou após recuperar o folego.
— Shhh.... — Joe colocou o dedo indicador sobre os lábios dela e no silêncio que se seguiu aproveitou para beija-la mais calmamente dessa vez, Demi não apresentou resistência. Enquanto sentia o coração bater acelerado no peito só conseguia pensar em como podia ter recebido um beijo dela e se esquecido! Maldito seja o álcool.
— Joseph. — Ela disse baixo e soltou um suspiro quando ele beijou o canto de sua boca, bochecha e seguiu descendo até o pescoço.
— Fica comigo. — Ele disse ao pé de seu ouvido. — Eu sei que cometi muitos erros com você e peço perdão por isso, prometo que não vai se repetir. — Joseph afastou-se o suficiente para olha-la nos olhos e acariciar uma de suas bochechas com o polegar, ela parecia estar "flutuando" enquanto ouvia suas palavras.

— Papai, chegamos! — A voz de Joy ecoou pela casa e Joe ajudou Demetria a descer da mesa antes que ela os flagrasse. — Papai está em casa? — Joe olhou para Demi e ela sorriu fraco limpando um pouco de batom que havia nos cantos de sua boca.
— É melhor responder.
— Eu quero uma resposta sua. — Ele segurou uma das mãos dela e aqueles olhos esperançosos deixaram Demi ainda mais balançada! "Fica comigo..." essa frase ecoava em sua mente.
— Joseph, eu...

— Ai está o senhor e... ah, oi Demi! — A garota sorriu e ficou alguns instantes observando os dois meio amassados, ela ficou boquiaberta ao deduzir o que havia acontecido.
— Oi filha. — Joe disse um pouco envergonhado.
— Oi Joy. — Demi sorriu fraco sentindo as bochechas queimarem.
— Eu vou colocar as compras na cozinha, o.k? Finjam que não estou aqui. — Ela deu uma piscadinha para eles e saiu.

— Me desculpe por isso, eu deveria ter avisado que elas estavam para chegar.
— Tudo bem, eu preciso mesmo ir embora. — Ela tocou o rosto dele. — Joseph, eu preciso processar o que aconteceu aqui. O.k? Mas não pense que vou fugir de você, eu não tenho intenção de fazer isso.
— Tudo bem, eu vou estar esperando até você esteja pronta. — Ele respondeu após alguns instantes em silêncio e ela sorriu para ele.
— Obrigada. — Demi lhe deu um beijo na bochecha e o olhou fixamente por alguns instantes antes de sair.

          Demetria sentiu o coração apertar no peito enquanto afastava-se da fazenda, mas aquela era sua parte racional lhe dizendo que ela precisava respirar um pouco antes de mergulhar fundo! O mais confuso disso é que Demi queria. O gosto dos lábios dele ainda estavam nos seus, ela passou uma das mãos pelos cabelos e lembrou-se de como uma das mãos dele apertou ali quando ele finalmente reagiu ao beijo! A pele macia dele, o modo como os músculos se contrairão ao seu toque... mais um pouco e ela conseguia imaginar onde eles iriam parar. "O.k, você precisa de acalmar." Pensou consigo mesma enquanto dirigia para longe do lugar. O silêncio em algum momento lhe causou incomodo e ela já estava ficando angustiada por deixá-lo sozinho, então acabou por ligar o rádio e deixou que a música lhe confortasse pelo restante do caminho. Demetria não sabia exatamente para onde estava indo, mas em algum momento ela parou o carro e encarrou a casa de Jesse do outro lado da rua. Demi desceu do veículo, atravessou a rua e no exato momento que passou pelo portão, Jesse abriu a porta de casa segurando uma das alças da grande mala que havia feito.

— Oi. — Ele disse ao ser encarrado.
— Eu não sei o que estou fazendo aqui. — Demi confessou tentando entender as próprias razões de estar ali e falar com ele.
— Tudo bem, eu queria mesmo te ver e não sabia se isso seria possível. — Ele confessou surpreso.
— Você estava certo sobre o Joe. — Ela sorriu fraco. — Acho que te devo desculpas por todo transtorno daquela noite.
— Não, você não me deve desculpas. Eu fui levado pela emoção e foi errado da minha parte jogar tudo aquilo sobre você e ainda por cima insinuar que você sabia! Sinto muito se te magoei de alguma forma, eu realmente queria ter colocado tudo aquilo numa situação que não fosse gerar tanto transtorno, mas é que... você tinha que saber.

— O que me deixou nervosa foi o fato de já estar tendo algumas suspeitas e acho que fiquei com raiva de não ter percebido antes.
— Você falou com ele? — Demi o encarrou com uma expressão difícil de ser lida e Jesse repreendeu mentalmente a si mesmo por ser tão intrometido! — Não que seja da minha conta, mas você está de um jeito... acho que nunca te vi assim antes.
— Eu o confrontei depois de descobrir tudo por mim mesma e foi... intenso! Pedi um tempo para processar, mas tem uma parte de mim que não queria ter ido embora. Entende? Queria simplesmente ter ficado ali com ele. — Jesse sorriu para ela de forma gentil. — O que eu devo fazer?
— Vá para casa, descanse e se dê uma chance. O.k? Eu sei que as coisas vão estar em seu devido lugar em algum momento.
— Obrigada. — Ela agradeceu após alguns instantes. — Você foi sempre tão bom comigo, eu realmente te desejo o melhor!
— Eu sou grato pelo tempo que passamos juntos e também te desejo o melhor. — Demi lhe deu um abraço breve, ela sabia que ele provavelmente estava indo embora e por odiar despedidas, não prolongou-se tanto. Após aquela despedida silenciosa, Demetria fez seu caminho de volta ao carro e foi para casa. Durante o caminho ela refletiu sua ida até lá e sentiu o coração mais leve por não ter deixado as coisas terminarem de forma conturbada entre eles, Demi era o tipo de pessoa que não gostava de colecionar dentro de si magoa dos outros e por esse motivo aquele momento havia sido importante.

****

          O dia agitado e repleto de emoções passou rápido e antes mesmo que Joseph desse conta já era noite. Depois que Demi foi embora, Joe recolheu o caderno para si e o queimou sem ler uma única página; lembrar-se de como sentia-se naquela época era a última coisa que ele queria! Ele passou boa parte do tempo quieto, trabalhando ou se ocupando para não acabar pensando muito no que tinha acontecido, mas claro que foi em vão. Demi esteve em seus pensamentos e quem dera que fosse só ali... havia um pouco dela por toda parte! O cheiro do perfume dela estava impregnado em sua camisa, tanto que ele não resistiu e a cheirou após o banho. "Será que finalmente terei minha chance?" Pensou consigo mesmo.

— Papai. — Joy o chamou, mas não aguardou pela resposta e adentrou no quarto. Joe já vestia seu pijama, ele estava sentado na cama e virou-se sorrindo fraco para a filha, ela estava apertando os próprios dedos de forma apreensiva e pensava em como puxar conversa sem ser intrometida. — Posso me sentar com o senhor?
— Claro! Venha aqui. — Ele bateu no lugar vago ao seu lado e logo Joy estava ali sentada ao seu lado.
— Tudo bem?
— Eu estou legal, filha.
— Nós sabemos que isso não é verdade. Fala comigo, eu estou preocupada e sei que é por causa da Demi, o.k?

— Você se lembra de quando te contei sobre meus diários? — Joy assentiu, ela sabia que em algum momento o pai havia enfrentado um período difícil e precisou de acompanhamento psicológico. — Eu não sei como, mas Demi encontrou um deles na casa em que moramos durante nossa adolescência e por isso ela estava aqui, nele estava escrito explicitamente sobre meus sentimentos por ela.
— Achei que havia queimado todos.
— Eu também, mas estava enganado e para ser bem sincero com você, não era assim que imaginava que um dia ela descobriria. Queria ter contado, entende? Acho que assim ela não teria ficado com tanta raiva.
— Ela ficou com raiva?
— Irada!
— Pelo jeito que vi vocês dois, ela não me parecia estar com raiva. — A garota lhe deu uma cotovelada de leve e riu ao referir o beijo.

— Foi um ato impulsivo. Pelo amor de Deus, não pense que estou reclamando do beijo, mas a parte insegura que tenho me diz que as coisas não estão 100% resolvidas tá bom? Eu tenho medo de perdê-la outra vez e dessa vez vai ser por minha culpa.
— Você assim todo apaixonadinho é tão fofo. — Joy apertou-lhe uma das bochechas e Joe sorriu fraco pelo gesto, falar com ela era algo tão fácil. — Mas entendo sua insegurança, o senhor esperou muito por isso e quando finalmente tomou coragem para falar, ela acabou descobrindo. Eu não posso falar muito, ainda não me apaixonei por ninguém, mas pelo que aprendi sobre o amor... se for para ser seu, vai ser e ninguém vai te tirar isso, nem mesmo um erro do passado.

— Isso se parece muito com algo que seu avô diria. — Joe segurou uma das mãos da filhas e sorriu triste, Paul fazia ainda mais falta em momentos assim. Ele sempre tinha uma palavra de conforto e concelhos que na maioria das vezes ajudava bastante, mas agora Joseph precisava se virar sem tê-lo ali.
— Eu imagino que vocês juntos o deixariam muito feliz.
— Papai costumava me dizer coisas que quando paro para pensar, parece até que ele sabia que em algum momento tudo isso aconteceria ou pelo menos, ele esperava que acontecesse.
— Acho que ele era mais sábio que todos nós.
— Sim, não tenho dúvida disso. — Joy assentiu e acabou bocejando, ela estava cansada.

— Acho melhor eu ir dormir.
— Tia Julie já foi?
— Acho que sim, pai. Ela comentou comigo que provavelmente vai embora amanhã, mas que não faria isso antes de vocês conversarem e tudo mais.
— O.k, obrigado por me avisar e também por ter essa conversa comigo.
— Não precisa me agradecer.
— Você é minha melhor amiga, sabia? — Ele brincou e abraçou a filha dando vários beijos em sua bochecha.
— Papai! Papai que isso? — Ela riu. — Seu bobo!
— Eu te amo e espero que você nunca cresça. — Disse dramaticamente fazendo-a rir novamente.
— Eu também te amo, mas não posso prometer nada quanto ao meu crescimento. — Joy deu de ombros e lhe deu um beijo na bochecha antes de levantar. — Boa noite. Tente dormir um pouco, o.k?
— Eu vou dormir bastante, estou completamente esgotado! — Joe suspirou. — Boa noite. — A garota sorriu e olhando uma última vez para ele, saiu do quarto apagando as luzes.

BOSTON, 23:45

          Sophie estava sentada em um dos bancos da rodoviária esperando pelo ônibus, ela sentia-se cansada e ao mesmo tempo agraciada já que quem lhe acompanhou até lá foi um novo amigo de seu pai. Richard lhe foi apresentado logo que chegou na casa dos pais, ele era o novo vizinho e ao que tudo indicava, o novo "favorito" de seu pai já que ele fizera questão de que eles conversassem e se entendessem melhor. Seus pais sempre tentavam lhe apresentar alguém e esse era um dos motivos pelos quais ela não os visitava com tanta frequência, mas dessa vez ela não se chateou tanto. Diferente dos outros partidos, Richard possuía uma beleza digna de ser admirada, conversava bem e não parecia ter intenção alguma de estar ali apenas para paquera-la; algo que fez com que Sophie gostasse bastante dele. Em dois dias de conversa e flertes, eles jantaram juntos e acabou por rolar um clima! Clima esse que foi interrompido por um telefonema perturbador de Joy implorando para que ela voltasse. Sophie sentiu um enorme peso na consciência quando falou com a filha, ela estava seminua na cama de Richard quando atendeu aquele telefonema e aquela situação a fez repensar em como precisava ser cuidadosa com os homens com quem se envolvia. Ela era mulher, mas acima de tudo uma mãe e se ela se envolvesse com alguém "perigoso" estaria colocando sua filha em perigo também! Ela foi embora logo depois da ligação e até pensou que Richard não fosse querer vê-la tão cedo pelo ocorrido, mas ele pareceu não ligar muito e até preocupou-se com ela. Claro que graças aos seus pais, ele soube de sua partida e não hesitou ao oferecer-se para leva-la na rodoviária já que Sr. e Sra. Turner tinham um evento para ir.

— Eu queria ter mais tempo com você. — Ele comentou quebrando o silêncio em que estavam fazia cerca de alguns minutos.
— Eu também, mas minha filha precisa de mim.
— Ela se parece muito com você. — Richard sorriu e Sophie arqueou uma das sobrancelhas. — Seu pai fez questão de mostrar fotos da família, mas eu não o julgo. Se tivesse uma família tão bonita quanto a de vocês, não hesitaria em exibi-la para todos!
— Você não tem família?
— Acho que sou um homem com problemas de abandono. — Brincou.

— Talvez o seu problema seja se entregar rápido demais.
— Você acha que estávamos indo rápido demais?
— Não. — Sophie suspirou e olhou para ele. — O que quase aconteceu foi algo que eu queria também, mas acho que no momento estava pensando em me divertir e não em um relacionamento sério. As coisas devem ser diferentes quando se tem essa intenção, entende? Pelo menos é assim que eu penso.
— Você está certa, talvez eu deva repensar o modo como costumo agir.

— Você é um cara legal, o.k? Eu só não quero te dar falsas esperanças de ter algo comigo.
— Não acho que seria "falsa esperança". Você se esqueceu que trabalho viajando? Eu posso estar aqui agora e de repente... oh, posso estar na sua cidade! Não é impossível de acontecer, mas isso só depende de você.
— Depende de mim? — Sophie riu.
— Estou falando sério, basta um telefonema e eu vou. Não estava brincando quando disse que nunca conheci ninguém como você! Pense nisso, o.k? Eu quero te conhecer melhor.
— Eu vou pensar no seu caso. — A loira sorriu.
— Pensa com carinho. — Richard acariciou seu rosto e lhe deu um beijo na bochecha pegando de leve o canto de sua boca numa provocação excitante. O homem sorriu satisfeito ao ver aqueles olhos verdes se iluminarem graças ao seu charme, ele era tão bom nisso que ainda não sabia como sentia-se apreensivo por saber se estava ou não dando certo! Talvez fosse a situação que estivesse ficando cada vez mais difícil com as buscas ou o fato dele não ter dinheiro suficiente para sair do país no momento, mas ele daria um jeito; com sua nova identidade seria quase impossível que as autoridades conseguissem pega-lo e algo lhe dizia que seria apenas uma questão de tempo até ele conseguir dinheiro daquela família ou até mesmo da mulher.

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84 anos depois o capítulo saiu!
boa tarde meninas, tudo bem? eu estou legal, meu curso terminou e felizmente fui até o fim, então agora tenho mais tempo livre para escrever. eu tinha esse capítulo em mente faz tempo e esperar não foi fácil rsrs não tenho certeza se ficou do jeito que inicialmente eu imaginei, mas acredito que tenha ficado bom. então, espero que tenham gostado!
o proximo ainda não está escrito, mas acredito que a inspiração vai coloborar comigo e logo volto. o.k? eu sempre volto. ❤
respostas aqui |
obrigada pelo apoio. 
beijos


6 comentários:

  1. meu deus ate que enfim kkkk maravilhosos tomara que agora eles consigam ficar juntos amei demais esse cap

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  2. Amei essa declaração deles e que beijão deles haaha to pronta pra mais

    posta maiss

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  3. que lindos... achei fofo a demi ir se despedir do jesse

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  4. Meu Deus Jemi é um casal sofrido hein kkkkkkkkk

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  5. To amando essa fic...

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  6. Saudade de você Jessie.... Volta logo

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