You are me destiny: Capítulo 2 - He hates me

❝Sente minha falta como eu sinto a sua? Dormimos juntos e me apeguei a ti. Amigos também podem quebrar seu coração!❞

— Gnash

DIA SEGUINTE

PENSÃO DA EDNA, 06:15

          Demetria já estava acordada e arrumando quarto, quando Edna apareceu para avisar que havia uma pessoa na recepção procurando por ela. Demi ouviu com atenção os detalhes sobre a mulher e acabou por concluir que se tratava de Julie Andrews, irmã de Paul. Ela dispensou Edna, foi até o banheiro para prender o cabelo e depois trocou seu pijama por uma roupa casual. Descer até lá foi uma verdadeira luta! Demi sentia um turbilhão de emoções diferentes que não lhe permitiam pensar direito e ela sentia vontade de sair correndo para bem longe! Julia vestia um terninho elegante na cor preta e carregava uma bolsa, ela parecia estar vestida para o trabalho.

— Sra. Andrews. — A mulher que estava distraída lendo um panfleto se voltou para Demi e arregalou os olhos surpresa. 

— Demi! — Julie puxou-a para um abraço e ela retribuiu tentando entender como alguém poderia recebê-la de forma tão calorosa depois de tanto tempo. — Menina, você não mudou nada! Ainda tem o mesmo rostinho de bebê. — Disse após partir o abraço e acabou deixando Demetria sem graça. 

— Ah, hm... obrigada. — Ela sorriu fraco. — Você parece ótima!

— Obrigada, querida. 

— Sra. Andrews...

— Por favor, me chame de Julie. 

— Julie, como descobriu que eu estava aqui?

— Eu liguei hoje mais cedo e quem atendeu foi Edna, ela me disse que você estava aqui. — Explicou. — Não te vi na igreja e nem no enterro, você chegou a tempo? 

— Eu estava lá, mas preferi acompanhar tudo de longe. 

— Você poderia ter me avisado que viria. Eu faria questão de recebê-la na minha própria casa! Somos família. 

— Eu não quis e nem quero incomodar. 

— Não seria incomodo algum. — Ela sorriu e logo sua expressão ficou mais séria. 

— Então, a senhora veio falar sobre o testamento? — Demi perguntou sem conseguir conter sua ansiedade em saber sobre aquele assunto! 

— Sim, eu vim te buscar para a leitura do testamento que será aqui quarenta e cinco minutos na Fazenda Thompson.

— Na fazenda? — Demi lembrava-se da empolgação de Paul ao falar daquela fazenda em seus telefonemas semanais. Quando Demi foi embora, ele nunca deixou de ligar para ela! Foi uma pessoa presente mesmo estando longe e ela era muito grata por isso. — Eu não posso ir até lá. Não posso! Joe vai surtar no instante em que eu pisar meus pés lá, não posso fazer isso com ele.  — A ruiva atingiu o ápice do nervosismo andando de um lado para o outro e levando as mãos até sua cabeça. 

— Joseph é um homem crescido e maduro. Ele superou muito bem os problemas que teve depois da sua partida, o.k.? Você precisa estar lá. 

— E se eu não quiser?

— Sem você, sem leitura. — Demetria suspirou pesadamente. — Paul foi bem claro nos termos dessa leitura e sei o quanto pode ser difícil, mas precisa fazer isso. Se você for Joseph vai descobrir sobre você e se não for, ele vai descobrir do mesmo jeito! Eu passei uma semana tentando convencê-lo sobre essa leitura e caso seja cancelada, ele vai querer saber o motivo. 

— Ele me odeia. Eu sinto que odeia! Não acredito que Paul fez isso comigo, ele me prometeu que Joe não saberia sobre mim. — Demi parou de andar quando sentiu o nó se fechar em sua garganta, mas ela não queria fazer uma cena no meio da recepção e por isso segurou as lágrimas. 

— Meu irmão nunca fez nada sem pensar e não acredito que seja esse o caso, Demetria. — Julie aproximou-se e tocou o ombro dela numa forma de demonstrar apoio. — Vamos fazer o seguinte: Você vem comigo e espera no carro. Tudo bem? Eu aviso que tem mais uma herdeira e pergunto se Joseph sente-se confortável em recebê-la, dependendo da resposta você entra ou acaba ficando no carro. Sendo esse o caso de você ficar no carro, eu te conto aquilo que Paul te deixou e você está livre para fazer aquilo que quiser. 

— Eu não tenho outra opção, não é mesmo?

— Não, você tem que estar lá. — Demi ficou pensativa por alguns instantes e acabou assentindo. 

— Vou subir e pegar meu casaco. Importa-se de me esperar aqui?

— Claro que não, pode ir. — Julie sorriu gentilmente e Demetria rapidamente subiu para pegar seu casaco.

FAZENDA DA FAMÍLIA THOMPSON

07:00 HORAS

          A mesa da sala de refeições estava repleta de pães, bolos, biscoitos e outras delícias para o café da manhã. Joseph observava os amigos comerem enquanto bebericava o café preto e sem açúcar, era bom ver aquela casa cheia outra vez! Ele sorriu fraco consigo mesmo e deu outro gole no café.

— Ei, fala alguma coisa. — Mike disse dando um tapinha em seu ombro. 

— Me desculpe, estou apreensivo. — Joe encarrou o relógio. — Minha tia já deveria ter chegado! Ela sabe como detesto atrasos. 

— Relaxa, ela já deve estar chegando. — Mike o tranquilizou e sorriu. 

— Olha só, ele está sem reação até agora! — A risada de Zara ecoou pela cozinha e Joy acabou rindo dela. 

— Posso saber do que as senhoritas estão fofocando? — Ele perguntou com uma das sobrancelhas arqueadas. 

— Sobre os mimos, papai. — Joe riu. 

— Trouxemos comida para servir um batalhão. — Ariana sorriu enquanto servia-se de mais uma xícara de chá. 

— Aposto que esse bolo de chocolate não estaria sobrando se Niall estivesse aqui. Ele não dispensa bolo! — Hayley disse dando de ombros. — E eu também não. — Eles riram. — Quer bolo, amor? — A loira ofereceu para Kehlani, ela sorriu e assentiu.

— Você está tão calada, Keh. Aconteceu alguma coisa? 

— Não foi nada, apenas mais uma longa noite de trabalho. Eu invejo o rostinho de vocês sem nenhuma olheira! Ninguém aqui trabalha mais não? — Brincou ela. 

— Ontem eu fechei o salão mais cedo. — Ariana comentou. — Uma mulher saiu revoltadíssima de lá e nem me pagar ela queria, vocês acreditam? Eu disse que no momento não tínhamos maquiadora e ela havia dito por telefone que não tinha problema nenhum, mas lá no salão armou o maior barraco dizendo que tínhamos prometido algo e que não cumprimos com nossa parte!

— Eita! E como terminou esse barraco, Ari? — Zara perguntou sem conseguir controlar sua curiosidade. 

— Eu coloquei ela no devido lugar. Disse o seguinte: Nós não te prometemos nada, eu que falei com você no telefone e disse com todas as letras "Não temos uma maquiadora no momento. Vai fechar o pacote de diva mesmo assim? E sua resposta foi um sonoro "sim", pois trate de me pagar agora mesmo! Ela continuou xingando mesmo depois de pagar pelo serviço e disse até que ia me processar, eu mandei ela ir atrás dos direitos dela bem ciente de que tenho tudo gravado. — Ariana deu uma risadinha. — Esse povo que vem de fora acha que nossa fama de caipira é real, né? Não sabem de nada, coitados. — Eles riram. 

— Por isso eu prefiro trabalhar em casa atrás de um computador. — Zara comentou. — Lidar diretamente com pessoas é difícil!

— Nem me fale. — Kehlani revirou os olhos.

— Hoje vocês estão só o veneno, né? — Mike brincou. 

— Joy não seja como elas! — Joe riu. 

— Ela vai ser pior só pra você pagar com a língua. — Hayley brincou e eles riram novamente, tanto que quase não ouviram o som da campainha! Todos ficaram em silêncio quando ela foi tocada pela segunda vez. 

— Deve ser minha tia. — O tom de voz de Joe ficou um pouco mais sério. — Vou atender. — Ele se levantou e caminhou para fora da sala. 

— Acho que isso significa que o café terminou. — Mike levantou-se. — É melhor recolhermos essas coisas, vamos. — Todos assentiram em silêncio e ajudaram. 

          Joseph recebeu sua tia sentindo o coração doer um pouco, aquela leitura ia mesmo acontecer e ele sentia-se cada vez menos preparado para ouvir. Julie o abraçou de lado e eles caminharam em silêncio até onde os outros estavam. 

— Você está preparado? — Ela perguntou baixinho antes de chegaram na sala. 

— Não, mas prefiro que isso aconteça logo. Vai ser rápido?

— Isso só vai depender de você. — Joe arqueou uma das sobrancelhas e eles adentraram tendo todos os olhares voltados para eles. 

— Tia! — Joy levantou-se e foi ao encontro dela para cumprimenta-la, ela também chamava Julie de tia. 

— Olá querida. Tudo bem? — Elas se abraçaram. 

— Eu estou melhor. — A garota respondeu sorrindo fraco. — E a senhora?

— Também estou melhor. — Ela retribuiu o sorriso.

— Tia, convidei alguns amigos também e espero que não de importe. 

— Bom dia! — Ele disseram quase que em uníssono e Julie acabou rindo. 

— Bom dia. — Ela acenou para eles. 

— Podemos começar? — Joe perguntou apreensivo e Julie assentiu. Enquanto pegava o envelope na bolsa, ela observou que o sobrinho já caminhava para sentar-se ao lado da filha e dos amigos. Como falaria sobre Demi? Até aquele momento ela não havia pensado muito, mas agora sentia uma sensação tão estranha no peito! Talvez fosse melhor comentar sobre ela depois de ler. 

— O.k. — Julie respirou fundo e abriu o envelope. — Vamos começar. 

Eu, Kevin Paul Thompson, estando em perfeito juízo e em pleno gozo de minhas faculdades intelectuais, sem nenhuma interdição, na presença de (02) duas testemunhas a seguir qualificadas:
1. Julie Andrews
2. Richard Andrews
Livre de qualquer induzimento ou coação, resolvo lavrar o presente testamento particular no qual exaro minha última vontade, pela forma e maneira seguinte:

• PRIMEIRO: Para meu amado filho Joseph Thompson deixo minha fazenda, os animais nela presentes e veículos para que seja dado continuidade ao trabalho de plantio. Sei que ele cuidara do nosso bem mais precioso! 
• SEGUNDO: Para minha única e amada neta Joy Thompson deixo uma quantia em dinheiro que ela terá acesso ao completar 18 anos para que possa pagar uma boa faculdade. Escolha com sabedoria aquilo que vai ser, pequena!
• TERCEIRO: Para minha filha de coração Demetria Torres deixo minha casa do lago. Nenhum lugar é tão nosso quanto o nosso lar! 

Declaro não existir testamento anterior em qualquer de suas formas legais. Nada mais tendo a lavrar, dou por encerrado o presente testamento na presença das (02) duas testemunhas acima qualificadas, para as quais li a íntegra do que nele se contém que o confirmará em juízo, de conformidade com a lei. Dou, assim, por concluído este meu testamento particular.

• 11/20/2017

Kevin Paul Thompson.

       
          Julie terminou de ler e havia dois envelopes de carta em sua mão, ela estava esperando que Joe esboçasse alguma reação. Um minuto se passou, todos em volta olhavam para ele e nada! Até que ele despertou e se levantou com um olhar tão duro que até Julie assustou-se. 

— Ele deixou uma casa para ela? — Perguntou indignado. — NOSSA CASA PARA ELA! — Ele gritou. — A senhora quer me explicar que palhaçada é essa?

— Joseph é melhor você... 

— Não se meta, Mike! — Joe apontou para o amigo sem nem mesmo olhar para ele e isso fez com que os demais ficassem quietos. 

— Ele não tinha esse direito! Como deixou que ele fizesse isso?

— Seu pai sabia que não entenderia e por isso te deixou uma carta. 

— Uma carta? UMA MALDITA CARTA?! 

— Joseph, tente entender que... 

— Tentar entender, tia? Ele deixou uma casa para uma pessoa que foi embora e nunca se quer voltou aqui para visitá-lo! Ela não o considerava tanto assim ao ponto dele deixar uma casa para ela. — Joe levou uma das mãos até sua cabeça e virou-se de costas para Julie tentando controlar-se diante daquela situação. 

— Ele me deixou uma casa? — Julie olhou para atrás e deu de cara com Demi, ela estava com os olhos repletos de lágrimas. — Achei que fosse me chamar, mas não chamou e imaginei que como não teria uma forma fácil de explicar minha presença, seria melhor eu aparecer de uma vez. — A tensão na sala aumentou. Todos eles olhavam para Demi assustados! Menos Joseph, ele continuava de costas. — Oi pessoal. — Ela olhou para eles sem conseguir conter as lágrimas e apenas permitiu que elas viessem.

          O silêncio se instalou entre eles por incontáveis minutos, ninguém fazia ou dizia nada! Ariana levantou-se atraindo os olhares para si, ela passou pelos amigos tendo o estalar de suas botas contra o piso sendo o único som do ambiente e parou estando de frente com Demetria.

— Sua vaca, eu deveria ter dar uns tapas! — Ela puxou Demi para um abraço e logo Kehlani juntou-se as duas tendo Hayley logo atrás dela. 

— Eu sinto muito, meninas. Sinto muito mesmo! — Demi dizia baixinho não sabendo lidar com o carinho que estava recebendo! Ela esperava por alguns tapas e muitos palavrões, mas não esperava que fossem ficar felizes em vê-la. 

— Tudo bem, pequena. — Kehlani afagou as costas dela. 

— Nós entendemos e ficamos felizes em revê-la. — Hayley sorriu entre lágrimas e Demi retribuiu igualmente o sorriso. 

— Ficamos felizes? Vocês só podem estar brincando!  — Joseph finalmente criou coragem para se virar e Demi o viu pela primeira vez em tantos anos. Ele estava ainda mais alto e tão bonito quanto havia visto em seus sonhos mais loucos! Mas aquele olhar frio de desprezo conseguiu quebrá-la por completo. — Muito conveniente você aparecer aqui agora que meu pai está sete palmos de terra dentro de um caixão! Mas não pense você que vai ficar com nossa casa. 

— Eu não estou aqui pela sua casa! — Demi não sabia de onde sua voz tinha saído para argumentar com ele, mas ali estava ela e não deixaria que ele tivesse uma má impressão dela. 

— Joseph, pare com isso agora mesmo! — Julie colocou-se entre eles tentando evitar um conflito direto, mas isso irritou Joe ainda mais. 

— Quer que eu pare? Me diga agora mesmo o que ela está fazendo aqui! — A mulher apenas lhe entregou uma das cartas e virou-se para Demi entregando o segundo envelope para ela. 

— As respostas devem estar ai, eu não faço ideia do que está escrito nelas. — Julie recuou. 

— Leia! — Joe disse encarrando Demi, os olhos dele brilhavam por lágrimas de raiva e tristeza. — Você me deve isso. Leia! — Demetria olhou em volta, todos os outros "amigos" olhavam para ela com indiferença. Ela sentiu as mãos tremerem enquanto abria o envelope e as amigas recuaram um pouco para dar espaço para ela. 

— Demi, você não precisa fazer isso. — Julie disse e recebeu um olhar raivoso do sobrinho, mas ignorou e esperou que Demi respondesse. 

— Joseph tem razão, eu devo isso e vou ler. — Ela pegou o papel meio amarelado e encarrou as palavras nele escritas. 

"Querida, Demi. Se você estiver lendo essa carta significa que eu parti e só gostaria que soubesse que sou muito grato pelos anos que esteve conosco. Você é a filha que não tive. A menina dos meus olhos! Sei que você passou por muitos problemas com sua família e sei também o quanto isso te abalou, mas nunca sinta-se sozinha no mundo. Nunca sinta que não merece ser amada, você merece mais do que qualquer outra pessoa que conheço! Você é uma guerreira, sabe disso. Tenho muito orgulho de você por ter conseguido se tornar uma mulher independente, forte e determinada, mas seu lugar é aqui e por isso quis que você voltasse. Essa cidade é sua casa, as pessoas que você deixou quando partiu são sua família e elas precisam de você. Você também precisa delas! Eu te deixei uma casa para que recomece. Demetria, você merece uma vida e desejo do fundo do meu coração que entenda isso. Filha, eu te amo de coração!

Com todo amor do mundo, Paul. "

          Demetria dobrou o papel, guardou ele de volta no envelope e limpou as lágrimas. Ela estava ainda mais devastada! Joseph não tinha palavras, ele não fazia ideia do quanto seu pai amava Demi e parte dele não conseguia entender o motivo dele nunca ter falado nada.

— Não importa, não acredito em uma palavra que está escrita nessa carta e ao contrário do que ele pensa, eu não preciso de você! Eu te odeio. — Joe cuspiu as palavras e apontou o dedo para ela. — Saia da minha casa, eu não quero ver você nunca mais! Faça aquilo que você faz de melhor, fuja. — Discutir com ele seria em vão e ela sairia ainda mais machucada! Enquanto afastava-se das amigas e caminhava para longe, Demi tentava se convencer de que Joe só estava dizendo aquilo por estar magoado. Ele não era tão mal assim, era? 

— Vocês são inacreditáveis! — Ariana disse olhando para Joe, Zara e Mike. — Eu vou atrás dela. — Saiu rapidamente.

— Qual é o seu problema? — Kehlani questionou Joseph indignada pela atitude dele. — Demi ter aparecido aqui pode ter sido a melhor coisa que já nos aconteceu e você chuta ela para longe?! 

— Eu não vou discutir sobre ela com vocês.

— Vá se ferrar, Joseph! — A morena disse enfurecida e saiu pisando forte sendo seguida por Hayley. 

— Se mais alguém aqui concorda com elas é melhor sair agora. — Zara se levantou e ao contrário do que Joe pensou que ela fosse fazer, recebeu um abraço forte da loira. 

— Nós estamos com você, Joe. Nada do que ela disser vai mudar isso! 

— Acho melhor eu ir andando. — Julie juntou suas coisas e aproximou-se do sobrinho. — Você não foi justo com ela, Joseph.  —Joe não respondeu, ele não queria ser mal educado com ela. — Mas você é adulto e não vou te  passar um sermão. Apenas peço que leia a carta que seu pai te deixou, eu tenho certeza de que isso significaria muito para ele. — Ele assentiu. 

— Tia, eu te acompanho. — Joy disse levantando-se e saiu de braço dado com Julie. 

          Era possível ouvir as vozes e o choro que vinham do lado de fora, Joy queria entender aquela situação e por isso acompanhou Julie. Quando elas estavam perto da porta, a garota virou-se e perguntou:

— Quem é ela? 

— Ah querida é uma longa história e eu infelizmente preciso ir se não quiser me atrasar. — Joy não escondeu seu desapontamento. — Mas talvez possa perguntar para sua mãe, ela sabe quem Demi é e o quanto ela significou para o seu pai. 

— Eu nunca vi ele tão bravo assim. O que ela fez foi tão grave assim?

— Sim, mas ela não tinha intenção de machucar ninguém além de si mesma. 

— Não consigo entender. — Julie sentiu o coração apertar pela inocência nos olhos da menina. — Isso minha mãe pode me explicar também?

— Sim, ela pode e tenho certeza de que vai. O.k.?

— O.k., obrigada. — Ela sorriu fraco e recebeu um beijo na bochecha. 

— Cuide-se, Joy. — Julie despediu-se. 

— A senhora também. — Joy observou-a partir e depois correu para uma das janelas para assistir de longe Demi sendo amparada pelas amigas.

          Ariana teve trabalho para fazer Demetria parar de andar e ouvi-la, ela estava inconsolável por causa das palavras de Joseph. Agora ela estava sentada em um banco de madeira perto da porteira da fazendo, ali era longe o suficiente da casa e elas não corriam o risco de Joe aparecer para causar mais estrago.

— Eu deveria voltar lá e acabar com ele! — Kehlani disse cruzando os braços, ela estava muito irritada e não conseguia se quer entender como Joe pode ser tão cruel. 

— Não vai fazer isso, amor. — Hayley falou calmamente e tocou o ombro da outra. — Tivemos emoções o suficiente por hoje! Você não acha?

— Eu sabia que ele viria com tudo para cima de mim e mesmo assim vim até aqui. Foi um risco que corri consciente do estrago e não deveria ter envolvido vocês nisso! 

— Já estávamos envolvidas. — Ariana disse enquanto afagava as costas dela. 

— Desde quando está aqui?

— Faz uma semana. — Demi comentou baixinho. 

— UMA SEMANA? — Kehlani perguntou indignada. — Todo esse tempo e não procurou nenhuma de nós?

— Eu passei anos sem dar um sinal de vida! Como poderia voltar e bater na porta de vocês dizendo: "Ah, oi. Voltei! Pode me arrumar um lugar para ficar?" 

— Faz sentido. — Kehlani suspirou. — Me desculpe por me exaltar, não foi minha intenção. 

— Acho que todas nós só estamos entendo entender. — Hayley comentou pensativa. — Ficou claro que você voltou pelo Paul, mas ainda sim parece que falta peças no quebra-cabeça. 

— Ele foi a única pessoa com quem mantive contato. — Demi respondeu um pouco mais calma. 

— Porque ele?

— Ele sabia sobre o meu pai biológico. — Ela suspirou. — É uma longa história e lamento por nunca ter contado nada para vocês. Éramos adolescentes e eu tinha problemas grandes demais, não queria afastar ninguém com todo drama que estava rolando na minha família! Eu sinto muito. 

— Nós quase perdemos você por causa disso, Demi. — A voz de Ariana veio carregada de emoção. — Eu não quero que isso aconteça outra vez! Então, por favor, confie em nós para contar qualquer coisa que precisar. Está bem? — Demetria assentiu e abraçou Ariana de lado. 

— Está bem, eu prometo!

— Ótimo. — Kehlani abraçou o próprio corpo por causa do frio.

— Onde você está hospedada? — Hayley perguntou. 

— Numa pensão no centro da cidade. 

— Vem ficar na nossa casa. — Kehlani pediu sem hesitar. — Eu faço questão!

— Não quero atrapalhar vocês duas, eu estou bem na pensão. 

— Eu moro sozinha, pode ficar comigo se quiser. — Ariana sugeriu. 

— Você não vai atrapalhar nenhuma de nós. 

— Meninas, eu agradeço muito. — Demi secou as lágrimas. — Mas eu preciso pensar. O.k.? De verdade, acho que as coisas estão acontecendo rápido demais para um único dia. 

— Tudo bem, então te damos uma carona. Você aceita? — Ela assentiu e Kehlani sorriu. — Vamos pegar o carro. — A morena entrelaçou os dedos aos de Hayley e as duas caminharam juntas para buscar o veículo.

— Demi? 

— Sim. 

— Me passa o seu número de celular? 

— Eu estou sem celular no momento. — Ariana arqueou uma das sobrancelhas surpresa, mas era verdade. Demi ficou numa situação muito difícil quando descobriu que foi roubada e até o aparelho foi vendido para que ela conseguisse algum dinheiro! Era isso ou ficar sem um tustão. — Mas pode ligar na pensão, eu não sei o número de cabeça, mas se jogar na internet vai aparecer. 

— Por onde você andou todo esse tempo, Demi? — Ariana perguntou. 

— Perdida. 

CONTINUA

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boa tarde meninas, tudo bem com vocês?

eu estou ótima, maravilhosa, me sentindo super! esse capítulo estava na minha cabeça desde o dia que postei a sinopse e escrevê-lo me deixou muito satisfeita. como virão ali no título tem continuação e no próximo pretendo explicar o motivo da demi ter partido e também o motivo pelo qual o joe guarda tanto ressentimento dela. (alguém arrisca alguma teoria???)

enfim, gostaram do capítulo? o parquinho pegou fogo e essa treta ainda vai render!

como prometido e dessa vez cumprido, rs...

 respostas aqui, aqui e aqui também

por hoje é só, mas em breve com o próximo!

beijos.