Capítulo 2

08h00 da manhã

          Demetria mexeu-se na cama, abraçou o travesseiro e abriu lentamente seus olhos. Através de uma pequena abertura na cortina o sol penetrava sua janela e iluminava certa parte do quarto. Ela fechou os olhos e pensou em dormir mais cinco minutinhos, mas desistiu quando olhou para seu violoncelo. Demi estava de férias, mas estava tão acostumada com sua rotina de ensaios matinais que simplesmente não conseguia quebrar as regras. Ela caminhou até o banheiro, fez sua higiene matinal e tomou uma ducha. Depois vestiu um vestido fresquinho de verão e desceu para a cozinha. Conforme ela descia as escadas era possível ouvir a música que vinha do apartamento ao lado, ela riu, Michelle provavelmente estava sozinha em casa.
          Na cozinha, Demi optou por comer torradas e tomar uma bela chicara cheia de café, nada muito demorado. Após lavar a louça que sujou, ela subiu novamente para seu quarto e pôs-se a ensaiar. Estava tão apta que nem era preciso ter as partituras de algumas músicas, elas simplesmente ganhavam vida atráves dela! O ensaio de Demi durou cerca de 25 minutos até o telefone tocar. Ela até tentou ignorar o aparelho, mas acabou atendendo. — Alô.
— Demi?
— Oi Van, tudo bem?
— Poderia estar melhor e você?
— Até o momento bem, o que aconteceu?
— Não sei por onde começar, mas a noticia não é muito boa. — Demi se sentou imediatamente, seu coração começou a bater mais rápido e por algum motivo ela estava desesperada!
— Se lembra... obviamente você vai lembrar, mas se lembra do Sterling?
— É claro que eu me lembro dele, o que aconteceu?
— Ele morreu, Demi.
— Assim de repente? — Ela disse com a voz afetada.
— Estava num site na internet, ele sofreu um acidente de carro.
— Oh meu Deus. — As lágrimas começavam a rolar — Ele era um homem tão bom, não merecia um fim tão trágico.

— Eu sinto muito por ligar logo cedo e espalhar a desgraça, mas algo na noticia me chamou a atenção.
— Tudo bem, eu saberia de um jeito ou de outro, não é mesmo? — Ela secou as lágrimas com a barra do vestido — E o que seria?
— Ele tem uma filha.
— Era de se esperar, né? Ele tocou a vida dele... nós tocamos a vida.
— Você não está me entendendo, Demi.
— Então, explique direito. — Suspirou.
— Eu pesquisei sobre a garota.
— Vanessa, você ficou louca?! Olha, vamos esquecer essa história. O.k? Vai ser melhor assim. Eu nunca vou me perdoar por ter o magoado tanto, mas Deus sabe o quanto eu o amei! Agora, chega.


— Ela tem 17 anos, Demi.
— Sterling era um jovem atraente era de se esperar que ele não ficasse tanto tempo sozinho, agora se não se importa... eu vou desligar.
— O nome é Karla Camila... — Demi já havia desligado — Droga, Demetria! — Vanessa bufou — Existe uma pequena possibilidade ou eu estou ficando louca!
— Ela só pode estar ficando louca... louca!

          Demi se levantou e jogou seu telefone na cama. Ela guardou o instrumento, pois o clima para ensaiar havia acabado! O que Vanessa queria dizer com tudo aquilo? Que a filha era dela também? Um arrepio lhe percorreu a espinha. — Não, não é sua. Sua filha esta enterrada embaixo de 7 palmos de terra, Demetria! — Disse a si mesma e desceu as escadas. Ela precisava de ar puro, aquela loucura toda mexeu com ela. Demi saiu tão bruscamente de seu apartamento que acabou por esbarrar em Joseph e derrubar suas compras.
— Uou! — Ele segurou a amiga pelos ombros e sorriu — Tudo bem com você?
— Desculpe-me, Joe. — Disse sem graça — Eu acho que acordei com o pé esquerdo hoje, apenas isso. — Ela agachou-se com cuidado e o ajudou a recolher as compras.
— É claro, você esta de férias e mesmo assim está acordada tão cedo! Demi, você precisa aproveitar seu tempo livre e relaxar.
— Você também está de férias e está acordado. — Arqueou uma das sobrancelhas.
— Bem, eu tenho uma pimentinha que precisa de cuidados. — Eles riram — Mas se não fosse por isso... eu estaria no quinto — Ok, Benetti. — Sorriu fraco — Não vou tomar mais do seu tempo.
— Você tem certeza de que está tudo bem?
— Está sim, eu só preciso de um pouco de ar fresco. Depois conversamos, pode ser?
— Como quiser. — Piscou e Demi saiu.

**

          Joseph adentrou em seu apartamento, dirigiu-se até a cozinha e colocou as compras em cima da mesa. A música estava alta e ele seguiu o barulho até o quarto da filha, Michelle estava arrumando o quarto e dançando ao mesmo tempo. Ela nem notou a presença do pai, mas notou quando ele desligou o som e cruzou os braços. — Michelle Benetti Keller, o que eu já falei sobre ligar o som muito alto? Temos vizinhos, esqueceu-se disso? Eu não estou nem um pouco a fim de levar bengaladas da sindica novamente! Fui claro?
— Você disse que não podia, mas nem estava alto assim. Não me esqueci dos vizinhos, mas não entendo o motivo de tanto "mi mi mi"! — Ela fez careta — Quando a Demi esta ensaiando... ninguém reclama e quando euzinha aqui estou ouvindo música, Deus e o mundo vem reclamar!
— Nada de usar o nome do senhor em vão! — Ela revirou os olhos — O que você ouve não é música... é barulho! A música que Demi toca é extremamente agradável e todos adoram.
— Vocês são muito chatos, isso sim!

— Pelo visto alguém vai ter uma conversa com a pastora Ally!
— NÃO! — Ela abraçou o pai — Eu prometo não fazer de novo, por favor. Tudo menos a pastora Ally!
— Minha filha, ela é muito simpática.
— Ela é, mas ama tanto Jesus que chega a assustar!
— É assim que deve ser, não?
— Sim, mas existem muitas outras coisas sobre as quais podem ser faladas e ela não fala.
— Ela sabe o que diz, sem mais! — Joe acariciou os cabelos da filha e observou o quarto organizado. — Ótima arrumação, bebê.
— Obrigado, pai.

— Está com fome? Comprei pão e alguns frios, suco e nutella.
— Nutella? — Os olhos dela brilharam.
— Isso mesmo, vamos tomar café?
— Vamos. — Sorriu e caminhou abraçada com ele até a cozinha.

**

          Demi caminhou sem rumo pelas ruas de seu bairro e até passou em frente a escola onde ela dava aulas. Alguns alunos correram para abraça-la, trocar algumas palavrinhas e até mesmo tirar foto! Depois de despedi-se dos alunos, ela voltou a sua caminhada. A intenção era arejar a cabeça, mas não parecia estar funcionando... Ela estava a milhas de distancia de si mesma, presa apenas em suas lembranças do passado! Sterling, amor e Camila. Todos esses anos Demi tentava simplesmente aceitar o fato de que sua filha estava morta, sempre mantinha isso firme para si, mas chegava a ser frustrante. Era impossível não imaginar como sua pequena garotinha estaria agora... alta, pele clara, cabelos longos, olhos provavelmente castanhos e lábios perfeitamente desenhados. Imaginar que sua vida poderia ser diferente agora, não que ela não estivesse feliz. Tinha reconhecimento, mérito, uma carreira solida e um emprego de causar inveja a muitos, mas ainda lhe faltava algo. Ela suspirou, piscou um pouco e deu meia volta caminhando de volta para casa. Falaria com Joe e com certeza de sentiria melhor!

**

          Joseph estava de bermudão estilo surfista, sem camisa e de avental. Entre alguns passos de dança para lá e outros para cá ele adiantava o almoço. FourFiveSeconds tocava num volume razoavelmente baixo e ele podia dar seu show sem ter medo de ser feliz! Michelle havia saído a alguns minutos para a casa de sua amiga Normani. Três batidas na porta o fizeram parar e desligar o som, novamente três batidas e Joe desligou a panela de macarrão. Quando abriu a porta, Demi praticamente se jogou nos braços dele! — Eu sabia que você não estava bem. — Ele afagou suas contas — Vamos entrando. — Fechou a porta e caminhou com ela para a sala.
— Gostei do avental. — Ela riu baixinho.
— Bem... — Joe ficou sem jeito e jogou a peça de lado — Menos gay agora? — Demi assentiu e balançou a cabeça — Tudo bem, o que está acontecendo?
— Se lembra do Sterling?
— Seu namorado no passado, certo?
— Sim, ele mesmo.
— Não vai me dizer que ele bateu na sua porta hoje cedo, bateu?
— Ele bateu nas portas do céu, Joe. Sterling faleceu. — Ele arregalou levemente os olhos — Vanessa disse que viu tudo num site na internet.
— Você viu também?
— Acho que não suportaria, mas tem mais. — Joe assentiu — Ela disse que ele deixou uma filha de 17 anos.
— Sim, mas era de se esperar.
— Foi o que eu disse, mas Vanessa faltou dizer que era minha.


— Ela ficou louca?! Não se brinca desse jeito. — Joe ficou perplexo.
— Van nunca brincaria isso, você conhece ela.
— De qualquer forma, Demetria. Se ela tem as hipóteses malucas dela que se dane! Vanessa sabe que é um assunto delicado para você, nós sabemos, eu só acho que ela deveria medir as palavras dela. — Joe suspirou e abraçou Demi de lado.
— Eu pensei em tanta coisa...
— Eu sei que pensou, mas você sabe que infelizmente não é verdade. A realidade é essa e você precisa manter seus pés bem fincados no chão para não perder o foco. — Joe sentiu as lágrimas dela molharem seu ombro e plantou um beijo em sua testa — Tudo bem, vai ficar tudo bem.
— Obrigado por isso, Joseph. — Demi sussurrou — Não sei o que faria sem você. — Ele apertou um pouco mais o abraço.
— Eu amo você, minha pequena — Sussurrou de volta para ela e Demi sorriu.
— Eu também te amo, Benetti. — Ela secou as lágrimas e olhou para ele. Os olhos dele tinham um brilho encantador e ele esboçava um pequeno sorriso.

— Se sente melhor?
— Muito.
— Que tal terminarmos o almoço e comer? Acho que Michelle irá almoçar na casa da amiga.
— Será uma honra desfrutar de seus dotes culinários. — Demi disse animada. Joseph fazia uma comida de deixar qualquer mulher no chão! Era simplesmente divina.
— Então, vamos lá. — Eles se levantaram do sofá. Joe foi na frente, pegou o avental e seguiu andando indicando o caminho já conhecido por Demi.

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não me matem, o capítulo ficou quebrado pq eu simplesmente não consegui continuar BUT! :(

mas eu vou trabalhar na continuação, o.k? aguardem. o capítulo ficou grande, então ninguém vai me matar O/ respostas aqui | aqui espero que tenham gostado ♥ até o próximo. 

 

vim para destruir os sentimentos de vcs! :")