29/12/2018

You are my destiny: Capítulo 7 - To meet me again



❝Está tudo bem eu ter dito tudo isso? É normal que você esteja na minha cabeça? Porque eu sei que é delicado.❞
— Taylor Swift


DIA SEGUINTE
FAZENDA THOMPSON, 10:00

          Joy acordou graças ao despertador insistente do celular, ela havia perdido a conta de quantas vezes ignorou o alarme mas mesmo assim ele tocava de dez em dez minutos! A garota esfregou os olhos, resmungou e levantou-se, ela precisava saber sobre o encontro do pai com Demetria. Joy pensava que talvez tivesse sido estranho já que Joseph tinha sentimentos por ela no passado, mas se ele escondeu aquilo dela por anos, provavelmente não falaria sobre esse sentimento na primeira oportunidade. Certo? De qualquer forma, ela estava curiosa e por isso apressou-se em fazer sua higiene matinal. Joy caminhou apressadamente para fora do quarto enquanto prendia os cabelos num coque, ela ainda vestia pijama e as pantufas permitiram que seus passos soassem silenciosos ao descer os degraus da escada. O cheiro que vinha da cozinha fez o estômago da garota roncar! Joseph cantarolava uma música que tocava no rádio, ele amava ouvir James Taylor enquanto fazia panquecas.

— Bom dia. — Joy disse ao aproximar-se dele sorrindo.
— Bom dia, anjo. Dormiu bem? — Ele estava de bom humor! O jeito que ele falava e sorria entregava tudo, aquela conversa havia sido muito boa.
— Sim e o senhor? — Ela pegou uma xícara e serviu-se de leite.
— Muito bem. Quer panquecas?
— Sim. Tem calda? — Joe apontou para uma das prateleiras e ela pegou antes de sentar-se na bancada. — Valeu!

— Ei, vamos comer na mesa. — Ele apontou e Joy revirou os olhos descendo do balcão.
— Eu aqui faminta e o senhor fazendo questão de comer na mesa? — Ela brincou. — Vamos logo! O senhor está me devendo os detalhes de ontem.
— Sabia que estava curiosa.
— Eu sou sua filha, não sou?
— Vou fingir que não ouvi isso. — Joseph riu, colocou as panquecas no prato e caminhou com Joy até a sala de refeições.
— Pronto! — A garota disse ao sentar-se e Joe sorriu. — Desembucha.

— Quando cheguei ela não estava e esperei lá por duas horas.
— No frio e na chuva?
— Eu pouco senti, sabe? Só estava esperando o momento em que ela chegaria para falarmos sobre o que aconteceu de uma vez por todas. — Joseph deu de ombros observando-a comer, ele já havia tomado café mais cedo e depois feito suas tarefas. — Muitas coisas passaram pela minha cabeça, eu estava muito confuso e achei até que acabaríamos brigando.
— Mas não brigaram, né?
— Não. — Ele sorriu para tranquiliza-la. — Ela chegou e me fez esquecer tudo aquilo que estava pensando, eu só consegui acompanhá-la para dentro. Demi ficou desconfiada sobre minha presença, ela achou que estivesse ido pela casa e ficou surpresa por saber que fui por ela.
— Eu imagino. — Joy comentou sem tirar os olhos dele, ela estava atenta na história contada pelo pai.
— Demetria me falou que estava tentando me proteger e que não foi embora por querer,  ela foi coagida pela mãe dela. Ela me contou coisas que aconteceram, coisas muito ruins e que nunca pensei que poderiam ter acontecido! Fez com que eu me sentisse um pouco acuado por pensar que ela teve escolha nisso tudo, quando na verdade não foi bem assim... eu sofri, mas isso não anula o sofrimento dela ou de qualquer outra pessoa. Demi continua sendo ela mesma apesar de todos esses anos e isso me deixa feliz, filha. A amizade dela significou muito e ter isso de volta agora é quase como uma benção.

Poxa, você foi mesmo apaixonado por ela. — Joy comentou baixinho.

— O que disse? — Joe perguntou confuso, ele não havia escutado as palavras da filha.
— Eu? Eu disse que você foi mesmo alguém especial na vida dela.
— Vou apresentar vocês duas, eu tenho certeza de que vão se dar bem. Você quer conhecê-la?
— Sim, eu quero! Vai ser legal. — Joy sorriu. — Fico feliz que tenha feito o que te pedi.

— Eu também. — Joe retribuiu o sorriso da filha. — Então, quais são os planos para hoje?
— Podemos ir passear no centro, almoçar e tomar sorvete. O que acha? Assim podemos conversar sobre você e como estão indo as coisas na escola.
— Temos mesmo que falar da escola? Eu passo cinco dias por semana lá. — Ela fez uma careta e Joe arqueou uma das sobrancelhas.
— Nós não temos segredos, certo?
— Você sabe apelar para o lado emocional. — Joy disse dramaticamente e levantou-se da cadeira. — Eu vou arrumar minha cama e depois me troco, o.k?
— O.k, enquanto isso vou arrumar as coisas por aqui.


APARTAMENTO DA ZARA, 12:00

          Camila estava sentada na cama da amiga em meio as roupas e acessórios espalhados pela cama, Zara estava escolhendo as peças para uma sessão de fotos. Ela estava focada no trabalho e longe do whats app para não arrumar confusão! A distância das redes sociais preocupou Camila e por isso ela decidiu ver como a loira estava.

— O que acha desses dois? — Zara estava dando voltas e voltas para não falar o nome de Demi. Camila não podia julgá-la, ela mesma havia evitado falar sobre Demetria com Mike, mas acabou não aguentando e eles acabaram conversando! Foi como tirar um peso de anos de dentro do coração.
— Zara, você fica linda com qualquer roupa. — Mila sorriu fraco.
— Saudade de quando éramos todos sinceros. — Ela riu sem vontade.

— Amiga, fala comigo. Como você está?
— Como eu deveria estar, Mila? — O som da campainha ecoou pelo apartamento e ela revirou os olhos. — Já volto. Escolha um dos jeans! — Ela apontou para as calças e saiu deixando Camila sozinha no quarto.

          As vozes ficaram altas e não foi preciso levantar para ver o que estava acontecendo, Zara adentrou no quarto de cara fechada e Niall veio logo atrás. Ele estava com uma caixinha em mãos e pareceu surpreso ao ver Camila ali, ele nem se lembrava da última vez que havia falado com ela.

— Oi. — Ele disse sem jeito.
— Oi Niall, tudo bem? — Ela levantou-se e eles se cumprimentaram.

— Se veio aqui para falar daquela lá entra na fila!
— Eu não vim falar de ninguém! Não posso simplesmente passar aqui e ver como você está?
— Qual é o problema de vocês? Eu estou ótima.
— Z, eu sei que não é bem assim. É um direito seu, ninguém pode dizer como você deve se sentir. — Zara suspirou, ele era tão bom em dizer algo certo no momento certo! — Isso é algo que comprei no caminho. — Ele lhe entregou a caixa decorada e ela sorriu fraco, chocolate branco de sua marca favorita. Tinha como não amá-lo?
— Isso é suborno. — Ela riu baixo e sentiu o nó se formar em sua garganta. — Que droga! — A loira pegou um bombom e colocou na boca. — Eu fiz tanto pelo Joseph naquela época, ele estava quebrado e todo mundo preferiu fingir que nada aconteceu. Eu não consegui fingir! Ele me contou tanta coisa e prometi nunca mais deixar nada e nem ninguém machucá-lo daquele jeito. — Zara sentou-se na cama e logo os amigos estavam um de cada lado dela para lhe dar consolo. — Demi vai partir o coração dele, todo mundo aqui sabe e eu saio de ruim por não ignorar isso? A mãe dela partiu o coração do Paul, ela saiu daqui sem ao menos se importar com ele e acham mesmo que Demi é diferente?! Não podemos deixar isso acontecer... Nós não podemos!
— Zara, ela não é como Dianna assim como nós não somos como nossos pais. — Niall falou cautelosamente afagando-lhe as costas.

— Eu quero saber o que aconteceu. — Camila desabafou e Zara encostou a cabeça no ombro dela. — Quando soube que ela estava de volta, tudo que consegui pensar foi naquele dia e em como encontramos Joe. Todos nós ficamos sem entender nada! Eu quero saber de tudo e perdoá-la caso ela mereça, vocês entendem meu lado? Acho que não devemos ser precipitadas e negar isso para ela ou podemos nos arrepender disso um dia, Zara.
— Carreguei nosso grupo nas costas durante anos. — Ela sentiu as lágrimas da loira molharem seu ombro. — Não vai ser qualquer história que vai me convencer.
— Niall, você poderia ao menos...
— Não, eu não vou contar nada. — Ele se levantou e cruzou os braços. — Acha mesmo que por um momento não senti raiva quando soube? Todos nós cometemos erros e se tem algo que eu digo é que quando ouvirem o que ela passou... ah, vão se questionar sobre tudo! O nosso problema foi pensar que ela teve escolha. Demi não teve escolha e talvez, talvez algo tivesse sido diferente se nós tivéssemos percebido que algo estava errado com ela. — Niall fez uma pausa. — Mas talvez se isso não tivesse acontecido, nós não seriamos as pessoas que somos hoje! Todos nós mudamos depois daquele dia e eu quero acreditar que tenha sido para melhor. Então, por favor... não me peçam para contar coisas sobre ela. O.k? Eu não sou o tipo de amigo que sai falando coisas sobre os outros e vocês sabem disso.

— Me desculpe, eu não deveria ter pedido isso.
— Eu entendo o seu lado e está tudo bem. Realmente não é fácil, nada nessa vida é, mas ela merece uma oportunidade. — O celular apitou no bolso, ele verificou e sorriu breve. — Preciso ir trabalhar. Apenas, pensem em tudo! Amo vocês. — Ele despediu-se delas com um beijo na bochecha.
— Também te amamos. — Zara respondeu.
— Sim, muito. — Camila sorriu para ele. — Se cuide, o.k?
— Vocês também. — Ele deu uma piscadinha e passou pela porta.


LEWIS DINNER, 13:30

          Demetria sentia o estômago roncar enquanto analisava o cardápio do restaurante, ela e Ariana estavam no horário de almoço. A loira fez questão de leva-la no melhor restaurante da cidade e ela ainda estava tentando lidar com tamanha gentileza! Ari falava animadamente sobre seus pratos favoritos e Demi só conseguia rir da empolgação dela, tudo ainda parecia bom demais para ser verdade.

— Já escolheu? Acho que vou pedir apenas salada, eu não estou com tanta fome. — Ariana colocou uma das mechas de cabelo atrás da orelha e desviou os olhos do cardápio para Demi.
— Tradicional com fritas. — Seus olhos encontraram os de Ariana e ela sorriu.
— Ótima escolha! — Ela fez um sinal para o garçom que aguardava o pedido delas e após ele sair com os pedidos, Ariana voltou-se para ela sem conseguir conter sua curiosidade.

— Kehlani ou Hayley?
— Kehlani. — Ari riu baixo ao entregar qual das meninas havia lhe contado sobre a visita de Joe. — Eu liguei para saber se Sophie havia ligado para ela também e uma coisa acabou ligando outra, não pense que estamos fofocando sobre isso. — Demi riu. — Como foi?
— Eu tomei um susto com ele! Já achei que era algum tarado.
— Felizmente essas coisas são difíceis de acontecer por aqui.
— Onde eu morei não, então digamos que eu tenha feito algumas aulas de defesa pessoal e tenha visto um homem tarde da noite na minha varanda. Ele poderia muito bem ter ganhado um chute no saco! Seria constrangedor e provavelmente, ele ainda me odiaria. — Ariana riu novamente. — Enfim, ele me assustou e eu não tive reação por um tempo. Eu pensei que ele estava lá para brigar pela casa e não queria brigar com ele, então fui curta e grossa com ele. Quando Joe falou que não se tratava da casa e sim de mim, pensei: "Meu Deus, isso está mesmo acontecendo?" Nós conversamos, eu contei o que ele precisava saber e nós estamos de bem novamente. Ele até me abraçou! Eu nunca pensei que fosse ser abraçada por ele tão cedo e foi tão bom, Ari. — Demetria sorriu. — Acho que aos poucos vamos nos tornar "irmãos inseparáveis" novamente.

— Eu fiquei muito apreensiva para saber como foi e quando você chegou toda sorridente no salão, confesso que fiquei mais aliviada. Ainda estou chateada pela cena dele na leitura do testamento e espero que tenhamos uma oportunidade de conversar, mas fico feliz que ele tenha se resolvido com você! — Ariana sorriu. — Mas me fala, foi estranho encarrar ele depois de tanto tempo? Quando você foi embora nós éramos adolescentes e agora ele é um homem! Me fala, qual foi a sensação?
— Ele está ainda mais bonito. — Demi corou ao dizer aquilo, pois Ariana olhava para ela com uma malicia nunca vista por ela antes! Realmente todos haviam crescido e mudado bastante. — Ari! — Demetria riu envergonhada. — O que quer dizer me olhando desde jeito?
— Eu? Eu não estou te olhando diferente.
— Claro que está! Olha, eu só disse que ele está bonito e isso não é nada demais. — Demi conteve um pouco o tom de voz por causa das pessoas ao redor que já estavam olhando para elas.
— O.k, digamos que eu só tenha viajado brevemente nos meus pensamentos. — Ariana deu de ombros e sorriu.
— Nunca pensaria desse jeito nele e tenho certeza de que é recíproco. — O silêncio de Ariana deixou algo no ar e ela pareceu pensar em dizer algo, mas elas foram interrompidas por alguém inesperado.

— Oi meninas. — Jesse sorriu para elas e Demi retribuiu o sorriso, ele estava mais limpo do que no dia em que eles se conheceram.


          Em poucos dias muito havia mudado e Demetria estava acostumando-se ao novo rumo que sua vida estava tomando. Tanto que agora ela olhava o quartinho da pensão pela última vez já que estava de "mudança" para sua mais nova casa! Talvez não tão nova assim. Ir para lá não foi uma decisão fácil de se tomar, ainda mais depois de dizer que não queria, mas Julie abriu-lhe os olhos. "É um direito seu." Ela disse. "Não pode abrir mão disso por causa do Joe." Demi concordava que não deveria abrir mão, mas não queria uma guerra com Joe e só acabou aceitando por não ter mesmo para onde ir. Ela não queria dar mais trabalho para Edna, sem contar as pessoas mais "necessitadas" que apareciam procurando um quarto e ela se sentia uma pessoa horrível por estar tomando o lugar de alguém. Estava na hora de abrir os braços e aceitar o destino! Demi riu consigo mesma e fechou a porta atrás de si. Ela desceu os degraus da escada carregando uma única mala, Edna esperava por ela encostada no balcão da recepção e não escondia o semblante triste do rosto.

— Ah querida, eu não queria que você fosse. — Demetria aproximou-se dela, passou um de seus braços pelo ombro dela num abraço e sorriu.
— Eu tenho para onde ir agora, o.k? Não precisa mais se preocupar comigo — Ela disse gentilmente. — Sei que tem muitas pessoas que precisam de um quarto e principalmente de um anjo como você. — A senhora sorriu e Demi também. — Obrigada por tudo! Espero um dia ter como retribuir tanto amor e carinho.
— Espero que não se esqueça de mim. — Edna brincou e deu-lhe uns tapinhas nas costas.
— Nunca vou me esquecer. — Demi partiu o abraço. — Cuide-se, Edna. Prometo voltar para uma visita!

— Chá da tarde? — Ela arqueou uma das sobrancelhas.
— Chá da tarde. — Deu-lhe uma piscadinha.
— Cuide-se também, menina. Boa sorte! — Edna acenou e Demetria retribuiu o gesto antes de sair.

          Kehlani esperava por Demetria do outro lado da rua, ela estava encostada no carro e conversava animadamente com um de seus melhores amigos. Ela sorriu quando viu Demi e automaticamente o rapaz ao seu lado virou-se para ver de quem se tratava.

— Uau! — Ele exclamou observando Demi olhando de um lado para o outro para atravessar uma rua tranquila e acabou rindo. — É por ela que estão brigando?
— Jesse, eu vou acabar brigando com você se não parar de rir da minha amiga! — Kehlani lhe deu uma cotovelada.

— Ei, foi apenas uma pergunta e bem... ela não parece ser daqui.
— Diz isso por ela olhar para os dois lados? — Kehlani arqueou uma das sobrancelhas e Jesse sorriu.
— Eu me lembraria de uma mulher tão bonita assim. — Ele piscou. — Como eu estou? — Ela olhou para o amigo e riu.
— Sujo.

— Oi. — Demi cumprimentou Kehlani com um beijo na bochecha e um abraço breve. — Fico feliz que tenha vindo! Eu realmente preciso de alguém ao meu lado nesse momento.
— Eu não perderia isso por nada. — Ambas sorriram.

— Vejo que não está sozinha. — Demetria olhou para Jesse e sorriu gentilmente, ele ficou feliz em ser notado mesmo tendo graxa no rosto.
— Ah sim, esse é meu amigo Jesse. — Ele estendeu uma das mãos e Demi fez o mesmo recebendo um aperto de mão firme. — Jesse conheça minha amiga Demetria.
— É um prazer conhecê-la! — Jesse sorriu. — Kehlani me falou muito sobre você.
— Coisas boas, espero. — Demi brincou.
— As melhores! Ela já deve ter falado de mim alguma vez, falou? — Quis saber ele.
— Na verdade não, ela não me falou. — Ele ficou sem graça e Demi ficou surpresa por se tão sincera logo de cara! — Hm... isso não foi nada bom, me desculpe. — Ela ficou envergonhada por se atrapalhar toda em meio as frases.
— Tudo bem, talvez tenhamos oportunidade de conversar melhor um dia desses e quem sabe eu esteja mais limpo. — Jesse sorriu e Demi assentiu rindo baixo colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— Sim, talvez. — Ela deu de ombros e ele achou encantador o jeito dela. De onde aquela mulher havia saído?

— Eu preciso voltar ao trabalho. — Jesse despediu-se delas com um beijo na bochecha, Demi sentiu-as esquentar quando os lábios dele lhe beijaram ali. — Tenham um bom dia! — Ele afastou-se acenando e elas retribuíram o aceno.

— Como não me falou dele antes? — Demetria perguntou.
— Oh, eu estava ocupada demais com uma certa pessoa que chegou sem aviso prévio. — Kehlani brincou e Demi fez uma careta.
— Não está mais aqui quem falou. — A morena riu dela e destravou o carro para que pudessem entrar.

— Jesse é o melhor mecânico da cidade. — Kehlani comentou enquanto manobrava o carro para sair de um espaço apertado. — Meu primeiro carro não era dos melhores, ele dava muitos probleminhas e eu vivia na oficina dos Williams! Jesse sempre me atendia e nos tornamos amigos. — Ela sorriu. — Ele é um dos poucos héteros que aturo. — Demi riu.
— Gostei dele. — Ela comentou distraidamente. Demetria tinha muita facilidade em conhecer pessoas novas e gostar delas, bastava um olhar e pronto! A intuição dela era infalível ou costumava ser até Guilherme aparecer.
— Hmm... eu posso te arranjar um encontro.
— Não! — Demi respondeu rápido e ela franziu o cenho. — Sinto muito, eu não quis ser grossa.
— Tudo bem, eu estava apenas brincando. — Kehlani deu um tapinha no joelho dela. — Você tem alguém no momento?
— Digamos que meu último relacionamento acabou de uma forma bem ruim. — Falar sobre aquilo ainda era difícil e a ideia de um novo relacionamento parecia assustadora, apenas não parecia ser o momento certo de cutucar aquela ferida. — Sei lá, eu acho que não fui feita para esse tipo de coisa. — Ela riu sem vontade e Kehlani ficou em silêncio por alguns instantes.
— Nunca diga nunca, Demi. — Demi apenas sorriu e elas seguiram em silêncio para casa.


— Jesse! Que surpresa. — Ariana disse animada.
— Sim, eu vi vocês e resolvi dar um "oi". — Ele deu de ombros.
— Oi. — Demi disse e ele sorriu novamente.
— Posso me sentar com vocês? Meu amigo ficou de me encontrar e acabou de avisar que não vem, nossa mesa já foi ocupada. Eu prometo não atrapalhar vocês, o.k?
— Deixa de besteira. — Ari lhe deu um tapinha. — Não nos importamos, não é mesmo Demi?
— Não, pode sentar. — Ela concordou com Ariana.
— Obrigado! — Ele puxou uma das cadeiras e sentou-se parecendo aliviado.

— Então, como vão as coisas na oficina?
— Tranquilas, como pode ver estou limpinho. — Elas riram. — E o salão, ainda tem muita treta rolando por lá? — Jesse perguntou em tom de voz divertida.
— Estão tranquilas, Demi está trabalhando comigo lá e acho que ela me trouxe sorte.
— Sério? Você também corta cabelo?
— Não, eu sou maquiadora. — Os pratos chegaram e Jesse aproveitou para fazer seu pedido rapidamente ao garçom, ele nem mesmo olhou o cardápio!
— Interessante. — Jesse respondeu. — Como profissional, o que mudaria no meu rosto? — Demi o observou, ele mantinha os olhos nela e uma expressão divertida em seu rosto. Ele tinha um tom de pele bronzeado, olhos claros e lábios perfeitamente desenhados! Não havia nada que ela pudesse mudar.
— Nada, você é naturalmente perfeito. — Ariana sorriu observando eles interagirem e quando Demi viu, ficou um pouco sem graça.
— Obrigado! Você elevou minha autoestima. — Ele riu.
— Sinceridade é algo essencial na minha profissão. — Demetria deu de ombros como se suas palavras não tivessem grande significado, como se ela não estivesse flertando ou algo do tipo, mas ela sabia que estava! Parte dela estava gritando: "Pare agora mesmo!" E outra: "Vá fundo, mulher!" Estava uma verdadeira bagunça e isso era familiar demais, recente demais... Jesse sorriu e automaticamente ela retribuiu, resistir seria um grande desafio.

— Então, como vocês se conheceram? — Ariana perguntou sem esconder o interesse.
— Kehlani nos apresentou. — Demi respondeu e pela primeira vez olhou para seu prato de comida, ela estava faminta!
— Quando?
— Acho que ela estava se mudando ou algo do tipo. — O prato de Jesse chegou e ele agradeceu ao garçom. — Você estava se mudando?
— Sim, eu estava me mudando.
— Hum, ela não comentou nada comigo. — Ariana ficou pensativa.
— Foi bem rápido!
— E constrangedor, eu estava coberto de graxa. — Eles riram.

— Demi, posso te fazer uma pergunta pessoal?
— Claro. — Ela deu uma garfada na comida e o observou.
— O que leva uma mulher da cidade grande se mudar para um lugar como esse? Não que Lewisville seja um lugar ruim para se viver, mas no geral as pessoas saem daqui. — Demi ficou em silêncio por alguns instantes, ela pensava em uma forma objetiva de responder. — Eu espero não estar sendo evasivo ou algo assim, não é...
— Eu vim para me reencontrar. — Jesse pareceu surpreso com aquela resposta. — Digamos que minha vida fora daqui tenha sido difícil e voltei por motivos ainda mais complicados, mas tudo tem sido surpreendentemente bom! É um alivio acordar e sentir que estou em casa.

— Isso é bom. Fico feliz por você! — Ele tocou brevemente seu ombro em um gesto gentil de apoio.
— Obrigada. — Demi sorriu para ele. — A cada segundo sinto que está ficando cada vez melhor.


LEWIS ICE CREAM SHOP, 16:00

          Joseph pegava colheradas da taça de sorvete e ouvia atentamente Joy falar sobre os estudos, ele fazia questão de saber se ela estava indo bem e também se precisava de ajuda. Ele sempre ajudava a garota, principalmente nas exatas! Joe era aquele tipo raro que amava números.

— Vamos ter uma apresentação sobre profissões, devemos nos vestir e tudo mais. Eu estou bastante animada! O uniforme mais criativo vai ganhar um prêmio. — Joy disse animada.
— Que legal, filha! Como pretende ir vestida?
— É surpresa, papai. — Ela sorriu. — Mas acho que vou pedir ajuda da Zara. O senhor já está falando com ela?
— Ainda não, filha. — Joe suspirou pesadamente. — Preciso falar com ela e com as meninas também... é tanta coisa! Um concelho: Nunca brigue com os seus amigos.
— Eu nunca brigo com elas. — Joy riu.

— Mas pode pedir ajuda dela, eu tenho certeza de que ela não vai negar.
— Papai, vai dar tudo certo. — Ela disse segurando uma de suas mãos. — Você não precisa ficar assim. O.k? Algumas pessoas são mais difíceis que outras.
— Eu sei disso, anjo.

— Deve ter pensado na mamãe. — Eles riram.
— Eu nunca vou deixar de amar sua mãe e nem meus amigos que algumas vezes me tratam como se eu fosse um cristal frágil.
— Ah, mas o senhor é! — Joy riu dele e apertou sua mão. — Tem um coração bom e se importa com as pessoas, acho que acaba ficando vulnerável demais.

— Espera um pouco, quantos anos você tem? Pelo que eu me lembro você ainda brincava de boneca um dia desses. — Joe brincou e a garota sorriu.
— Treze anos, uma moça e blá blá blá! Pai, eu sou uma das poucas garotas da minha idade que moram nessa cidade e sabem realmente de onde vem os bebês. — Ele arregalou os olhos. — O mínimo que eu poderia saber é que relacionamentos são complicados e as pessoas se machucam. O que posso dizer? Você e mamãe são transparentes ou quase, sempre serei grata por isso.
— Quase?
— Não se pode saber de tudo sempre, certo? Para bem ou mal, algumas coisas ficam sempre guardadas no nosso coração.

— Eu te amo, Joy. — Joseph sorriu. — Mas não sei se um dia vou aceitar o fato de que está crescendo.
— "Eu não sou um cristal frágil." — Ela disse em uma tentativa de imitá-lo e ele riu. — Também te amo. Estava com saudade de passar um tempo assim, sabe? Jogando conversa fora.
— Está sendo um papo bastante produtivo.
— Só não vai ser mais produtivo, pois vou ao banheiro. — Joy levantou-se. — Já volto!
— O.k. — Joe lhe deu uma piscadinha e observou a garota caminhar entre as mesas em direção ao banheiro.

          Enquanto aguardava a volta da filha, Joseph olhou em volta  e observou o estabelecimento. O lugar estava repleto de pessoas! Algo de se estranhar era que todas conversavam normalmente e baixo, tanto que ele quase não entendia boa parte das palavras. Mas a voz de alguns eram mais marcantes que outras e foi assim que ele reconheceu uma delas sendo de Hayley! Ele olhou para trás e viu a loira de costas rindo de Kehlani, ela estava com o nariz sujo de sorvete. "O.k, talvez eu deva ir até lá falar com elas." Pensou, mas não se levantou. "Será que é mesmo uma boa ideia?" Indagou a si mesmo e acabou por levantar de seu lugar. Joe respirou fundo, virou-se e caminhou até lá de forma determinada! Tanto que ele nem viu o rapaz que carregava uma grande barca de sorvete e só se deu conta quando se chocou contra ele. O sorvete entornou nele sujando sua roupa! Todos olharam espantados para os dois.

— Senhor, eu sinto muito. — O jovem desculpou-se imediatamente e Joe pegou alguns guardanapos da mesa ao lado para amenizar aquela lambança.
— Tudo bem, nada que um pouco de água não resolva. — Ele tranquilizou o garoto que rapidamente saiu para buscar um pano e limpar tudo aquilo.
— Droga! — Resmungou baixinho enquanto analisava seu estado. A risada que rompeu pela sorveteria não foi nada discreta e ele imediatamente olhou para Kehlani! Ela levou uma das mãos na boca e Hayley lhe deu um tapinha. A morena encarrou Joe, ele encarrou ela de volta e levou alguns instantes até ele acabar rindo da situação também.

— Eu sabia que faria merda no instante em que levantou daquela mesa.
— Talvez assim vocês tenham um pouco de piedade da minha alma.
— Eu não tenho piedade de homem cabeça dura. — Kehlani retrucou séria.

— Sinto muito por tudo.
— Eu sei que sim e ela também. — Hayley assentiu.
— Foi imaturo da sua parte. — Ela comentou.
— Estou tentando melhorar, juro. Eu já falei com Demetria e nós estamos bem, o.k? Me sinto muito culpado por toda aquela situação e como isso pode ter influenciado no julgamento dos outros, não foi certo causar uma divisão entre nós.
— Eu aceito o seu pedido de desculpas. — Kehlani se levantou. — Mas escute bem uma coisa, nunca mais faça isso! Vai chegar uma hora em que eu e talvez os outros acabem se cansando de tantas desculpas.
— Se você tem assuntos não resolvidos com alguém, resolva o quanto antes. Entendeu? Nós não somos mais adolescentes para viver outro drama. — Hayley completou e  segurou-lhe uma das mãos.
— Estamos entendidos, homem sorvete?

— Não tem nada "não resolvido", vocês não precisam se preocupar.
— Quando você diz isso é que eu fico preocupada! — Kehlani lhe deu alguns tapinhas no ombro e riu.

— Meu Deus, pai! — A voz de Joy chamou a atenção deles. — O que aconteceu?
— Digamos que ele fez por merecer o nosso perdão. — Kehlani riu.
— Um perdão bem doce. — Hayley riu.
— Eu fico feliz em saber disso! Mas acho que vamos ter que ir pra casa. — Ela observou o pai. — Papai precisa de um banho antes que traga todas as formigas da cidade para cá.
— Eu concordo e não é por nada não, mas ele interrompeu um passeio de casal. — Kehlani fez careta.

— Tudo bem, vamos embora antes que eu arranhe mais motivos para pedir desculpa. — Joe disse um pouco sem graça. — Aproveitem o passeio! — Ele despediu-se delas com um aperto de mãos para não sujá-las e Joy riu, ela despediu-se delas com um abraço.

— Ei, Joe! — Kehlani chamou por Joseph um pouco antes dele alcançar a saída com Joy, ele olhou na direção dela e ela disse: — Apareça amanhã no pub para bebermos algo com Demi em nome dos velhos tempos, beleza?
— Apareço sim! Me manda pelo whats o horário certinho. — Ele respondeu animado e sorriu. — Até amanhã.
— Até, mais. — Ela e Hayley acenaram.

— Você tem algo em mente? — Hayley perguntou ajeitando-se na cadeira e Kehlani deu de ombros.
— Apenas uma sensação. — A morena explicou e segurou uma das mãos da namorada. — Essa história do Joe com a Demi está apenas começando.
— Acha mesmo que ele ainda gosta dela mesmo depois de dez anos?
— Onze, anjo. — Kehlani corrigiu. — Eu não tenho certeza e não sei como me sinto a respeito disso, você sabe como prezo pela verdade. Você não imagina minha vontade de contar tudo para ela!
— Ah, eu imagino sim. — Hayley riu. — Mas sei que não vai fazer isso ou o Joseph vai acabar ficando chateado e com razão, ele se importa muito com ela.

— Eu sinceramente não sei como ela nunca percebeu.
— Mesmo? — A loira arqueou uma das sobrancelhas. — Eu era caidinha por você e você nunca viu, Kehlani! — Riu. — Se não fosse pela Demi nós duas nem estaríamos aqui.
— É por isso que eu amo aquela mulher.
— Eu também! — Elas sorriam. — Acho que ela nunca percebeu por ter problemas familiares desde muito cedo. Ela se agarrou no Joe! Ele se tornou um apoio, o mais próximo de uma família e acho que nunca passou pela cabeça dela que Joseph poderia vê-la de forma diferente.

— Foi um pensamento inocente por parte dela, mas isso realmente faz sentido.
— Mas agora somos adultos e se ele gostar dela, ela vai acabar percebendo cedo ou tarde.
— Ela o chamou de irmãozinho enquanto falava comigo. — Kehlani riu.
— Ainda é cedo para concluir se existe ou não algo entre eles.
— É o que vamos descobrir amanhã. — Kehlani disse sorrindo sem conter sua curiosidade.

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ALGUÉM ME SEGURA
boa noite meninas, tudo bem? 
confesso que achei que não postaria mais esse ano e eis que surge uma ideia para a oneshot e o restando do capítulo acabou acontecendo! ainda estou desacreditada, pq ficou bom e eu gostei muito! vocês gostaram? espero muito que sim. ❤
respostas aqui, aqui, aqui e aqui também (acumulou, sorry)
por hoje é só, mas já estou planejando o próximo para vocês. fortes emoções estão vindo ai! 
se preparem, pq esse blog vai pegar fogo. 



25/12/2018

ONESHOT: Under the Mistletoe


esse é meu presente de natal pra vocês!
essa oneshot é um "especial de natal" de you are my destiny que se passou ainda quando demi e joseph eram adolescentes. espero que vocês gostem ❤ 
FELIZ NATAL



❝Seus lábios nos meus lábios... isso sim é um feliz, feliz natal.❞
— Justin Bieber

          Joseph sempre amou feriados e épocas festivas, mas o natal era sua festa favorita! Ele aguardava pelo dia vinte e cinco de dezembro com apreensão, pois todo ano Paul fazia questão de que seguissem a famosa tradição de fazer coisas natalinas. Mesmo sendo ele e seu pai por um tempo, eles se divertiam como ninguém; mas com a chegada de Dianna e Demi, tudo ficou ainda melhor. Eles faziam biscoitos, penduravam meias e compravam uma grande árvore! A ceia reunia família e amigos, grande parte da Família Thompson e os amigos mais próximos de Dianna já que ela não tinha família na cidade. Todo ano era mágico! Isso até o natal presente. O natal em que tudo simplesmente desandou.

— Eu já disse que não foi nada. — Paul colocou as compras sobre o balcão e suspirou, Dianna vinha furiosa pelo corredor sendo seguida por Demi e Joseph que carregavam sacolas com enfeites natalinos.
— Eu vi! Não adianta você negar que estava de conversinha com aquela vagabunda. 
— Dianna, ela não é nenhuma vagabunda. É apenas uma moça da igreja! — Paul recebeu as sacolas de Joseph e Demetria, eles saíram rapidamente cientes de que aquela briga estava apenas começando.
— E como é que eu vou saber?
— Se você me acompanhasse na igreja provavelmente saberia. — Paul deu de ombros e isso irritou ainda mais a mulher.

— EU NÃO SOU OBRIGADA A FAZER O QUE VOCÊ QUER!
— Não estou dizendo que você é, o.k? O problema é que você quer me colocar em uma bolha e eu não posso viver assim, eu não sou esse tipo de homem! 
— Achei que fosse meu homem. — Ela apontou o dedo na cara dele e Paul sentiu o sangue ferver, mas se conteve por causa de Joe e Demi. Ele odiava brigar com Dianna na frente deles e sabia que eles ouviam tudo da sala ou até mesmo do quarto por causa daquela gritaria toda! 
— Eu sou seu homem. Eu te amo! Mas você precisa parar de ser tão paranoica com as pessoas. O fato de eu cumprimentar ou não alguma mulher, não quer dizer que estou interessada nela.

— PARANOICA? VOCÊ ESTÁ ME CHAMANDO DE PARANOICA?!
— Não fale assim, as crianças...
— NÃO SÃO CRIANÇAS! ELES DORMEM JUNTOS!
— Não insinue coisas sobre meus filhos. 
— Ela não é sua filha.

— Deixa de besteira! É véspera natal, vamos aproveitar juntos em família. 
— Acabou. 
— Dianna, por favor... 
— EU NÃO QUERO VOCÊ NESSA CASA QUANDO EU VOLTAR!

— A CASA É MINHA! — Pela primeira vez naquela discussão idiota ele gritou.
— FODA-SE VOCÊ E ESSA MERDA! — Ela gritou de volta e depois bateu a porta da frente com força.

          Demetria ouviu o barulho da porta mesmo com as mãos de Joseph em seus ouvidos, ele sabia como ela se sentia quando ouvia as brigas da mãe com Paul e por isso tentava ao máximo amenizar o impacto sobre ela. Quando ele retirou as mãos dos ouvidos dela, Demi suspirou pesadamente e Joe tocou o ombro dela.

— Vai ficar tudo bem. — Era uma frase clichê, mas vindo dele soava diferente e ela sentiu o coração agitado aos poucos se acalmar. 
— Eu sei, só... tenho medo de que ela faça alguma besteira e me arraste daqui junto com ela. 
— Nunca deixaria isso acontecer. — Ela sorriu fraco para Joseph. Ele era a pessoa mais corajosa que ela conhecia! Joe fazia tudo pelo pai, pelos amigos e principalmente por ela. Nunca lhe ocorreu desconfiar de uma única palavra dele. 
— Obrigada, Joe.

— Nós vamos fazer desse o melhor natal de todos!

          As batidas na porta interromperam os dois, Joe levantou-se e abriu a porta para o pai, ele vestia o uniforme do trabalho e carregava uma expressão preocupada em seu rosto. Joseph lhe deu espaço, ele adentrou e olhou do filho para Demi.

— Eu sinto muito por tudo que vocês ouviram. 
— Não foi culpa sua, Paul. — Demetria abraçou uma das almofadas de Joe e suspirou. — Ela sempre faz isso. 
— De qualquer forma, eu realmente sinto muito. 
— Tudo bem, papai. — Joe lhe deu um tapinha no braço.

— Eu queria muito fazer algo legal com vocês, mas recebi um chamado do trabalho e parece ser algo muito sério! A Tia Julie não está na cidade e não quero que fiquem sozinhos aqui, então vocês gostariam de ir para casa de algum amigo? Eu posso deixar vocês lá e buscar na volta que pode ser tarde, então vocês podem aproveitar um pouco da véspera de natal. 
— Kehlani nos convidou para uma festa. 
— Aquela garota que causou confusão na escola? — Paul arqueou uma das sobrancelhas. 
— Pai, não foi ela. 
— Filho, você mente muito mal. — Ele riu de Joe. — Tudo bem, eu deixo vocês irem. 

— Yeah! — Joe comemorou abraçando o pai de lado. 
— O que acha, Demi? — Joe perguntou empolgado. 
— Eu não sei se estou no clima de festa. — Ela comentou encarrando o chão. 
— Querida, está tudo bem. O.k? — Paul sentou-se ao lado dela na cama. — Sua mãe tem um temperamento forte, mas vai voltar para casa e nós vamos comemorar juntos. — Ele segurou-lhe uma das mãos. — Você não tem culpa pelas ações dela, então não fique triste. Aproveite para comemorar com seus amigos, eles também são sua família. Certamente vão ficar felizes em receber você e Joseph! O que me diz? — Demi o encarrou pensativa por alguns instantes e sorriu, ele era o mais próximo de uma figura paterna para ela. 
— Tudo bem, eu vou tentar me divertir. 
— Isso mesmo! — Ele soltou-lhe a mão com delicadeza e levantou-se. — Vou esperar vocês no carro, não demorem muito. O.k? Tenho que trabalhar. — Paul disse dando alguns tapinha na estrela que carregava no peito.

          Demetria levantou-se da cama, abandonou ali a almofada fofinha de Joe e foi para seu quarto trocar de roupa. Ela escolheu um vestido preto, casaco, meia calça e botas com spikes na mesma cor. Demi destacou os lábios passando batom vermelho e depois rímel, ela estava sentindo-se "o.k" sobre sair sem muita maquiagem. Ela passou perfume antes de sair do quarto e quando chegou ao corredor, Joseph saiu do quarto. Ele parou na porta assim que seus olhos se encontraram, Demetria aproximou-se e deu uma voltinha deixando-o quase sem fôlego! Ela estava...

— Linda! — Ele exclamou alto e sentiu as bochechas arderem, naquele momento ele agradecia ao céus pela iluminação não ser das melhores ou ela perceberia. — Quero dizer, você está linda. 
— Obrigada! — Ela sorriu. — Você também está lindo. — Joseph também vestia preto, mas o jeans da calça era claro e a jaqueta pesada de couro o deixava bem estiloso! Exceto pelo cordão de prata com uma cruz em seu pescoço. — Mas isso aqui, ficará melhor em mim. — Demi retirou o cordão dele e colocou. — Viu só? Eu te disse. — Ela deu de ombros.

— Você é muito convencida, sabia? 
— Eu sou e você não pode reclamar, pois gosta de mim mesmo assim. — Ele revirou os olhos e ela riu. — Vamos? 
— Vamos. — Joe lhe estendeu uma das mãos e Demi segurou firme enquanto eles desciam as escadas.

— Acho melhor não mencionar que ela nos pediu para levar bebida, certo?
— Não precisamos nos preocupar, Mike já cuidou disso. — Joe piscou para ela. 
— Como assim? — Ela o brecou no meio da escada e por muito pouco ele não caiu! 
— Digamos que eu planejava aparecer mais tarde por lá. — Joe comentou baixinho dando de ombros. Isso não era o tipo de coisa que ele costumava fazer, não antes dela chegar naquela casa! 
— Você ia escondido? — Demi perguntou arqueando uma das sobrancelhas. 
— Nós íamos escondidos. — Ele apontou para o restante das escadas e eles continuaram descendo. — Achou mesmo que eu ia sem você?

— Você é uma caixinha de surpresas, Joseph Thompson. — Demi lhe deu um tapinha no braço.
— Você não faz ideia, Demetria Torres. — Ele sorriu para ela e eles saíram de casa trancando a porta.

          O caminho até a casa de Kehlani foi rápido e o silêncio preenchido pela música natalina que tocava no rádio, Joseph e Demetria ainda estavam de mãos dadas. Paul parou o carro do outro lado da rua, ele não desligou o carro e apenas virou-se para trás:

— Aproveitem bastante, mas tomem cuidado. — Ele olhou os dois adolescentes e sorriu. — Feliz véspera de natal! 
— Feliz véspera de natal. — Os dois responderam em uníssono e riram.

— Caso eu não consiga buscar vocês, vou avisar assim que puder. O.k? Verifiquem o celular. — Joe assentiu. 
— Até mais tarde. 
— Até mais tarde! — Eles se despediram e desceram do carro.

          Paul arrancou com o carro e os dois apenas observaram a fumaça dos pneus desaparecer no ar! O barulho da música foi ficando cada vez mais alto conforme eles se aproximavam da casa e assim que bateram na porta, Kehlani apareceu para recebê-los.

— Finalmente vocês chegaram! — Ela disse animadamente e puxou Demi para um abraço caloroso. — Estou tão feliz que tenha vindo, amiga. — Demetria riu, pois sabia que Kehlani já estava um pouco alterada. 
— É eu... não poderia perder sua festa por nada. — Sorriu.

— Eu também estou feliz de estar aqui. — Joe disse e pela primeira vez pareceu ser notado. 
— Vem cá, Joey! — Kehlani lhe deu um beijo na bochecha e riu alto. — Eu convidei várias garotas bonitas e quem sabe hoje você não saia da seca. — Ela puxou os dois para dentro enquanto ria e Joe ficou sem graça pelo comentário dela, ainda mais pelo tom ALTO de voz que ela usou para falar de algo tão pessoal!
— Eu estou legal. — Ele disse alto enquanto Kehlani os guiava até uma rodinha que estava na cozinha. Havia pessoas por toda parte! A casa estava lotada.

— Como conseguiu colocar tanta gente numa casa tão pequena? — Demi perguntou. 
— É que metade já deve estar se pegando em algum lugar. — Riu.

— Ah, olha eles ai! — Camila sorriu e foi cumprimenta-los. 
— Nunca mais me deixem sozinho com ela. — Mike bufou e revirou os olhos.
— E eu que achava que vocês estavam se entendendo. — Demi colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— Entender essa garota? Está para nascer alguém que consiga isso! 
— Exagerado. — Camila lhe mostrou a língua. 
— Falem menos e bebam mais. — Kehlani entregou um copo na mão de cada um deles. — Eu vou receber algumas pessoas e já volto. — Ela deu alguns passos para trás. — Não se matem antes que eu volte! — Saiu.

— E então, onde está o resto do bando? — Joseph deu um gole na bebida e sentiu a mesma descer ardendo pela sua garganta! Ele era fraco para bebida, então não sabia exatamente o que tinha naquela batida. 
— A maioria com os pais, talvez venham mais tarde. — Camila explicou.
— Achei que estariam em casa. — Mike disse e Demi ficou um pouco incomodada, ela não queria entrar em detalhes sobre o que havia acontecido. Ela deu um longo gole na batida e esperou que Joseph respondesse, ele saberia exatamente como mudar o rumo daquela conversa!
— Meu pai teve uma emergência no trabalho e disse que poderíamos festejar onde quisermos, então viemos. — Joe tocou seu ombro e ela sorriu em agradecimento. — Uma pena que os outros não vieram, seria legal passarmos o natal todos juntos! 
— Sim, isso é verdade. — Demi concordou.

          Os quatro continuaram conversando e bebendo até que Kehlani voltasse, ela os levou até os fundos onde estava montada uma pista de dança improvisada. As luzes brilhavam forte e os jovens dançavam juntos, era o tipo de lugar com muito calor humano! A bebida fez com que Demi ficasse mais desinibida do que ela costumava ser, então foi uma questão de tempo até a garota estar dando um verdadeiro show na pista de dança. Ela estava acompanhada das duas amigas e as três riam enquanto dançavam juntas, Joseph estava em um canto conversando com Mike ou pelo menos tentando. Ele só tinha olhos para Demi! Alguns meses atrás ele se recriminava por sentir algo por ela e tentava ao máximo evitar, mas conforme os dias foram passando e aquele sentimento cresceu, ele acabou por concluir que não era uma escolha. Simplesmente havia acontecido e ele precisava lidar com isso! Ele só não sabia como e nem por onde começar.

— Você precisa disfarçar ou alguém pode acabar contando que o irmãozinho está babando por ela. 
— Irmão é o caralho! — Joe lhe deu um empurrão. Parecia muito errado quando usavam aquela palavra, eles não eram irmãos de sangue! Ela o considerava assim e até que ele tivesse coragem o suficiente para confessar seus sentimentos, continuaria sendo assim.
— Sabe que estou brincando, né? Eu só acho que deveria contar, ela não tem ninguém no momento e pode ser sua chance. 
— Você fala como se fosse fácil! Fico pensando na relação que temos e como ela confia em mim, Mike. E se eu contar e tudo ficar esquisito? Posso perdê-la para sempre!
— Não seja exagerado, não é como se ela fosse fugir de você ou algo assim.

— Ela é minha melhor amiga e eu não aguentaria isso. — Joe entornou seu copo e fez uma careta, não se lembrava quantos já havia tomado. 
— Cara, você precisa parar de beber ou vai acabar chorando. — Mike tentou pegar o copo dele. 
— Vai se ferrar! — Joseph mostrou o dedo do meio para ele e olhou de volta para as meninas, mas Demi não estava mais com elas. Onde ela estava? Ele largou o copo no chão e caminhou até lá como se pisasse em algodão! Mike tinha razão, ele precisava parar de beber.

— Vem dançar comigo. — Uma garota loira o puxou e ele recusou soltando-se dela; Kehlani não estava muito longe dele.

— Keh, cadê a Demi? 
— Ela acabou de sair com o Jade. 
— Seu parceiro de química?
— Não fale do coitado como se ele não fosse grande coisa. — Ela lhe deu um tapinha no braço. — Ela pareceu gostar muito dele!

— Você não faz ideia do que ela gosta. 
— Ah e por acaso você sabe? Fica sempre no pé dela como um maldito chiclete! Sei que quer ajudá-la com esses problemas fodidos com a Dianna e tal, mas você precisa parar de agir como se fosse mais do que um irmão para ela. Isso pode não pegar bem, está me entendendo? — Kehlani olhou para ele por um tempo e mesmo estando bêbada enxergou algo que nunca tinha visto antes naqueles olhos. O copo vermelho de bebida que ela segurava caiu no chão e Joseph desviou o olhar dela, ele estava quase chorando!

— Meu Deus, você gosta mesmo dela? — Ela perguntou surpresa. 
— Você não sabe do que está falando! — Ele saiu em meio as pessoas e Kehlani tentou alcança-lo, mas acabou por perdê-lo de vista.

          Joseph saiu pisando forte, ele esbarrou em várias pessoas e até foi xingado por algumas delas. Ele não se importava. Aquele era o pior dia de todos. O pior natal de todos! Como era possível ele estar tão puto daquele jeito? O dia começou tão bem, não fosse por aquela briga estúpida... por uma discussão idiota, ele estaria em casa pendurando meias, assando biscoitos e decorando uma maldita árvore! Joseph bateu a porta com força quando saiu e respirou o ar gelado ao lado de fora. Ele sentiu sua pele arrepiar, esfregou as mãos e levou até as bochechas numa tentativa falha de aquecê-las. Talvez fosse melhor esperar ali fora antes que mais alguma coisa acontecesse!

— Ei, Joe. — A voz de Demi chamou sua atenção e ele virou-se para ver de onde vinha. Ela estava sentada embaixo de uma árvore e sorria boba, provavelmente bêbada! — Vem cá, senta aqui comigo. — Demetria bateu no lugar vago ao seu lado e ele pensou duas vezes se deveria ou não ir até ela. Onde estava o tal Jade? 
— Achei que estivesse acompanhada. — Ele indagou enquanto caminhava até ela.

— Você está andando em zigue-zague! — Demi riu alto dele. 
— Tá, chega de rir de mim. — Joe sentou-se ao lado dela e cruzou os braços.

— O que foi que meu irmãozinho está emburrado?
— Eu não estou emburrado e não me chame de irmãozinho!
— Ah, você está bravo sim! Está até fazendo biquinho. — Demi passou o dedo indicador nos lábios dele e realmente Joseph estava fazendo biquinho. — O que aconteceu?
— Nada! Não aconteceu nada. — Ele suspirou. — Eu só... queria que esse natal fosse o melhor de todos e não está sendo. 
— Eu também. — Ela encostou sua cabeça no ombro dele e suspirou. — Sabe aquele garoto?

— O Jade?
— Sim, ele estava aqui comigo e comecei a falar... falar e falar! Ele disse que ia pegar uma bebida, mas não voltou. 
— Que tipo de idiota faria isso com você?
— Parece que todas as pessoas que eu gosto me abandonam de alguma forma.
— Eu ainda estou aqui.

— Falei "pessoas que eu gosto" e não "pessoas que eu amo". — Ela ergueu os olhos para observá-lo, ele parecia perdido em pensamentos. — Joseph, garotos não gostam de garotas que falam demais?
— Depende. — Ele riu baixo. — Acho que garotos que não gostam de garotas que falam demais tem medo de que elas sejam tão incríveis quanto eles! 
— Só está dizendo isso para que eu me sinta melhor. 
— Estou dizendo isso por gostar de você. 
— Ah, eu sei disso! Você é um fofo. — Ela lhe apertou as bochechas enquanto ria. Demetria era tão linda e preciosa! As vezes Joe se perguntava como ela conseguia não enxergar o valor que tinha. Ela merecia tanto, tanto e ainda assim corria atrás de garotos que lhe davam migalhas de amor ou nem mesmo isso. Ele só queria mostrar que podia dar-lhe muito mais que isso!

— Demi, eu preciso te dizer uma coisa... — De repente o céu ficou iluminado por fogos e isso anunciava que já passava da meia noite, era oficialmente Natal! 
— É NATAL! — Ela gritou animada com as explosões coloridas na imensidão azul escura. Joe suspirou, endireitou sua postura e assistiu o espetáculo ao lado dela até que a última luz brilhasse no céu.

— O que acha de irmos embora? — Ele perguntou. Não seria uma boa ideia voltar e correr o risco de Kehlani contar seu "segredo"!

— Joseph. — Demi disse ainda olhando para cima. 
— O que foi? — Ele olhou na mesma direção que ela e até piscou tentando focalizar alguma coisa, mas não viu nada! — Não estou vendo nada. Acho que estou muito ferrado! — Ele levantou-se rápido e sentiu tontura. Joseph apoiou-se na árvore e respirou fundo, Paul lhe daria o maior sermão se soubesse que ele passou dos limites tendo apenas dezessete anos! 
— Joseph, estamos sob o visco. — Demi disse sorrindo, ela apontou para cima e ele pela primeira vez o enxergou ali! — Sabe o que isso significa? — O coração dele já batia tão acelerado com a possibilidade daquilo realmente estar acontecendo que quando Demi tocou seu rosto com as mãos frias, ele recuou e bateu a cabeça na árvore! A expressão de dor em seu rosto foi passageira, ela riu baixo dele e aproximou seu rosto encostando sua testa na dele. — Eu amo tradições de natal. — O tom de voz dela lhe causou arrepios e antes mesmo que ele pudesse pronunciar uma única palavra, Demi o beijou. Foi breve, mas ter os lábios dela nos seus nunca pareceu tão certo!

— Feliz natal, Joseph. — Ela disse ao afastar-se dele e abraça-lo forte em seguida. Joseph sentiu como se tudo ao seu redor estivesse girando, seus olhos se fecharam e ele apertou Demi contra ele.  
— Feliz natal, Demetria. — Ele queria gravar aquele momento, guarda-lo em sua memória para sempre! Mas seu corpo cedeu ao chão e de repente toda luz daquele momento transformou- se em escuridão, como se nada tivesse acontecido.

20/12/2018

Oi.

Oi meninas, tudo bem com vocês?
Eu estou legal e peço desculpas por sumir durante esse "um mês" que se passou. Como avisei anteriormente estava estudando para uma prova e acabou que não passei nela. O resultado demorou um tempo, foram duas listas e achei que estava preparada para lidar com o resultado sendo ele bom ou não. A verdade é que foi um desastre total! Eu ainda estou processando essa e outras provas que fiz esse ano, tantas coisas que tentei e não deram certo. É horrível essa sensação de derrota que nunca vai embora, sabe? Como se o mundo estivesse contra mim! Enfim, eu estou tentando focar na minha história e aos poucos ela está ganhando forma, então espero voltar em breve com o capítulo. Eu queria ter vindo antes, mas ia acabar fazendo um textão da minha vida e compartilhar as coisas tem se tornado cada vez mais difícil pra mim. Sou grata por esse espaço e por saber que sempre posso contar com o apoio de vocês! Volto em breve, talvez ainda esse ano (cruzem os dedos por isso). Beijos.

15/11/2018

LEIAM É IMPORTANTE!

Oi meninas, tudo bem?
Estou bem e aproveitando o tempinho livre para dizer que vou ficar um tempinho afastada. Eu estou estudando para uma prova e quero me dedicar muito para conseguir um curso, então preciso focar nisso agora. Peço desculpas por não ter avisado antes, mas essa semana foi muito agitada e cheia de problemas! Espero que entendam. Mandem energias positivas, orações... quero conseguir muito passar nessa prova.
Volto em dezembro. O.k?
Até mais.

06/11/2018

You are my destiny: Capítulo 6 - Together again



❝Então, coração, não me decepcione agora. E mesmo se as paredes estiverem caindo... Seremos sempre nós.❞ 
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DUAS HORAS ANTES 

          Mike permaneceu com Joseph por um bom tempo até que as garotas desceram e Melanie pediu para ir embora. Ela parecia estar bem, Joy sempre sabia como alegrar sua amiga e dessa vez não foi diferente. Eles se despediram e foram embora deixando-os novamente sozinhos. Joe observou da janela o carro partir e ouviu um barulho no sofá, ele nem precisou virar-se para saber que Joy estava jogada sobre ele! Isso significa que ela estava pensativa ou entediada.
 
— Algum problema, querida? — Joe perguntou ao virar-se e caminhou até o sofá onde Joy estava, ele sentou-se no lugar vago.
— Nada, nada mesmo.
— Melanie está bem?
— Ela está passando por um período difícil como toda mulher passa e só precisava conversar um pouco. — Ele sabia bem o que aquilo significava e apenas assentiu. Joseph não se importava em conversar sobre assuntos que geralmente eram um tabu para outros pais, mas sempre respeitava o limite da filha. Ouvia e falava quando necessário, caso contrário ele ficava quietinho para não causar constrangimento. — Tia Camila não estava em casa.
— Ela tem sorte por ter você. — Ele inclinou-se e deu um beijo na testa da garota.
— Claro que tem. Todos tem! — Joy saltou do sofá e riu. 
 
— Eu vou tomar banho. Podemos pedir pizza? Faz tempo que não como pizza no jantar! — Os olhos dela brilharam e ele não conseguiu negar, ele amava mimar um pouco sua garotinha.
— Sim, nós podemos. — Joy deu alguns pulinhos e entregou o telefone para Joseph.
— Obrigada, papai! — Ela lhe deu um beijo na bochecha e saiu caminhando.
— Queijo?
— Queijo! — Joe sorriu e discou o número do restaurante, ele sempre pedia lá. 
 
          O pedido foi feito e para que o tempo passasse mais rápido, Joe foi até a sala de refeições colocar os pratos na mesa. Enquanto ele passava de um lado para o outro, o envelope de carta o incomodou mais que o normal e algo dentro dele o fez parar. De onde vinha aquela coragem? A respiração mudou enquanto ele esticava um dos braços para pega-la, o coração já batia acelerado e ele só conseguia pensar se ali estaria as respostas para suas perguntas. Joseph abriu o envelope sem hesitação, ele desdobrou o papel amarelado e suspirando antes de finalmente ler as palavras de seu pai.
Filho, me perdoe. Eu queria muito ter tido mais tempo para te contar sobre tudo, mas infelizmente não tive e espero que possa me perdoar um dia por isso. Quando eu olho você, ainda vejo o garotinho que viu a mãe ir embora e meu coração não suporta... não suporta o fato de que por mais que eu queira, não posso mais te proteger das coisas que eventualmente vão te machucar. Com Demetria foi assim, eu queria ter te contado, mas além dela me pedir para não contar... sei que você não suportaria! Você sempre amou muito todas as pessoas que passaram pela sua vida, mas com ela foi diferente. Você se apaixonou por ela, amou-a de todo o coração e ficou arrasado quando ela se foi. Saber que alguém que você ama está longe de você é doloroso demais, eu passei por isso e se doeu em mim sendo adulto, imagino em você que era apenas um garoto. Joseph, eu sei que você fez tudo que estava ao seu alcance para esquece-la... mas ela está de volta e peço de coração que não seja malvado com ela. Está bem? Sei que está com raiva dela e provavelmente de mim também, mas só queríamos te proteger. Foi pelo seu bem, filho... pelo bem da sua saúde mental! Por isso que peço, dê uma chance para ela. Tenho certeza que Demetria irá lhe dizer tudo aquilo que você deseja saber. E seja sincero, diga aquilo que você sentiu ou sente por ela, filho. Essa é a hora! Fale. Tire esse peso do peito. Lá no fundo do seu coração tem algo para ela, seja amizade ou amor, vocês precisam descobrir isso juntos. Não espere que mais anos se passem, vocês não tem mais tempo para perder. A vida é agora! Viva, ame, sorria... seja feliz, você merece.
Com amor, papai.

          As lágrimas vieram e Joe permaneceu ali encarrando o papel incapaz de se mover, mas ele precisava fazer alguma coisa! Quando o som da campainha ecoou pela casa, ele despertou e enfiou o papel no bolso para atender o entregador. A porta foi aberta e ele ficou surpreso por Sophie estar ali!
 
— Sophie. — Ele olhou para ela confuso.
— O entregador não havia voltado e como estava saindo resolvi entregar. Por conta da casa! — Ela disse sorrindo e quando olhou para ele, arregalou os olhos preocupada. — Está chorando? Joseph, você está bem? — O toque dela em seu rosto o fez recuar e ele permaneceu pensativo por alguns instantes até sair de repente. — Joe?! — Sophie adentrou na casa atrás dele e topou de frente com ele vindo da cozinha. 
 
— Preciso resolver um assunto.
— Mas como assim? Onde você vai? — A loira perguntou confusa e preocupada. — Eu não estou entendendo nada!
— Cuide da Joy até eu voltar. — Ele saiu rapidamente com as chaves do carro em mãos.
**** 

          Joseph ainda estava tão afetado pelas palavras do pai na carta que logo quando entrou, caminhou procurando um lugar para sentar e acabou sentando-se do sofá da sala. Demi havia dito algo sobre pegar uma toalha ou algo assim e ele esperou por ela lá mesmo, sentia as mãos trêmulas pelo nervoso e o frio. Afinal, foram duas horas esperando por ela lá fora! Ele sabia onde costumavam guardar uma chave reserva, mas não seria nada educado invadir e esperar por ela lá dentro, aquela casa não era mais dele.
 
— Se você veio por causa da casa, eu só queria que soubesse que não queria... — Joe despertou e interrompeu Demi imediatamente.
— Não é sobre isso, eu vim falar sobre você. — Demetria ficou em silêncio e sentou-se no braço do outro sofá que ficava de frente com ele, ela julgou aquela distância mais confortável.
— O que você quer saber tão de repente? Eu achei que me odiasse.
— Se eu fosse embora e não te desse nenhum sinal de vida, o que você pensaria de mim? Seja honesta. — Ele passou uma das mãos pelos cabelos.
— Você nunca faria algo assim sem motivo, assim como eu fiz e tinha um motivo!
— Posso saber que motivo é esse?
— EU ESTAVA TENTANDO PROTEGER VOCÊ! — Joe só percebeu que havia se alterado ao perguntar quando ela o respondeu daquela maneira. 
 
— Não foi minha intenção ser grosso. — Ele suspirou. — O que aconteceu naquele dia? — Demi fechou os olhos e suspirou. — Eu sei que algo aconteceu e você não me contou, não contou para nenhum de nós!
— Você ainda não me disse o motivo de tudo isso.
— Meu pai me deixou uma carta e eu li ela faz algumas horas, então acabei vindo parar aqui. Isso está me matando! — Desabafou. — Eu prometi que me resolveria com você e por isso estou aqui, mas posso ir embora se quiser. 
 
— O que ele te escreveu? — Demi perguntou incapaz de se conter! Queria saber se as palavras de Paul afetaram ele tanto quando havia sido afetada por elas.
— Escreveu que deveria te procurar e saber por você o que aconteceu naquele dia já que ele nunca teve permissão para contar. 
 
— Eu nunca quis manter isso escondido de você, o.k.? Mas quando Paul me contou sobre seu estado de saúde, não quis arriscar e piorar sua situação. Pensei que seria melhor você me esquecer e seguir com sua vida, achei que assim seria melhor para todos.
— Nunca me esqueci daquele dia. — Os dois ficaram em silêncio e pela primeira vez desde que entraram, Demi o olhou nos olhos. E mesmo depois de todos aqueles anos, sentiu que aquela conexão que tinham não havia sido quebrada! Ela ainda era capaz de ver o reflexo de sua alma e a sinceridade nas palavras dele, elas transpareciam seu sofrimento.
— Você se lembra de quando te falei sobre meu pai biológico? — Joe precisou se esforçar um pouco para lembrar, mas assentiu e ela continuou. — Eu descobri o endereço dele e resolvi procura-lo. — A expressão dele fez Demi rir baixo. — Sim, foi completamente impulsivo e estupido da minha parte, mas mesmo assim fui atrás dele. Foi horrível! Ele me arrastou para fora, me disse coisas sobre mim e minha mãe e por último me ameaçou de morte. 
 
— Ele te ameaçou?!
— Ele deixou claro que nunca me quis e que eu era problema da minha mãe. — Demetria se levantou e abriu uma das janelas, ela estava sentindo-se sufocada. — Dias depois nós brigamos e ela disse que se arrependia por ter me colocado no mundo, não sei te dizer qual deles me machucou mais. Eu só sei que entrei em parafuso! Meus pais não me amavam e não conseguia imaginar como alguém, algum dia, conseguiria me amar.
— Eu te amava. — As palavras atingiram Demi de uma forma que ela não estava esperando! Foi como um soco no estômago. Ela permaneceu de costas apoiada no batente da janela e foi então que Joe se deu conta do que havia dito. — E eu não era o único, entende? — Completou ele. — Você poderia ter contado com os seus amigos em um momento tão delicado, Demi.
— Eu sei, mas estava muito envergonhada e realmente achei que não tinha mais motivos para continuar vivendo. — A voz dela vacilou e Joe levantou-se do sofá, o impulso de toma-la nos braços e abraça-la foi grande mas ele se conteve. — Não estou pedindo para que entenda, você tem todo direito de me odiar por isso e pode até achar que foi um ato egoísta, mas achei que todos ficariam melhores sem mim. Inclusive minha mãe! 
 
— Por isso você foi embora?
— Eu estava muito fragilizada e ela simplesmente me arrastou para mais um pesadelo com ela! Dianna não se preocupou comigo, apenas em como seu nome ficou manchado nessa cidade. — Demi deu de ombros, caminhou de um lado para o outro e gesticulou enquanto falava. — Demorei algum tempo até me reestabelecer, arrumei um emprego e rompi relações com ela. Estar com minha mãe era tóxico demais e pelo bem da minha saúde mental, precisei deixá-la! Isso me machucou, mas me fez bem. Está entendendo? — A vida dela foi mais complicada do que ele imaginou e isso fez seu coração se apertar, ele havia pensado tantas coisas ruins dela.
— Isso nunca me passou pela cabeça. — Joseph cruzou os braços e Demi lhe deu um sorriso triste. — Onde meu pai entra nisso tudo?
— Pouco tempo depois de partirmos, ele ligou para saber como eu estava e foi uma surpresa. Nunca pensei que ele tinha tanta consideração por mim! Lembro que conversamos por incontáveis minutos e acabei desabafando com ele, estava me sentindo muito sozinha na minha nova casa. — Demi fez uma pausa e sentiu as primeiras lágrimas descerem por suas bochechas. — Com o tempo os telefonemas se tornaram mais frequentes e mesmo Paul estando longe, ele dava um jeitinho de se fazer presente na minha vida. — Joe pareceu surpreso. — Foi seu pai que me deu forças para correr atrás dos meus sonhos! Ele foi o pai que não tive. — Ela fez uma nova pausa e sentiu o coração bater de forma mais acelerada. — Quando eu fiquei noiva, imaginei ele me levando ao altar e prometi para mim mesma que voltaria para lhe entregar pessoalmente o convite. 
 
— Você está noiva? — Joseph perguntou com um pesar quase que evidente em sua voz.
— Não, eu fui enganada pelo meu suposto noivo.
— Demi... — Joe deu alguns passos na direção dela.
— Ele apareceu e pareceu ser o homem perfeito, mas ao invés disso me enganou! — Ela estava se alterando e nem estava percebendo.
— Demetria, por favor...
— ELE ME ROUBOU! DESTRUIU MINHA VIDA! A PORRA DA VIDA QUE LUTEI ANOS PARA CONSTRUIR!
— Demi, pode parar. — Joseph tocou os ombros dela com suas mãos firmes e ela olhou surpresa para ele, nem percebeu que ele estava tão próximo para tocá-la. 
 
— Eu não queria ter voltado e causado tantos problemas, mas não tive escolha. — Joseph sentiu os olhos marejarem e suspirou. Ele havia chegado ali querendo gritar com ela e conseguir respostas para as perguntas que ficaram anos rondando sua cabeça, mas agora não sentia nada disso! Seu coração estava transbordando de compaixão por ela e por tudo que ela havia enfrentado, Demi não merecia as coisas terríveis que aconteceram com ela. — Quando vi você discursando naquela igreja, pensei: "Meu Deus, eu não posso causar ainda mais sofrimento para ele. " Eu sinto muito, Joseph!
— Tudo que eu queria saber era se você estava bem. — Demetria o abraçou pela cintura e Joe ficou parado por um tempo até passar os braços em volta dela e inclinou-se depositando um beijo na cabeça dela, como costumava fazer antigamente. — Eu te amava demais para simplesmente desistir, mas eventualmente isso aconteceu e nunca me passou pela cabeça que depois de todos esses anos... — Um sorriso escapou de seus lábios. — Você estaria aqui. — Demi fechou os olhos e sentiu o cheiro dele, ele ainda tinha aquele poder de acalma-la. 
 
— Eu estou bem agora. — Ela disse baixinho. — E você?
— Se não for pedir demais, você responde minhas perguntas? — Ele perguntou no mesmo tom e Demi olhou para ele; ela assentiu em resposta. — Eu também estou bem. 
 
          Partir o abraço foi um desafio, nenhum dos dois queria quebrar aquele momento e quando o fizeram juntos, ambos sorriram. Demetria propôs que eles bebessem algo e Joseph aceitou, eles caminharam em silêncio até o cômodo da cozinha. Ela acendeu as luzes, abriu as portas do armário e fez uma careta pensativa. Joe segurou o riso, ela estava apoiada nas portas do armário e na ponta dos pés tentando alcançar algo para pegar. 

— Seria estranho bebermos chocolate quente? — Demi perguntou após colocar o potinho de chocolate no balcão.
— Seria estranho se não tomássemos. — Ele riu.
— Kehlani me ajudou na mudança e abasteceu meu armário, então tem todo tipo de besteira aqui.
— Fico feliz que ela tenha te ajudado. Ela... ela sabe sobre seu ex-noivo?
— Ainda não, eu simplesmente não consegui contar. — Ela pegou um caneco, colocou leite e acendeu uma das bocas do fogão para esquenta-lo. — Eles foram muito bons comigo e eu não queria que ficassem ainda mais preocupados comigo. Ariana me conseguiu um emprego no salão dela e isso é mais do que poderia pedir, então depois eu vou contar sobre ele.
— Não se preocupe, eu não vou comentar nada com ninguém.
— Eu sei disso, Joe. — Demi sorriu fraco. — Obrigada. 
 
— Então, o que você faz? Qual é sua profissão? — Joe perguntou e soou realmente interessado, Demi sentiu o coração aquecer.
— Sou maquiadora profissional.
— Uau, isso parece ser muito importante! Ser responsável por realçar aquilo que é bonito em outras pessoas deve exigir muita responsabilidade.
— Você fez parecer mais importando do que realmente é. — Ela riu baixo. — Não foi fácil descobrir esse talento, mas foi algo que surgiu naturalmente e senti que realmente podia aperfeiçoar isso. Maquiei desde pessoas simples até artistas, principalmente atrizes. Viver nesse meio era uma loucura, mas era a minha loucura e eu amava isso! Ainda não sei como deixei isso simplesmente escorrer pelos meus dedos como areia e tudo isso por um maldito homem. — Era estranho sentir necessidade de falar sobre aquilo, ainda mais com Joseph, mas ele costumava ser o tipo de pessoa que conseguia arrancar tudo dela. Mesmo ali sentado, observando-a em silêncio depois de muitos anos... ele ainda conseguia! Ele passava confiança e isso não havia mudado, era reconfortante. — Me desculpe por isso.
— Ei, está tudo bem. — Ela colocou o leite nos copos, mais duas colheres de chocolate em cada um e voalá! O delicioso chocolate quente da Demi estava pronto. — Não pode se culpar o tempo todo por ter se apaixonado. 
 
— Como alguém consegue esconder as intenções desse jeito? Tem que ser muito canalha mesmo. — Joe sentiu algo dentro dele revirar. Ele sabia muito bem como era esconder as verdadeiras intenções, afinal... ele escondeu isso dela no passado! — Eu deveria ter notado.
— É preciso muito tempo de convivência para reconhecer os defeitos de uma pessoa, Demi. — Ela lhe entregou um dos copos e sentou-se de frente com ele. — Obrigado. — Joseph segurou o copo, assoprou e deu o primeiro gole. Ele conseguia sentir o gostinho da adolescência! Ah, como sentia saudade daquela época.
— Você alguma vez já se culpou por amar alguém? — Demi estava bebendo o próprio chocolate quando assustou-se com o engasgo repentino de Joe! Ele colocou o copo na bancada, tossiu um pouco e levou uma das mãos ao peito.
— Sim, talvez. — Deu de ombros. — Aprendi que ser honesto é algo importante ou você pode acabar passando o resto da vida se perguntando se teria sido diferente. — Demi assentiu o encarrando e Joe não conseguiu sustentar o olhar dela por muito tempo, ele estava sentindo coisas demais dentro dele. "O que está acontecendo comigo?" Pensou consigo mesmo por alguns segundos. — Existem oportunidades únicas na vida e acredito que com o amor funcione assim, você deve saber aproveitar. 
 
— Você aproveitou?
— Achei que eu faria as perguntas. — Eles riram.
— Não pode me culpar por estar curiosa para saber sobre você também.
— Eu sou divorciado. Sophie é uma mulher maravilhosa e uma mãe incrível! Mas o problema é que não me via dando tudo de mim na nossa relação, entende? Ela me amava incondicionalmente e sentia que não conseguia simplesmente retribuir nesse intensidade. — Joe bebeu mais um gole do chocolate e céus, ele desejou que fosse uma bebida mais forte naquele momento! — Era como se eu simplesmente não me pertencesse e eu queria muito ter controle sobre isso, ela merecia mais do que minhas migalhas. 
 
— Eu sinto muito, Joseph.
— Ah, eu sinto muito mais. — Ele riu baixinho apesar da pontada de tristeza que sentiu em seu coração. — Sophie foi compreensiva e hoje somos bons amigos, mas confesso que quando ela me olha... ainda dói. Entende? Sinto que ela ainda me ama e penso: "Meu Deus, ela não merece isso!"
— Não pode se culpar por isso.
— Não deveria usar minhas frases contra mim! — Ele brincou e novamente eles riram, era um alívio para o coração aquele momento de descontração.

— Quer dizer então que você é pai! Me conte sobre isso. — Demi disse animada.
— Eu tenho uma filha e você?
— Dada as circunstâncias, felizmente não tenho.
— Joy é uma garota muito esperta! Ela é simplesmente a melhor coisa da minha vida. — Joe sorriu. — Você vai conhecê-la e tenho certeza de que vai gostar dela.
— Aposto que sim. — Demi sorriu. — Quantos anos ela tem?
— 13 anos.
— Uau, você era bem novinho quando ela nasceu. — Ela realmente estava impressionada. — Como foi ter uma filha assim tão jovem?
— Assustador. — Joe fez uma careta e riu. — Mas ela me trouxe alegria, literalmente alegria! Foi como se uma luz brilhasse lá no fim do túnel pra mim. — Ele fez um gesto com uma das mãos. — Fui e sou mais feliz por ter ela na minha vida.
— Isso é tão bonito. — Demi sorriu. — O pessoal deve ter curtido bastante.
— E como! Camila engravidou na mesma época que Sophie, então eles tiveram duas crianças para mimar. 
 
— A Mila tem uma filha? — Ela perguntou surpresa.
— Sim, ela é amiga da Joy. Ela e Mike se casaram!
— Ai meu Deus! — Demetria teve um ataque de risos pelo simples fato de que no passado Mike e Camila não se suportavam. — Eu não acredito nisso. Como assim? Você tem fotos? Quero ver as fotos! — Joe riu dela e assentiu.
— Eles estão juntos até hoje e não conheço casal mais apaixonado que eles.
— Eu estou muito impactada! — Ela deu o último gole no chocolate quente e suspirou após alguns instantes pensativa. — Foram muitos anos e era de se esperar que coisas assim acontecessem. — Eles ficaram em silêncio.
— Foi difícil para todos nós. — Joe comentou e sentiu que novamente aquela conversa estava tomando um rumo mais sério.
— Eu sinto muito.
— Tudo bem, o.k.? Eu realmente entendo melhor agora e não te julgo, você não teve escolha sobre ter ido embora. 
 
— Eu tive escolha e escolhi morrer. — Demi suspirou pesadamente. — Acha que eles vão me perdoar?
— Claro que vão! — Ele sorriu para lhe transmitir esperança. — Eu peço desculpas por aquele dia, acho que Zara tomou minhas dores e preciso conversar com ela sobre isso, o.k.? Mas não se preocupe, garanto que tudo ficara bem.
— Sabe que não precisa fazer isso, né?
— Não temos mais tempo para perder. 
 
— Joseph, eu não quero que brigue com ninguém por minha causa. O.k? Cada um deve ter seu tempo para se acostumar comigo novamente.
— Prometo que não vou brigar com ninguém. — Demi sorriu e Joe retribuiu sorrindo também. 

— É bom ter você aqui. — Ela segurou uma das mãos dele sobre o balcão e Joseph sentiu arrepios com o toque dela. Como era possível sentir essa mesma sensação depois de tanto tempo? — Eu senti muito sua falta.
— Eu também senti muito sua falta. — Eles se olharam contemplando um no outro as mudanças, os pequenos detalhes que havia mudado com o tempo e guardaram na mente os novos traços. 
 
          O momento deles foi quebrado pelo toque do telefone, Demetria sorriu fraco e levantou-se para atender. Ela ainda estava um pouco avoada e demorou um pouco para entender de quem se tratava e com quem queriam falar! A voz da menina soou preocupada ao outro lado da linha e ela despertou. 
 
— Meu pai está com você? Eu falei com Kehlani e ela me passou seu telefone.
— Ah sim, ele está aqui.
— Posso falar com ele?
— Sim, espere um momentinho. — Demi deu alguns passos para trás e viu Joe lhe observando, ela riu. 
 
— É pra você, Joseph. — Ela lhe mostrou o telefone e ele veio rapidamente em sua direção.
— Obrigado. — Joe agradeceu e atendeu. 
 
— Pai, você está bem?
— Filha, eu estou bem. Sua mãe está com você?
— Está sim, mas o senhor quase matou ela do coração! Ela ligou para todo mundo para saber se estava com eles.
— Diga para ela que estou bem. 

— Como estão as coisas por ai? — Joy perguntou curiosa.
— Eu conto quando voltar para casa. — A garota resmungou. — Você guardou um pedacinho de pizza pra mim?
— Ops!
— Eu não agredido que você comeu tudo, Joy. — Demi riu, ela estava ali do lado sentada na escada e Joe fez uma careta para ela.
— A mamãe estava com fome e é culpa sua por deixá-la ansiosa. — Joe riu. — Tudo bem, filha. Ela está por perto?
— Vou passar o telefone para ela. Você já está vindo embora?
— Sim, não se preocupe.
— O.k, pai. — Ele ouviu a voz da garota longe do telefone e logo depois Sophie estava na linha. 
 
— Oi Joseph. — Ela estava brava. Muito brava!
— Me desculpe por sair daquele jeito.
— Tudo bem.
— Soph...
— Volte logo, eu preciso ir para casa. — Sophie nem esperou por uma resposta e simplesmente desligou. 
 
— Eu preciso ir embora. — Joe disse após colocar o telefone de volta no carregador e Demi sorriu fraco, ela sabia que ele precisava ir. — Queria muito ficar e conversar mais, mas...
— Tudo bem, elas precisam de você. — Ela levantou-se e deu de ombros. — Agora sabe meu endereço e meu telefone, então é só aparecer.
— Você tem whats app?
— Estou sem celular no momento. Crise! — Ambos riram. 

— Tudo bem, eu te ligo. — Ele aproximou-se e despediu-se dela com um abraço.
— Obrigada por ter vindo. — Demi afagou as costas dele.
— Eu que agradeço por ter me recebido. — Joe lhe deu um beijo na testa e ela sorriu. — Foi muito bom estar aqui de novo! — Ele partiu o abraço e afastou-se dela devagar. — Boa noite.
— Boa noite, Joseph. — Joe caminhou, abriu a porta e olhou para trás uma última vez antes de ir embora. 

FAZENDA THOMPSON, 22:45

          Joseph foi embora sem conseguir esconder o sorriso estampado em seus lábios! Ele dirigiu sorrindo, riu sozinho lembrando de como Demetria reagiu ao contar sobre os amigos e como a risada dela continuava sendo a mais engraçada que ele já havia ouvido. Sentia-se mais leve, não totalmente, mas estava muito melhor e era um alívio muito grande! Quando ele estacionou o carro e saiu do veículo, Sophie já estava lá fora esperando por ele.

— Ei! Você está brava comigo? — Joe perguntou e manteve certa distância, ela não estava com uma cara tão boa.
— Como você queria que eu ficasse? Você saiu daqui para ir atrás da Demetria e nem disse uma única palavra!
— Eu não consegui dizer, o.k.? A carta mexeu muito comigo e tudo que consegui fazer foi ir atrás dela! — Ele gesticulou enquanto falava. — Não fiquei fora nem uma hora!
— A questão não é essa, Joseph.

— Qual é a questão, Sophie? — Joe cruzou os braços e respirou fundo para não se exaltar! A noite havia sido boa e ele não pretendia jogar tudo para o alto brigando com ela.
— Você largou sua filha sem pensar duas vezes para ir atrás dela. Sabe quanto tempo Joy está esperando para passar um tempo com você? Ela veio para cá hoje e você simplesmente saiu! Se eu não tivesse ligado, sabe lá Deus que horas você voltaria e ela ficaria sozinha.
— Sabe lá Deus que horas eu voltaria? — Joe repetiu indignado. — Que tipo de pai você acha que eu sou? Se você não estivesse aqui, eu teria levado ela comigo! Eu fui até lá para conversar e não tinha nenhuma intenção de passar mais que uma hora lá, então não entendo o motivo de estar puta comigo.

— A Joy...
— A Joy me fez prometer que resolveria minha situação com ela e foi isso que eu fiz. — Ele deu alguns passos na direção dela e suspirou. — Eu entendo que fique preocupada, mas sei me cuidar sozinho. O.k? A última vez que tentaram me manter numa bolha de superproteção não deu muito certo, então vamos manter nossa amizade saudável como sempre foi.

— Ela não te viu quebrado do jeito que eu vi! Você ao menos contou para ela?
— Sophie, isso é passado! Bobagem de adolescente.
— É mesmo? — Ela se levantou e cruzou os braços.
— Eu achei que estávamos nos entendendo.
— Eu achei que você estava em perfeito juízo e acho que me enganei. Talvez seja melhor a Joy... — Joseph estava pronto para rebater, mas foi interrompido pelo barulho da porta que foi aberta de forma brusca e violenta.

— Vocês dois querem parar?! — A garota disse irritada. — Eu pedi que o papai resolvesse isso e ele resolveu, mamãe. E qual seria o problema de ficar sozinha aqui? Eu fico grande parte da tarde sozinha até de noite te esperando chegar do trabalho e a senhora não me vê reclamando. — Sophie passou uma das mãos pelo cabelo e suspirou. — Vocês precisam parar de brigar! Já não tivemos dias ruins o suficiente depois que o vovô morreu? Somos uma família, vocês fazem questão de lembrar disso sempre e agora estão brigando como dois animais! Quero ver os dois se desculpando agora mesmo ou eu juro que não fico com nenhum dos dois essa noite. — Joy cruzou os braços e encarrou os dois depois do ultimato, ela odiava ver os dois brigando. Eles nunca brigavam! Mas quando acontecia, era muito ruim.

— Eu exagerei, me desculpe. — Sophie disse com sinceridade.
— É culpa minha por não ter avisado. Prometo que isso não irá se repetir! Sinto muito. — Joe disse e lhe deu um abraço breve.
— Ótimo! Agora, eu finalmente posso ir dormir em paz. — A garota disse aliviada. — Boa noite, brigões. — Ela sorriu fraco e acenou antes de entrar.
— Boa noite, querida. — Sophie respondeu e ajeitou sua bolsa de lado.

— Eu vou indo. Conversa um pouco com ela, o.k.? Ela estava curiosa para saber sobre Demi.
— Soph, eu quero muito que todos possam conviver bem com ela.
— Não entendo o motivo de estar me dizendo isso. — A loira deu de ombros. — Acha que vou complicar as coisas para ela? Por Deus, somos todos adultos!
— Significa que posso contar com você?
— Talvez. — Joe lhe encarrou e ela deu de ombros. — Como posso dizer algo sobre alguém que não conheço?
— Tudo bem, mas dê uma chance.
— O.k, não se preocupe. — Ela tocou o ombro dele. — E quanto aos outros?
— É algo que preciso resolver.
— Boa sorte. — Sophie riu baixo e lhe deu um beijo na bochecha. — Boa noite, Joseph.
— Boa noite. — Ele sorriu fraco e observou-a caminhar em direção ao carro.

****

          Demetria ainda estava extasiada pelo momento que havia compartilhado com Joe e enquanto tomava banho, não conseguia parar de pensar em como aquele sim havia sido o reencontro que ela havia imaginado! Após o banho, ela vestiu o pijama e desceu para pegar água, ela não gostava de ter que descer no meio da noite. O telefone tocou quando ela já voltava e Demi atendeu ao terceiro toque.

— Alô.
— Quer dizer então que ele teve a cara de pau de ir até sua casa? — Kehlani perguntou alto e julgando pelo barulho de música, ela devia estar ligando do pub.
— Ele veio, mas não foi por causa da casa.
— Não?
— Não, ele veio conversar comigo.

— E como foi? Sophie ligou desesperada atrás dele e logo pensei que ele estava indo ai fazer ou falar alguma merda.
— Ah, não deveria pensar assim dele.
— Joe não ficou nem uma hora direito ai e você já vem com esse papo? Não estou gostando dessa história, Demi. — Ela riu.

— Está tudo bem, o.k.? Nós nos resolvemos! É quase como se fossemos irmãos outra vez.
— Irmãos? Tem certeza disso? — Kehlani perguntou surpresa.
— Sim, eu tenho certeza. Ah... foi maravilhoso!
— Confesso que não pensei em vê-lo ceder assim tão facilmente.
— A carta deve ter dado o empurrãozinho que ele precisava.
— Sim, imagino. — Kehlani disse pensativa.

— Ele me falou tantas coisas, mas não tivemos tanto tempo para conversar. A filha dele ligou, estava preocupada e parece que Sophie também, então eles se falaram e acho que ela ficou puta com ele! O que pode me dizer sobre ela?
— A filha do Joe é um amor! Ela me ligou aqui e tudo mais. — Demi sorriu. — A Sophie é gente boa, mas ela se preocupa muito com o Joseph. Quando você foi embora e eles se aproximaram, Joe tentou estabelecer com ela o mesmo vínculo que tinha com você e acho que ele falou coisas demais para ela. Por saber muito sobre ele, ela consequentemente se preocupa bastante! Sei lá, acho que Soph ainda o ama apesar da separação e não sei te dizer se isso é uma coisa boa ou não.
— Ah sim, ele comentou algo do tipo mesmo.

— Pode ser que as coisas melhorem daqui para frente já que ele sabe o que realmente aconteceu com você e tudo mais. O que você acha?
— Eu não sei, isso vai depender dos outros. Pelo que ele falou Zara não está muito confortável com a ideia de me ter aqui!
— Imagino que sim, ela se esforçou bastante para nos fazer seguir em frente. Entende? Zara carregou nosso grupo nas costas! Talvez ela tenha sido uma das pessoas que mais sentiu sua falta e agora não está sabendo lidar, Demi.
— Por isso que quero dar tempo para ela e ser cuidadosa.

— Seria melhor se Joe não fosse atrás dela.
— Sim, eu sei e até tentei dizer que não precisava. Ele é tão teimoso!
— Ah meu amor, quando se trata de você... ele é capaz de ir no inferno atrás de alguém! Seja um pouco mais dura se quiser que ele te escute. — Kehlani disse séria.
— Não acha que está exagerando?

— Acho que tem muita coisa sobre ele que você precisa saber.
— Sério? O que você vai me contar?
— Não depende de mim.
— Ah, Kehlani! — Demi resmungou.
— Eu não quero complicar as coisas logo agora que ele provavelmente está pensando em um jeito de se desculpar comigo e com as meninas, então me desculpe. — Riu.

— Tudo bem, nem deve ser tão importante assim. — Demetria riu. — Eu estive com ele e senti que nada mudou entre nós, ainda somos os velhos amigos que sempre fomos! Duvido que algo um dia possa mudar isso.
— Talvez você esteja certa ou não, né? — Kehlani brincou.
— Para com isso. — Elas riram.

— O.k, eu realmente preciso ir. Parece que tem um hétero aqui causando confusão! — Ela disse irritada.
— Tudo bem, vá cuidar dele. Nos falamos mais amanhã! Boa noite.
— Boa noite, Demi. — Kehlani desligou.

          Joseph adentrou em casa depois de ver Sophie partir, ele ainda sentia as palavras dela ecoarem dentro dele e isso estava lhe causando um certo incomodo. Ele apagou as luzes e subiu as escodas, talvez conversar com Joy fosse uma boa distração! Joe caminhou pelo corredor, deu algumas batidinhas na porta e colocou sua cabeça para dentro para verificar se ela ainda estava acordada.

— Ei, pequena. Está acordada?
— Um pouco. — A garota bocejou. — O senhor tem algo importante para dizer?
— Achei que gostaria de saber que me resolvi com Demetria. — Joy sorriu sonolenta.
— Isso é muito bom, papai. Fico feliz por vocês!

— Espero apresentá-la para você em breve.
— Vai ser legal.
— Tudo bem, amanhã te conto os detalhes.
— Sim, eu vou... querer... saber de tudo.

— Boa noite, querida. — Joseph sorriu observando-a.
— Boa noite.

--

A DEMI VOLTOU E EU TAMBÉM
boa noite meninas, tudo bem com vocês?
eu estou melhor e feliz pela rainha ter voltado! e acabou que finalizei o capítulo e logo vim correndo postar pra vocês. 
esse capítulo foi nosso primeiro momento jemi "amorzinho" e posso dizer que estou muito orgulhosa dele, realmente gostei bastante! espero de coração que vocês tenham gostado. 
respostas aqui, aqui e aqui
volto em breve com o próximo. não deixem de comentar, o.k? ❤
beijos

23/10/2018

FELIZ 7 ANOS, PARADISE!



          Boa noite meninas, tudo bem com vocês?

Sei que é um pouco tarde e provavelmente vocês só vão ler isso amanhã, mas vim aqui para comemorar mais um ano com vocês. Hoje completa sete anos de um prejeto que nasceu de uma fuga da realidade e se tornou algo muito maior do que um simples blog de fanfics! Aqui compartilhei minha vida, minhas histórias e ganhei amigos que vou levar pra vida inteira. 

          É com o coração repleto de gratidão que digo... Muito obrigada! Agradeço vocês que me acompanharam e que não estão mais aqui. Agradeço também quem me conheceu desde 2012 e continua aqui até hoje! Todos marcaram muito minha vida e nunca vou me esquecer. Eu fico impressionada que algo na minha vida esteja durando tanto tempo e espero que continue sendo assim por mais um ano, ainda tenho muitas histórias para compartilhar. 

          Amo muito vocês!

20/10/2018

You are my destiny: Capítulo 5 - Never say never



❝Assim como as nuvens, meus olhos farão o mesmo e se você for embora, todo dia vai chover. ❞
— Bruno Mars


ALGUNS DIAS DEPOIS
FAZENDA THOMPSON, 05:20 

          Joseph estava sem fôlego, ele sorria tanto que suas bochechas estavam doendo e naquele momento ele se permitiu um pouco de felicidade. Os dias que passava ao lado da filha lhe proporcionava essa sensação gostosa no peito e ele não abria mão disso, nem mesmo com o caos acontecendo ao redor dele! Joy era de fato sua grande alegria e por isso carregava um nome que até podia ser pequeno, mas que possuía um significado enorme para ele e Sophie. Ter uma filha não foi planejado, mas ele aceitou esse presente e era grato todos os dias ela! A gargalhada da menina ecoava enquanto eles cavalgavam pelo vasto território verde da fazenda, ela amava cavalgar e Joe também, então não tinha motivos para os dois não fazerem isso juntos.

— Uou! — Joy puxou as rédeas do cavalo para que ele parasse e fez um carinho no animal.
— Já está cansada? — Joe perguntou ofegante ao parar ao lado dela e ela riu.
— Papai, nós paramos por sua causa. — Ele fez uma careta quando ouviu as palavras da filha e bebeu um pouco d' água no cantil que carregava pendurado no cinto. — Se não te conhecesse e eu conheço bem, diria que está cansado.
— Eu nunca estou cansado para o nosso final de semana.

— Esse lugar está impecável, mas não vi ninguém por aqui esses dias. Fez tudo sozinho?
— Talvez. — Joe não queria preocupa-la, mas ele nunca mentia para ela e por isso suspirou pesadamente. — Sim, eu fiz sozinho.
— Papai! — Joy o repreendeu e ele precisou conter a vontade de rir, pois lembrou-se do jeito "mandão" de Sophie. — Por isso você estava cheio de dores por esses dias?
— Meu amor, eu e seu avô cuidávamos desse lugar sozinhos antes mesmo que ele pudesse ter condição de pagar pessoas para trabalharem aqui. — Ele explicou. — Eu estou acostumado com esse ritmo de trabalho. Nunca é demais fazer algo por esse lugar! Tenho certeza de que papai ficaria orgulhoso. — Joy o observou por alguns instantes em silêncio e Joseph sabia que ela estava pensando em algo para falar, quanto mais demorava mais sério costumava ser o assunto em si.

— Papai, eu sei sobre Demetria e sei que ela estar de volta te deixou assim. — Demi sempre foi uma questão muito complicada em sua vida e por isso ele manteve ela "escondidinha" de Joy para evitar possíveis perguntas. As fotos que tinha dela, todas as recordações... tudo estava muito em enterrado! Com o passar dos anos ele nunca pensou que fosse precisar de nada aquilo, mas o destino claramente queria tudo de volta. — Qual é o seu problema com ela?
— Quem te falou sobre ela? — Joe perguntou.
— Mamãe.
— E o que sua mãe te contou?
— Que vocês conviveram como irmãos até ela ir embora sem dar explicações por causa de uma tentativa de suicídio. — Joy deu de ombros.
— Não tenho problema com ela, eu só... — Joseph apertou as rédeas do cavalo e suspirou. — Não acho justo que ela volte assim! Eu passei anos preocupado com ela, sofrendo de incertezas e nem um telefonema se quer recebi.

— O senhor já leu aquela carta?
— Ainda não.
— Não acha que deve ler?
— E a senhorita não faz muitas perguntas? — Joy revirou os olhos. — Eu vou ler quando estiver pronto para ler.

— Acho que está com medo de ler. — A garota disse sem medo de expor sua opinião.
— Joy.
— Eu não suporto vê-lo assim, papai. — Ela desabafou. — Você está estranho, triste, deprimido e tenho medo do que possa acontecer. O vovô foi uma grande perda para nós, mas precisamos enfrentar isso juntos... como uma família! Por favor, me prometa que vai se resolver com essa moça e que vamos voltar ao normal. — Joe ficou alguns instantes em silêncio, ele estava absorvendo o apelo da filha e pensando.
— Tudo bem. Eu prometo que vou me resolver com ela! — Joseph estendeu uma das mãos e Joy segurou forte, ela sorriu aliviada para ele. — Tudo por você, anjo.
— Obrigada, papai. — A garota tomou as rédeas do cavalo.

— Que tal uma corrida? — Joseph propôs para quebrar toda aquela tensão da conversa anterior. — Quem chegar por último vai ordenhar a vaca! O que acha?
— Eu adoro um desafio. — Joy deu de ombros.
— Um, dois e... Três! — Eles largaram juntos com seus cavalos e novamente Joe pode sentir seu coração aquecer.

          A corrida foi bastante acirrada, mas Joy conseguiu ganhar e Joseph precisou ir pegar leite. Ele já tinha costume, então foi uma tarefa rápida e logo Joe estava caminhando de volta para casa. Ao aproximar-se da casa, reconheceu o carro de Mike estacionado e sorriu quando avistou o amigo na varanda. Fazia um tempo desde sua última visita!

— Ei. — Joe sorriu.
— Precisa de ajuda?
— Não precisa, eu consigo carregar. — Ele deu um aceno de cabeça para o amigo e subiu os degraus. — Veio pelo leite? — Brincou.
— Melanie me fez trazê-la aqui alegando uma "emergência feminina". — Mike deu de ombros e ficou alguns instantes pensativo. — Se for algum garoto, eu juro por Deus que mato ele! — Joseph riu.
— Elas estão novas para garotos. — Ele deu uns tapinhas no ombro do amigo. — Venha, vamos entrar e conversar um pouco. Está com fome? Eu vou passar um cafézinho. — Mike assentiu e eles adentraram juntos na casa.

— Como estão as coisas por aqui?
— Estão boas, eu dei uma geral em tudo! Pequenos concertos e reparos, mas valeram cada esforço.
— Sim, mas não foi apenas "aqui" na casa que eu quis dizer. Como está lidando com as coisas por dentro? Faz um tempo que você não diz nada no grupo.
— As meninas estão agindo como se nada tivesse acontecido e pareço ser o único que não consegue, Mike. — Joe colocou o leite de lado e pegou um caneco para fazer o café. — Isso é cansativo demais! — Suspirou. — Eu não queria me importar e realmente não queria ligar para o fato de que minhas amigas me odeiam, mas me importo muito com elas.

— Já pensou em pedir desculpas?
— Eu estou oficialmente bloqueado nas redes sociais. — Ele deu de ombros.
— Isso não é desculpa. Você deve passar por cima do seu orgulho ou vai acabar perdendo elas! Eu sei que você não quer isso.
— Eu sei, só... estou tentando pensar numa maneira de fazer isso direito.
— A carta já é um começo. — O envelope continuava na mesa onde eles faziam as refeições e todo santo dia Joe olhava ela, mas não havia tido um pingo de coragem para abri-la.
— Você não é o primeiro que fala sobre ela hoje.
— Talvez seja coisa do destino. — Mike disse de forma dramática e Joe riu do amigo, ele conseguia alegra-lo mesmo em seus piores dias.
— Para de dizer besteira! — Joseph colocou o café na garrafa e pegou duas xícaras.

— Duas colheres de açúcar, por favor.
— Como quiser. — Ele serviu o café e pegou o potinho de açúcar. — Mike, posso te fazer uma pergunta?
— Claro.
— Durante esses dias, vocês já falaram com ela? — Mike o observou por alguns instantes e por ela, ele sabia que Joe falava de Demetria.
— Não, ainda estou dando um tempo para Camila. Zara esteve na nossa casa dois dias atrás e não gostei de como ela chegou soltando veneno por todos os lados! Nós discutimos, mas Camila não deixou que ela fosse embora sem um pedido de desculpas e nos resolvemos. — Ele revirou os olhos. — Minha filha ouviu ela dizendo que Demetria não passava de uma desesperada por atenção que cortou os pulsos! Não aceito que façam pouco caso de algo tão sério como suicídio.

— Acho que tenho uma parcela de culpa nisso. — Joe lhe entregou uma das xícaras e bebericou o café. — Ela tomou minhas dores pelo que aconteceu na leitura do testamento.
— Pode ser, mas ela tem questões pessoais com Demetria assim como todos aqui temos! Não se martirize por isso, está tudo bem agora. — Ele assentiu em silêncio e Mike lhe deu um tapinha camarada no ombro.


CASA DA DEMI, 06:00

          Em poucos dias muito havia mudado e Demetria estava acostumando-se ao novo rumo que sua vida estava tomando. Tanto que agora ela pensava no quartinho da pensão e como seu coração apertou ao estar lá pela última vez já que estava de "mudança" para sua mais nova casa! Talvez não tão nova assim. Ir para lá não foi uma decisão fácil de se tomar, ainda mais depois de dizer que não queria, mas Julie abriu-lhe os olhos. "É um direito seu." Ela disse. "Não pode abrir mão disso por causa do Joe." Demi havia concordado que não deveria abrir mão, mas não queria uma guerra com Joe e só acabou aceitando por não ter mesmo para onde ir. Ela não queria dar mais trabalho para Edna, sem contar as pessoas mais "necessitadas" que apareciam procurando um quarto e ela se sentia uma pessoa horrível por estar tomando o lugar de alguém. Estava na hora de abrir os braços e aceitar o destino! E foi isso que ela fez.

          Havia boas lembranças em cada canto da casa e naqueles dois dias que estava ali, era como se ela não estivesse sozinha. A bondade de Paul foi tanta que ele deixou aquela casa reformada e mobiliada, então não se preocuparia em arrumar dinheiro para isso. Mas ainda assim precisaria comprar comida e pagar as contas! O jornal estava jogado ao lado dela, nele havia anúncios de vagas e algumas estavam circuladas em vermelho por um marcador.

          "Acho que vou verificar esse salão de beleza que precisa de uma maquiadora." Demi pensou e levantou-se do chão, ela estava com calor. Ela caminhou descalça pelo chão gelado, subiu os degraus da escada rapidamente e foi até seu quarto. O quarto onde havia se instalado costumava ser de Joseph, eles dividiram por anos, então era dela também. Algo incrível nele era o armário embutido na parede! Demetria abriu as portas, analisou as roupas e depois de algum tempinho escolheu um vestido de alças. Enquanto vestia-se o telefone tocou e logo ela estava correndo pelo corredor para chegar ao final das escadas e atender.

— Alô. — Disse ofegante.
— Demi? — Era Niall.
— Oi Niall, tudo bem?
— Estou bem e você? Liguei para saber como esta indo na casa nova.
— Eu estou bem. — Demi encostou-se na parede e olhou através da janela, ela tinha uma vista e tanto do lago! Aquele lugar era maravilhoso. — Essa casa é maravilhosa! Estou me adaptando melhor do que pensei que adaptaria, então isso é bom.

— Fico feliz por você! — Ela sorriu. — Outro motivo pelo qual liguei e para saber se você vai fazer algo, estava pensando em fazermos algo juntos. Que tal?
— Eu estou indo procurar emprego, Ni.
— Se quiser posso te fazer companhia.
— Sério? Eu adoraria! — Demi sorriu, ela tinha muita sorte de ter seus amigos de volta.

— Estou perto, então fique pronta. O.k? Chego em alguns minutos.
— Tudo bem. Estou quase pronta! Até já. — Ela despediu-se e desligou.

          Quando Niall chegou, Demi já estava sentada nos degraus de madeira da escada. Foi impossível não sorrir ao vê-la colocando uma flor atrás da orelha! Ela novamente parecia uma típica garota da cidade pequena. Ele buzinou e a ruiva pareceu despertar, logo ela estava de pé caminhando na direção dele. O carro de Niall era um fusca antigo, ele amava carros antigos e Demetria teve um vislumbre dele adolescente falando sobre como teria um daqueles um dia!

— Boa tarde. — Demi o cumprimentou ao adentrar no carro e deu um beijo na bochecha dele.
— Boa tarde, flor. — Ela sorriu. — Você está muito bonita!
— Eu quero causar uma boa impressão. — Ela brincou.
— Ah, eu não tenho dúvidas de que você vai conseguir!
— Obrigada. — Demetria agradeceu colocando o cinto de segurança.

— Então, onde vamos? — Niall perguntou enquanto dirigia.
— Fica no centro, acho que você deve conhecer. — Ela disse o endereço e ele assentiu sorrindo. — É fácil conseguir emprego por aqui? Confesso que estou um pouco nervosa com isso.
— Relaxa, sempre tem um trampo para fazer por aqui. Você procura algo na sua área?
— Sim, mas caso precise mudar... eu mudo! — Ela riu baixo. — Eu realmente preciso arrumar algo.
— Você vai conseguir. Não vamos parar de rodar essa cidade até te contratarem! — Demi sorriu para ele e Niall retribuiu o sorriso com os olhos fixos na estrada.

— Você se importa de... — Ela apontou para o rádio.
— Claro que não! Pode ligar e... — Ele verificou o relógio. — Eles vão tocar minha música em breve. — O loiro sorriu animado.
— Sério? Que legal! Me avisa quando for sua. — Demi aumentou o volume da rádio local da cidade e curtiram as músicas que tocaram.

          A música de Niall embalou o caminho até eles chegarem no salão de beleza, Demi estava sem palavras e por algum motivo se identificou com aquela canção mais do que qualquer outra! Ela tirou o cinto de segurança, voltou-se para o amigo e sorriu.

— Eu amei sua música! Nunca pensou em tentar uma oportunidade na cidade grande?
— Já estive com alguns, poucos na verdade, caça talentos e todos me disseram que sou apenas mais do mesmo. — Ele deu de ombros. — É desanimador ouvir algo assim! Confesso que parte de mim também tem medo, sabe? Eu tenho algumas economias e meu canal no Youtube tem um bom retorno, então prefiro ficar por lá e não ser enganado por charlatões por ai. — Demi assentiu sentindo seu peito apertar, ela sabia bem como era ser enganada e não desejava aquilo para ninguém!
— Vou te esperar aqui, o.k.?
— O.k, eu já volto. — Ela lhe deu um beijo na bochecha que o fez corar e desceu do carro.

          Demetria olhou para os dois lados antes de atravessar e riu consigo mesma, era um hábito nova-iorquino difícil de largar! Ela chegou ao outro lado da rua, atravessou as portas de vidro do salão e para sua surpresa Ariana estava debruçada no balcão da recepção falando ao telefone. "Eu sou cabeleireira." Lembrou-se dela comentando sobre isso no almoço e sentiu-se envergonhada por não se lembrar disso antes! Demi sentia muita gratidão pelos amigos e por todos estarem ajudando-a bastante nesse período de transição, mas queria conquistar algo sem sentir que estava se aproveitando da bondade de alguém. "Céus, será que estou errada em pensar assim? Eu devo ser mesmo louca." Pensou consigo mesma e aproximou-se do balcão um pouco sem jeito.

— Oi amor. — Ela sorriu para Demi assim que desligou o telefone e fez questão de sair do pequeno espaço onde estava para abraça-la. — O que faz aqui? Confesso que estou surpresa.
— Niall me trouxe até aqui. Eu meio que... estou... procurando um emprego e vi o anúncio no jornal, mas não sabia que era seu salão.
— Você teria algum motivo para não querer trabalhar comigo? — A loira arqueou uma das sobrancelhas e depois sorriu. — Eu estou precisando de alguém em quem possa confiar e para ser bem sincera, estava mesmo pensando em te oferecer essa vaga. — Ariana deu de ombros. — Só estava esperando que você se instalasse na casa nova.
— Está falando sério?
— É claro que sim! — Ela tocou um dos ombros da amiga. — Você não está abusando da boa vontade de ninguém, o.k.? Nós já falamos sobre isso, então relaxa e aceita essa oportunidade.

— Ah, Ariana... eu... — Demi novamente foi abraçada pela amiga e uma lágrima escorreu por uma de suas bochechas, ela realmente esperava retribuir tudo aquilo que estavam fazendo por ela!
— Não me agradeça. Você merece! — Ariana partiu o abraço. — Você quer começar hoje? Posso te mostrar como tudo funciona por aqui e te apresentar para algumas pessoas.
— Sério? Ah... eu estou vestida adequadamente? — A pergunta fez Ariana rir e ela acabou rindo também.
— Você esta ótima, Demi.
— O.k, então acho que vou avisar o Niall.
— Acho que não vai precisar. — Ariana direcionou o olhar dela para um ponto específico e Demi virou-se de costas para encará-lo com uma das sobrancelhas arqueadas.

— Você sabia e não me falou nada?! — Ela disse num falso tom de irritação.
— O que posso dizer em minha defesa? — Brincou ele. — Eu sabia que você ia dizer que não precisava, então apenas fiz aquilo que era certo. — Os três ficaram em silêncio por alguns instantes, as pessoas olhavam curiosas para saber o que se passava e Demetria deu alguns passos na direção dele.
— Você é um anjo. — Ela o abraçou e Niall sorriu retribuindo o abraço. — Obrigada!
— Não me agradeça ainda, está me devendo uma. — Ele lhe deu um beijo na testa e partiu o abraço. — Preciso ir agora. Acho que ainda hoje gravo um novo cover! Bom trabalho pra vocês, meninas. — Niall sorriu e acenou antes de sair, elas acenaram de volta para ele.

— Acho que meu dia não tem como ficar melhor. — Demi comentou sorrindo e Ariana sorriu também.
— Nunca diga nunca, Demi.

****

          O dia de Demetria foi repleto de muito trabalho e ela sentiu-se tão satisfeita em fazer algo que tanto amava que nem percebeu o passar das horas. A noite chegou e com ela uma tempestade das bravas! Ariana estava levando Demi para casa, ela dirigia devagar e com atenção enquanto ouvia o entusiasmo da amiga na voz ao falar sobre o emprego. O percurso que levaria em média vinte minutos, levou quarenta e o relógio marcava dez horas!

— Obrigada pela carona. — Demi virou-se para Ariana e sorriu.
— Eu já não aguento mais ouvir seus agradecimentos. — Ariana disse em tom brincalhão e elas riram.
— Tudo bem, eu só... estou feliz e é bom estar assim. — Ela deu de ombros. — As coisas foram muito difíceis em diferentes situações e sentir como se tudo estivesse dando certo é muito reconfortante, então sou muito grata por tudo e todos.
— Eu sei que sim. Te amo muito! — Ariana lhe deu um abraço e Demi retribuiu sorrindo
— Também te amo. — Elas ficaram abraçadas por algum tempinho até Demi partir o abraço.

— Vejo você amanhã cedo?
— Sim, amanhã cedo.
— Boa noite. — Demetria preparou-se para abrir e porta do carro e tomar chuva! — Ah e dirija com cuidado.
— Não se preocupe, eu vou sim. — Ariana sorriu. — Tenha uma boa noite.
— Obrigada. — Ela riu e desceu do carro o mais rápido que pode.

          A chave já estava na mão e ela só precisava chegar até os degraus antes que se molhasse ainda mais, mas ela tomou um susto tão grande que ficou paralisada na metade do caminho! Havia um homem cabisbaixo sentado nos degraus, ela não conseguia ver o rosto e por isso ficou parada. O que deveria fazer? Esperar que ele atacasse ou atacar primeiro? Céus, ela deveria ter proteção para esse tipo de situação!

— Quem diabos é você? O que faz minha casa? — Quando ele ergueu o olhar para ela, Demi sentiu-se relaxar por ser um rosto conhecido mas ainda sim era intrigante vê-lo ali.
— Nós precisamos conversar. — Joseph disse e não havia o ódio que ele havia declarado por ela em sua voz, era apenas ele. Apenas a voz de Joe, mas ainda sim vulnerável.
— Tudo bem, vamos conversar. — Demi aproximou-se dele sentindo suas pernas tremerem por causa da chuva e o frio, mas também sentia-se nervosa pela presença dele.

CONTINUA...

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boa noite meninas, vocês acreditam em milagres?
esse capítulo veio de três tentativas diferentes de começo/meio/fim, então estou feliz por ter juntado os pedaços e feito ele. o que acharam? a continuação dele vai ser bastante detalhada e sim, vai ter o joseph lendo a carta do pai dele! #OTOMBOVEM
agradeço pelos comentários e principalmente por quem lembrou do meu aniversário, significou muito de verdade. amo vocês tesourinhos ❤
responderei todo mundo no próximo, o.k? hoje o dia foi longo e cansativo, mas não podia esperar mais para postar e cá estou. 
vejo vocês em breve
beijos